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24/02/2003 - 18h23

Exposição "Negras Memórias" chega a São Paulo

CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

"Vamos brincar de Brasil?/ Mas sou eu quem manda/ Vou ser o dono das terras/ Quero morar na casa grande/ Começou desse jeito a nossa história". Foi com o texto de Raul Bopp que Emanoel Araújo optou por enunciar a exposição "Negras Memórias, Memórias de Negros - O Imaginário Luso-Afro-Brasileiro e a Herança da Escravidão", que começa amanhã, no Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo.

A exposição, que já foi apresentada no Rio de Janeiro em 2001, inaugurada no dia 20 de novembro como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, chega a São Paulo com o acréscimo do "luso" ao título, um número maior de obras e "mais afinada em relação à proposta inicial". O luso, explica o curador, foi fundamental para amarrar "essa história cultural miscigenada".

O tempo para a afinação da exposição fez com que ela perdesse o subtítulo "Para nunca esquecer". Mas a proposta de tirar os heróis negros do escamoteamento da história oficial continua. Assim, a mostra, que é o resultado de um trabalho de pesquisa e de arqueologia que vem sendo feito por Emanoel há 20 anos, traz à luz a identidade racial de nomes como Teodoro Sampaio, André Rebouças, Juliano Moreira, Manoel da Cunha e Machado de Assis, entre outros, e tira do panteão dos mitos e lendas, colocando no lugar reservado aos heróis nacionais, nomes como Zumbi dos Palmares, José do Patrocínio e João Cândido.

"A prática de branqueamento é perversa", diz Emanoel Araújo ao avaliar que a identidade racial da maioria dos heróis negros é usurpada pela história oficial brasileira. E antes que se faça a mais do que desgastada e despropositada argumentação de que tal distinção seria uma forma de preconceito, Emanoel responde: "Se todos os brasileiros se assumissem como mestiços não haveria essa necessidade".

Fortalecer a auto-estima da população negra está entre os objetivos da exposição, que passeia entre duas vertentes: a ancestralidade (africana) e o arcaísmo (lusitano).

Nesta travessia, que tem como metáfora a ressonância do som dos tambores no espaço (travessia do Atlântico) e no tempo da história, Emanoel Araújo reúne coleções de acervos particulares, de museus, mas principalmente peças garimpadas por ele mesmo há décadas.

Entre os destaques estão máscaras africanas de vários povos, registros fotográficos que comprovam a existência de uma classe média negra em São Paulo já no século 19, roupas de rituais sagrados, peças de manifestações folclóricas de origem lusitana -mas que têm os negros como guardiões- e mostra as personalidade negras que marcaram a história do país, como Grande Otelo, Pelé, Garrincha, Luís Gama, Agnaldo Manoel dos Santos, Mestre Valentim, Mãe Senhora, Dona Aninha e Dona Menininha do Gantois.

NEGRAS MEMÓRIAS, MEMÓRIAS DE NEGROS - O IMAGINÁRIO LUSO-AFRO-BRASILEIRO E A HERANÇA DA ESCRAVIDÃO
Quando: a partir de amanhã. De ter. a sáb., das 10h às 20h; dom., das 10h às 19h; até 29/6
Onde: galeria de arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7405)
Quanto: entrada franca

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