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19/05/2003 - 07h24

Babenco experimenta o tapete vermelho de Cannes com "Carandiru"

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, em Cannes

O longa-metragem brasileiro "Carandiru", de Hector Babenco, será exibido hoje em sessão de gala na competição pela Palma de Ouro do 56º Festival de Cannes.

No Brasil, onde está em cartaz desde 11 de abril, os resultados de bilheteria do último fim de semana devem transformá-lo no título nacional de maior público desde o início dos anos 90, superando a marca de "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles, com seus 3,3 milhões de espectadores. Até o penúltimo domingo, "Carandiru" contava com público de 3,1 milhões.

Estava prevista para ontem a chegada em Cannes de Babenco, do médico e colunista da Folha Drauzio Varella, autor do livro "Estação Carandiru" (Companhia das Letras), no qual o filme se baseia, e de parte do elenco: Rodrigo Santoro, Maria Luísa Mendonça, Caio Blat e Aída Lerner.

Além de "Carandiru", estréia hoje na competição de Cannes "Dogville", de Lars von Trier ("Dançando no Escuro"), que pode se tornar uma sensação do festival ou sua grande decepção.

Com quase três horas de duração, o novo filme do ideólogo do movimento Dogma 95 (que pregou o despojamento técnico no cinema) é encenado à maneira de uma montagem teatral, abdica de cenários e tem a estrela Nicole Kidman como protagonista.

Inaugurado na última quarta-feira, o festival ainda não apontou um grande favorito. Os filmes que mais chamaram a atenção até aqui foram "Ce Jour-Là" (Este Dia), do franco-chileno Raoul Ruiz, e "Uzak" (Longe), do turco Nuri Bilge Ceylan. Os dois contam com os mais consistentes desempenhos de atores, sobretudo nos papéis masculinos --Bernard Giraudeau (em "Ce Jour-Là") e Muzaffer Ozdemir (em "Uzak").

Ambientado na Suíça, o filme de Ruiz mistura temas como a loucura, a morte e a exploração comercial, num tom de fábula absurda. Foi saudado pelo diário "Le Monde" como dono de "elegância dramatúrgica", "enunciados inesquecíveis" e "inventor de uma geografia própria".

"Uzak" é um retrato da decadência econômica da Turquia e do fiasco pessoal de personagens extraídos de sua classe média.

A história é contada em estilo minimalista, a partir do momento em que um fotógrafo de Istambul hospeda o primo desempregado, que vem do interior em busca de trabalho na capital.

Produção caseira, "Uzak" foi filmado no apartamento do diretor, e o elenco desempenhou também as funções técnicas.

"Quis fazer um filme sobre o vazio, a falta de sentido da vida", disse Ceylan. Mas, não necessariamente, uma defesa da desistência. "Não é só o lado positivo da vida que traz esperanças. Particularmente, tenho mais esperança quando experimento coisas negativas, que dão vontade de lutar."

Entre os demais concorrentes já apresentados pelo festival, o francês André Téchiné agradou com seu "Les Égares" (Os Desgarrados), o italiano Pupi Avati mostrou um constrangedor "Il Cuore Altrove" (O Coração Alhures) e a iraniana Samira Makhmalbaf decepcionou com o pretensioso e frágil "Panj É Asr" (Às Cinco Horas da Tarde). O americano Gus van Sant (com seu "Elephant", sobre a violência juvenil nos EUA) foi o primeiro a polarizar a crítica, recebendo vaias e aplausos.

A premiação ocorrerá no próximo domingo.

Especial
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