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01/07/2003
-
04h55
colunista da Folha
São Paulo ganhou uma das mais incríveis salas de desfiles do planeta com a 14ª edição da Semana de Moda Casa de Criadores. Os jovens criadores foram recebidos em uma passarela armada debaixo do Viaduto do Chá. O cenário emprestou modernidade à montagem.
Como era esperado, o sábado foi o melhor, com a apresentação de Karlla Girotto, e trouxe como simpática revelação o desfile lúdico da marca de camisetas Theodora. Na véspera, a masculina Moshe colocou um sorriso no rosto dos fashionistas.
O clima da temporada é de fato único, quase transcendental. A moda hoje funciona como válvula de escape e quanto mais delírio na passarela, melhor. Girotto avança como estilista, costurando vestidos complexos e de depurada feminilidade.
Conectada com as artes plásticas, a estilista se faz conceitual e produz bonitas imagens. Um ou outro maneirismo soa fora de lugar, mas como ela tem 25 anos e esse é apenas seu terceiro desfile, vamos dar tempo ao tempo.
Golas e corselets desenham o corpo; o spencer verde claríssimo repuxado é incrível; o militarismo vem furado e manchado tipo spray, pérolas e bordados sofisticam tudo. Encerrando um ciclo, ela traz à passarela looks de coleções anteriores. Esperemos, então, o próximo passo.
A Moshe, simpático streetwear do estilista Mauricio Pollacsek, associa o comercial com o delirante, evocando extraterrestres de bermuda e pantufas, com divertidas camisetas. E as camisetas --solução fashion e barata-- dão o tom do evento. São os melhores momentos da TWD e da estreante Rita Wainer, que lembra o frescor de Bernard Willhelm e a ingenuidade de um Sommer iniciante.
A estampa "No me molesten, estoy bailando" resume o espírito descompromissado e hedonista de sua grife, a Theodora.
Outra boa surpresa foi o amadurecimento da marca Gêmeas, obtendo boas calças inspiradas na elegância dos jóqueis. Carina Duek se destaca entre os novíssimos, mais despretensiosa e feminina, acertando nas silhuetas e na cartela de cores.
Cecilia Echenique desfila coleção raver new age, mas acerta mais quando faz moda. Paulo Carvas, no masculino, se perde um pouco nas imagens, agradando nos macacões e calças; Pi Luchezi se embaralha no jogo de oposições, e Gustavo Silvestre erra no foco e ainda não sabe o que fazer. A I.L., com sua bobinha praia de plástico anos 80. Marcelo Rodrigues, no último dia, não precisava fazer tendência (surfe) aqui.
Melhor deixar espaço para a criatividade, sem preocupações tão comerciais. Enquanto dá.
Delírio e camisetas ocupam temporada quase transcendental
ERIKA PALOMINOcolunista da Folha
São Paulo ganhou uma das mais incríveis salas de desfiles do planeta com a 14ª edição da Semana de Moda Casa de Criadores. Os jovens criadores foram recebidos em uma passarela armada debaixo do Viaduto do Chá. O cenário emprestou modernidade à montagem.
Como era esperado, o sábado foi o melhor, com a apresentação de Karlla Girotto, e trouxe como simpática revelação o desfile lúdico da marca de camisetas Theodora. Na véspera, a masculina Moshe colocou um sorriso no rosto dos fashionistas.
O clima da temporada é de fato único, quase transcendental. A moda hoje funciona como válvula de escape e quanto mais delírio na passarela, melhor. Girotto avança como estilista, costurando vestidos complexos e de depurada feminilidade.
Conectada com as artes plásticas, a estilista se faz conceitual e produz bonitas imagens. Um ou outro maneirismo soa fora de lugar, mas como ela tem 25 anos e esse é apenas seu terceiro desfile, vamos dar tempo ao tempo.
Golas e corselets desenham o corpo; o spencer verde claríssimo repuxado é incrível; o militarismo vem furado e manchado tipo spray, pérolas e bordados sofisticam tudo. Encerrando um ciclo, ela traz à passarela looks de coleções anteriores. Esperemos, então, o próximo passo.
A Moshe, simpático streetwear do estilista Mauricio Pollacsek, associa o comercial com o delirante, evocando extraterrestres de bermuda e pantufas, com divertidas camisetas. E as camisetas --solução fashion e barata-- dão o tom do evento. São os melhores momentos da TWD e da estreante Rita Wainer, que lembra o frescor de Bernard Willhelm e a ingenuidade de um Sommer iniciante.
A estampa "No me molesten, estoy bailando" resume o espírito descompromissado e hedonista de sua grife, a Theodora.
Outra boa surpresa foi o amadurecimento da marca Gêmeas, obtendo boas calças inspiradas na elegância dos jóqueis. Carina Duek se destaca entre os novíssimos, mais despretensiosa e feminina, acertando nas silhuetas e na cartela de cores.
Cecilia Echenique desfila coleção raver new age, mas acerta mais quando faz moda. Paulo Carvas, no masculino, se perde um pouco nas imagens, agradando nos macacões e calças; Pi Luchezi se embaralha no jogo de oposições, e Gustavo Silvestre erra no foco e ainda não sabe o que fazer. A I.L., com sua bobinha praia de plástico anos 80. Marcelo Rodrigues, no último dia, não precisava fazer tendência (surfe) aqui.
Melhor deixar espaço para a criatividade, sem preocupações tão comerciais. Enquanto dá.
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