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03/04/2003
-
02h30
da Folha de S.Paulo
O Brasil perdeu ontem um de seus principais representantes no cenário acadêmico norte-americano. O historiador Robert M. Levine morreu na madrugada de quarta-feira, em Miami, aos 62 anos, vítima de câncer.
Autor de cerca de 30 livros, a maior parte deles sobre o Brasil, Levine dirigia desde 1989 o departamento de estudos latino-americanos da Universidade de Miami.
Da mesma geração do compatriota Thomas Skidmore, o historiador dividia com ele o posto de mais atuante brasilianista dos Estados Unidos, ainda que refutasse o termo brasilianismo. "Poucas vezes vi um norte-americano usar essa palavra", disse em entrevista à Folha, em 1999.
Getúlio Vargas, sobretudo em seus primeiros anos de presidência, foi um dos objetos centrais das pesquisas de Levine, que publicou ainda sobre assuntos tão diversos quanto o judaismo em Cuba ou os diários de Carolina Maria de Jesus (autora que fez na favela, nos anos 60, o best-seller "Quarto de Despejo"), pesquisa feita em parceria com José Carlos Sebe Bom Meihy.
"O Regime Vargas", resultado de seu doutorado na universidade de Princenton, publicado no Brasil pela Nova Fronteira, é seu livro de mais repercussão. O mais recente lançado no país é sobre o mesmo personagem: "O Pai dos Pobres" (Companhia das Letras).
Historiador e cientista político, professor aposentado da USP, Boris Fausto diz que lembra de Levine como "um historiador muito sólido".
"Ele tem um projeto de história regional muito interessante. Defendia que era preciso entender o Brasil não apenas em termos mais gerais. Estudando o país no nível estadual, encontrou um caminho entre o micro e o grande ensaio geral", afirma Fausto.
Exemplo dessa linha de pesquisas é o trabalho "A Velha Usina", sobre Pernambuco, que o historiador publicou no Brasil em 1980, pela editora Paz e Terra.
Sobre essas pesquisas, lembra Fausto, Levine gostava de contar uma anedota. "Ele dizia que em Pernambuco sempre que conversava com alguém falavam: "Apareça lá em casa". E ele aparecia."
Professor visitante de universidades brasileiras como a de São Paulo e a de Goiás, e também em instituições como a Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, Levine desenvolveu ainda um trabalho de grande repercussão sobre a guerra de Canudos, cristalizados no volume "O Sertão Prometido" (editora Edusp), de 1992.
Brasilianista Robert Levine morre aos 62
CASSIANO ELEK MACHADOda Folha de S.Paulo
O Brasil perdeu ontem um de seus principais representantes no cenário acadêmico norte-americano. O historiador Robert M. Levine morreu na madrugada de quarta-feira, em Miami, aos 62 anos, vítima de câncer.
Autor de cerca de 30 livros, a maior parte deles sobre o Brasil, Levine dirigia desde 1989 o departamento de estudos latino-americanos da Universidade de Miami.
Da mesma geração do compatriota Thomas Skidmore, o historiador dividia com ele o posto de mais atuante brasilianista dos Estados Unidos, ainda que refutasse o termo brasilianismo. "Poucas vezes vi um norte-americano usar essa palavra", disse em entrevista à Folha, em 1999.
Getúlio Vargas, sobretudo em seus primeiros anos de presidência, foi um dos objetos centrais das pesquisas de Levine, que publicou ainda sobre assuntos tão diversos quanto o judaismo em Cuba ou os diários de Carolina Maria de Jesus (autora que fez na favela, nos anos 60, o best-seller "Quarto de Despejo"), pesquisa feita em parceria com José Carlos Sebe Bom Meihy.
"O Regime Vargas", resultado de seu doutorado na universidade de Princenton, publicado no Brasil pela Nova Fronteira, é seu livro de mais repercussão. O mais recente lançado no país é sobre o mesmo personagem: "O Pai dos Pobres" (Companhia das Letras).
Historiador e cientista político, professor aposentado da USP, Boris Fausto diz que lembra de Levine como "um historiador muito sólido".
"Ele tem um projeto de história regional muito interessante. Defendia que era preciso entender o Brasil não apenas em termos mais gerais. Estudando o país no nível estadual, encontrou um caminho entre o micro e o grande ensaio geral", afirma Fausto.
Exemplo dessa linha de pesquisas é o trabalho "A Velha Usina", sobre Pernambuco, que o historiador publicou no Brasil em 1980, pela editora Paz e Terra.
Sobre essas pesquisas, lembra Fausto, Levine gostava de contar uma anedota. "Ele dizia que em Pernambuco sempre que conversava com alguém falavam: "Apareça lá em casa". E ele aparecia."
Professor visitante de universidades brasileiras como a de São Paulo e a de Goiás, e também em instituições como a Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, Levine desenvolveu ainda um trabalho de grande repercussão sobre a guerra de Canudos, cristalizados no volume "O Sertão Prometido" (editora Edusp), de 1992.
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