Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/06/2003 - 04h43

Pan e Transamérica entram em guerra contra Ibope e Cia.

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Está em curso no dial uma disputa que poderá acabar na Justiça. A Jovem Pan colocou no ar uma campanha cujo slogan varia entre "pesquisa não existe" e "pesquisa de rádio não existe". Já a Transamérica tem usado os intervalos para atacar o Ibope (que mede audiência de AMs e FMs).

As duas têm estratégias semelhantes. Um repórter pergunta a um entrevistado se ele ouve rádio. Diante da resposta positiva, questiona: "E já foi entrevistado por algum instituto de pesquisa?" (ou Ibope, no caso da Transamérica). "Não", diz o ouvinte. Ou seja, concluem as rádios, as pesquisas são, no mínimo, ineficientes.

Em reação à Pan, a Anep (Associação Nacional das Empresas de Pesquisa), da qual o Ibope é associado, entrou em ação. Contratou um escritório de advocacia, que se reuniu com José Carlos Pereira da Silva, vice-presidente da estação, na semana passada. Tenta negociar o fim da campanha (veiculada em AM e FM) e obter direito de resposta. Mas poderá entrar na Justiça se não houver acordo.

"Algumas emissoras, quando não estão na liderança de audiência, questionam as pesquisas. A Pan está se valendo de um discurso difamatório para leigos. Toda pesquisa, até a científica, se faz por amostragem. É um padrão baseado em conceitos básicos da estatística e da matemática", diz à Folha Adélia Franceschini, diretora de comunicação da Anep.

Segundo ela, a propaganda ofende os institutos de pesquisa.
A Pan afirmou que esse não é seu objetivo. "Os flagrantes de reportagem ao vivo confirmam a audiência e a importância do rádio na vida das pessoas. Esse trabalho não tem o intuito de atacar institutos de pesquisa. Queremos a valorização do rádio. O que a Pan estranha é o fato de raramente um ouvinte ter sido pesquisado sobre audiência de rádio", afirma o vice-presidente da emissora.

Esse, aliás, é um argumento frequentemente usado por críticos do Ibope. O instituto afirma que a chance de achar alguém entrevistado por ele é de uma em 2.000. "Entrevistamos 7.000 pessoas por mês na Grande SP, uma das maiores amostras para rádio no mundo. Mesmo assim, com a população de 14 mi, a rádio teria de perguntar a pelo menos 2.000 pessoas para achar uma", diz Flávio Ferrari, diretor do Ibope Mídia.

De acordo com ele, o Ibope está avaliando se irá ou não reagir à campanha da Transamérica, que cita o instituto nominalmente.

Esse não é o primeiro ataque feito pela FM, que já publicou anúncios em jornais questionando a medição do instituto. Já apontada nas pesquisas como líder de audiência, a Transamérica hoje não está nem entre as 10 mais ouvidas da Grande São Paulo, pelo Ibope.

"Há mais de três anos não compramos os relatórios do Ibope, por não concordarmos com a metodologia de pesquisa, que não tem a menor consistência", afirma Luiz Guilherme Albuquerque, diretor-superintendente da FM.

Ele diz que, com a margem de erro prevista na pesquisa do Ibope, "uma emissora que aparece dez posições à frente de outra no ranking pode estar dez posições atrás da mesma rádio".

O instituto afirma que a regularidade com que a pesquisa é feita mostra que os resultados não estão no limite da margem de erro.

Pano de fundo importante nessa polêmica: as verbas estatais de publicidade, segundo o governo, serão distribuídas de acordo com a audiência. Prestígio e outros critérios, assim, valeriam menos. E essa tem sido também uma tendência do mercado publicitário.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página