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05/07/2003 - 04h17

Reinaldo Moraes volta ao livro após 18 anos

MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha

Em 1981, o editor Caio Graco, da Brasiliense, filho do comunista histórico Caio Prado Jr., causou alvoroço no mercado, que vivia um boom de relatos sobre o período do regime militar, ao lançar a coleção "Cantadas Literárias".

Em comum, uma linguagem arrojada, despretensiosa, e narrativas recheadas de referências juvenis. O número um da coleção foi "Porcos com Asas", de Marco Radice e Ligia Rivera. O número dois foi "Tanto Faz", de Reinaldo Moraes. Considerado cult e uma revelação, ele lançou ainda "O Abacaxi" pela L&PM em 85 e parou.

Agora, Moraes, 53 anos, recupera o tempo perdido. Acaba de publicar "A Órbita dos Caracóis" (Cia. das Letras), lança uma edição revisada de "Tanto Faz" (Azougue), termina um livro cujo nome de trabalho é "Tudo", para a coleção inaugurada por Rubem Fonseca, e entra na coletânea de contos "Boa Companhia", da Cia. das Letras.

"Foi uma marcada minha ficar tanto tempo sem publicar. Até eu escrever um conto para a revista 'Ácaro'. Tomei gosto."

O escritor lembra do preconceito da crítica contra a nova literatura que estava nascendo. "Houve um crítico que escreveu mandando me prender. Ele confundiu o autor com o personagem, que gasta dinheiro de uma bolsa de estudos em gandaias, e perguntou: 'Onde estão os olhos dos poderes públicos?' Dizia que eu perdia o fio condutor, enquanto o livro não tinha fio condutor."

Moraes nunca parou de trabalhar. Traduziu autores como Thomas Pynchon, Charles Bukowski e William Burroughs, escreveu telenovelas ("Helena", para a Rede Manchete, e "O Campeão", para a Band, ambas com o amigo Mário Prata), e roteiros para cinema, como "Tainá - Uma Aventura na Amazônia". Chegou a colaborar para revistas femininas. Agora, diz recuperar o prazer da escrita voltada para si mesma, não uma literatura de resultado ou com hora marcada.

"A Órbita dos Caracóis" é um romance que ele começou a escrever há dez anos, parou e retomou, atualizando as referências. Sua personagem, Juliana, é uma hacker. O livro começa com um assassinato, na praça da Bandeira, em que o perseguido encaixa na antena do carro de Juliana um disquete antes de morrer.

Seu namorado, Tota, não tem o perfil de um herói clássico. É um cientista extravagante que joga pingue-pongue com um parceiro japonês. A trama anda porque o assassino viu o disquete no carro de Juliana. Até um satélite perder a órbita.

"Alguns acham que a literatura de trama não é muito inteligente. Mas por que não ter uma trama?", pergunta Moraes.

A ÓRBITA DOS CARACÓIS
Autor:
Reinaldo Moraes
Editora: Cia. das Letras
Quanto: R$ 28 (220 págs.)
 

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