Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/08/2000 - 04h12

Escritora carioca de 17 anos lança o livro "No Shopping"

Publicidade

FRANCESCA ANGIOLILLO, da Folha de S.Paulo

"É um monte de gente num shopping", responde Simone Campos, 17, quando os colegas perguntam qual é o tema do livro que ela vai lançar dia 31. Na sede da editora que publica seu romance de estréia, "No Shopping" (leia trecho ao lado), se explica.

"Fiquei tentando dos 7 aos 17, mas só consegui terminar esse projeto de escrever um livro quando o enredo veio até mim."

"Estavam construindo um shopping perto da minha casa. Eu fiquei louca para ficar pronto; ao mesmo tempo, fiquei com raiva. Associei à globalização, que você não sabe se é boa ou ruim."

O tal enredo (desenvolvido entre 99 e 2000), em princípio, é banal. Fala de adolescentes que gastam o tempo entre disputas escolares e tardes no shopping. O que tira o livro da prateleira dos infanto-juvenis é a estrutura.

"Eu comecei a escrever o livro como uma redaçãozinha." A estrutura linear deu lugar a capítulos curtos, numerados. "Cada primeiro dígito é um dia, e os segundos dígitos são os momentos. Como versões de programas de computador, que são sempre assim: 2.1, 2.2..."

Parênteses e colchetes indicam as influências sobre Delia, a protagonista "patricinha". "Nos parênteses, quem está se metendo no pensamento dela é o Victor, que está dentro da ordem dela. Quando é o colchete, quem está se metendo está fora dessa ordem."

No único capítulo que tem um nome, "Multiplex", a autora propõe três "meios" para levar ao mesmo final. Viu "Corra Lola Corra" (filme do alemão Tom Tykwer, de 98)? Viu e adorou, mas diz que escreveu antes.

"Eu queria fazer um videoclipe. Acho que por isso é que eu vou ser publicitária." Mas publicidade não é o cúmulo da sociedade de consumo que ela quer questionar? "Eu sei, mas gosto da estética" -ela não quer ser "outsider".

"Tenho essa intenção, usar o sistema contra ele próprio." Como no título. "Escrevi "No Shopping'", diz em português. "De repente... "no shopping"." -repete, em inglês, e vira "não compre".

Ela não define influências, mas explicita as pretensões quando fala de Clarice Lispector. "Li com 14 anos e falei: "Enquanto eu não escrever assim, não vou ter coragem de publicar um livro"."

É experimentalista também na leitura. Agora lê "Ficções", de Jorge Luis Borges, e, ao mesmo tempo, se aventura por "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco.

Alfabetizou-se sozinha, lendo gibis, por conta de um pé imobilizado ("um caco de Coca-Cola cortou; pode-se dizer que fui vacinada contra o capitalismo", ri).

Não mostrou "No Shopping" a ninguém antes de pronto. "Eu queria fazer uma coisa que para mim fosse excepcional."

É excepcional que dez anos de igreja não tenham marcado "No Shopping" -saiu da Igreja Universal do Reino de Deus há dois meses. "Preciso atualizar isso", diz, lembrando de texto em sua home page (www.geocities.com/ maya- sibylla), no qual atribui à fé sua alegria. "Concordo com o que escrevi, só que estava achando defeitos na igreja."

"Para escrever, esvaziei a mente: "Vamos lá, vou pôr um palavrão agora"." Se diz "supercareta": conta que foi buscar na rede os efeitos das drogas que descreve.

Se por um lado tem anseios juvenis ("Quero fazer algo para mudar o mundo"), não cumpre a ordem vigente nos relacionamentos com seus coetâneos. "Só "fiquei" uma vez na vida. Acho consumismo com gente."
Tampouco embarca no hit "No Limite". "É fome pela fama." Mas e se ficar famosa? "Vou achar chato. Não quero que minha vida vire "No Limite"."

Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online - uol.folha.ilustrada.livros
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página