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25/08/2000 - 13h41

Cem anos após a morte, Nietzsche é relembrado no Brasil com palestras, teatro e livros

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Reprodução

Foto de Friedrich Nietzsche
CECILIA NEGRÃO
da Folha Online

Um dos mais importantes filósofos do século 19 exerceu (e continua a exercer) profunda influência no pensamento e na literatura ocidentais. Nietzsche morreu em 25 de agosto de 1900, aos 55 anos, mas sua obra continua encantando o mundo. Em homenagem aos cem anos da sua morte, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade do Rio de Janeiro (UniRio) promovem o 3º Simpósio Internacional de Filosofia "Assim Falou Nietzsche: para uma filosofia do futuro", até hoje (25).

No dia em que se comemora seu centenário de morte, estarão presentes no evento o escritor Olímpio José Pimenta Neto, um dos organizadores do livro de ensaio "Assim Falou Nietzsche" (ed. 7 Letras), lançado no início do ano, o escritor Jason Wirth, da Universidade de Chicago, Paulo César Sousa, que comenta a experiência de coordenar a tradução de toda a obra do filósofo para a Companhia das Letras, entre outros convidados.

Já em São Paulo, em sua homenagem, estréia hoje o espetáculo "Matéria Estado de Potência", criado e interpretado por Maura Baiocchi a partir de textos do filósofo. Seis livros também foram lançados para comemorar a data.

Livros

Várias editoras participam das comemorações do centenário de nascimento de Friedrich Nietzsche. Três delas integram a coleção Conexões, da Editora Relume Dumará. "O Crepúsculo dos Ídolos - ou Como Filosofar a Marteladas", de Nietzsche; "Nietzsche - Metafísica e Niilismo", de Martin Heidegger; e "Alegria, A Força Maior", de Clément Rosset.

A mesma editora também lançou, no primeiro semestre, em co-edição com a Secretaria de Cultura e Desporto do Estado do Ceará, o livro "Nietzsche e Deleuze - Intensidade e Paixão", organizado por Daniel Lins, Sylvio de Sousa Gadelha Costa e Alexandre Veras.

"O Crepúsculo dos Ídolos - ou Como Filosofar a Marteladas", último livro a ser publicado em vida pelo filósofo alemão, é, considerado uma obra de maturidade.

Como o próprio Nietzsche diz em seu ensaio autobiográfico, "Ecce Homo": "Esse escrito ('O Crepúsculo dos Ídolos') que não chega a 150 páginas, fatal e sereno no tom, um demônio que ri - obra de tão poucos dias que hesito em dizer seu número, é a exceção entre os livros: nada existe de mais rico em substância, mais independente, mais demolidor - de mais malvado".

Em "Nietzsche - Metafísica e Niilismo", título do volume 67 da obra completa do filósofo alemão Martin Heidegger, encontram-se dois ensaios decisivos para uma compreensão adequada de uma série de temas centrais do pensamento heideggeriano.

Divulgação

Capa do livro "Alegria (...)"
O primeiro destes ensaios intitula-se "A Essência do Niilismo" (1946-1948) e gira exclusivamente em torno da figura de Friedrich Nietzsche. Heidegger procura mostrar aí a essência niilista de toda a história da filosofia ocidental por meio de uma assunção extremamente controversa do pensamento nietzschiano como o ponto de culminação desta história.

Em um luminoso ensaio, Clément Rosset investiga em "Alegria, a Força Maior" o estatuto filosófico da alegria em uma vertente nietzschiana. A alegria de viver irrompe no próprio texto como a força maior que refuta a ontologia e se afirma como incondicional aprovação da transitoriedade.

"Nietzsche e Deleuze - Intensidade e Paixão", de Daniel Lins, Sylvio de Sousa Gadelha Costa e Alexandre Veras (organizadores), tem textos de Aurélio Guerra Neto, Daniel Lins (UFC), Jefferson Alves de Aquino (UFPB), Luiz B. L. Orlandi (Unicamp), entre outros. O livro traz conferências sobre o pensamento de Nietzsche e Deleuze, ministradas durante simpósio realizado em outubro de 1999, em Fortaleza. Reúne todos os textos e apresenta estudos de pesquisadores de várias regiões do país.

Há textos sobre temas tratados pelos dois filósofos - memória, esquecimento, crítica do sujeito e da dialética - e outros que privilegiam ora um ora outro pensador. A relação que Nietzsche estabelece entre vida e arte, evidenciando a importância do deslocamento que ele produz da filologia para a filosofia; o uso que Deleuze faz da literatura para a criação de alguns conceitos que expressem o trágico em sua filosofia e, ainda, as idéias dele sobre educação, especificamente sobre a categoria de produção desejante, são assuntos abordados.

Outras duas obras, "Humano, Demasiado Humano" (Companhia das Letras), com tradução de Paulo César de Souza, e "Humana, Demasiado Humana" (Rocco), de Luzilá Gonçalves Ferreira, também comemoram o centenário da morte do autor.

O lançamento da Companhia das Letras, publicado originalmente em 1878, marcou o afastamento de Nietzsche em relação ao romantismo de Wagner e ao pessimismo de Schopenhauer, influências marcantes nas suas obras anteriores. O papel que antes cabia à arte é ocupado pela razão e a ciência; o arrebatamento cede lugar à análise. Aparecem os "espíritos livres", que se libertaram dos preconceitos idealistas.

Pela editora Rocco, o livro "Humana, Demasiado Humana", de Luzilá Gonçalves Ferreira dá o tom das comemorações. A obra conta a história de Lou Andreas-Salomé, a exuberante figura feminina que significou vida, no sentido mais apaixonante do termo - o de usufruir com vontade e ardor a existência - para alguns personagens não menos exuberantes, a seu modo, da história, como os filósofos Paul Rée e Friedrich Nietzsche e o poeta Rainer Maria-Rilke.

É a história dessa mulher que conquistou corações e mentes com sua beleza avassaladora e seu intelecto sempre disposto a dialogar, em pé de igualdade, com qualquer homem de seu tempo, que a professora e pesquisadora pernambucana Luzilá Gonçalves Ferreira apresenta ao leitor, num título que remete, apropriadamente, a uma obra fundamental de Nietzsche.

Nietzsche, o homem que ousou apaixonar-se pela indomável Lou e que, depois de um fértil período de amizade, de onde resultaram livros capitais de ambos, teve seu amor recusado. Por meio de cartas pinçadas por Luzilá da vasta correspondência trocada entre o autor e o objeto de sua paixão, o leitor vai acompanhando o progressivo processo de enlouquecimento de um homem que, roído de dor e ciúme, acompanha os desvarios da irmã Elisabeth, mentora de uma campanha de difamação pública contra Lou ao ver o irmão mergulhado num caminho "sem volta".

Para saber um pouco mais da obra de Friedrich Nietzsche, um dos pensadores mais provocativos da filosofia moderna, a Publifolha lançou o livro "Nietzsche", de Oswaldo Giacoia Junior.


  • Lançamentos:

    O crepúsculo dos Ídolos - ou Como Filosofar a Marteladas
    Autor Nietzsche, com tradução de Marco Antônio Casa Nova
    Editora: Relume Dumará; 120 págs.
    Preço: R$ 15

    Nietzsche - Metafísica e Niilismo
    Autor: Martin Heidegger
    Tradução Marcos Antônio Casa Nova
    Editora: Relume Dumará; 75 págs.
    Preço: R$ 18

    Alegria, a força maior
    Autor: Clément Rosset
    Tradução:Eloísa de Araújo Ribeiro
    Editora: Relume Dumará; 108 págs.
    Preço: R$ 15

    Nietzsche e Deleuze - Intensidade e paixão
    Organizadores: Daniel Lins, Sylvio de Sousa Gadelha Costa e Alexandre Veras
    Texto: Aurélio Guerra Neto, Daniel Lins (UFC), Jefferson Alves de Aquino (UFPB), Luiz B. L. Orlandi (Unicamp), Miguel Angel de Barrenechea (UniRio), Orlando Gomes (UFAM), Paulo Germano Barrozo de Albuquerque (PUC-SP), Peter Pál Pelbart (PUC-SP), Roberto Charles Feitosa de Oliveira (Uni-Rio), Rosa Maria Dias (UERJ), Sylvio de Sousa Gadelha Costa (UFC) e Tiago Seixas Temudo (UFF)
    Editora: Relume Dumará; 190 págs.
    Preço: R$ 19

    Humano, Demasiado Humano
    Tradução: Paulo César de Souza
    Editora: Companhia das Letras; 352 págs.
    Preço: R$ 27

    Humana, Demasiado Humana
    Tradução: Luzilá Gonçalves Ferreira
    Editora: Rocco; 248 págs.
    Preço: R$ 25

    Nietzsche
    Autor: Oswaldo Giacoia Junior
    Editora: Publifolha; 96 págs
    Preço:R$ 9,90

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