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26/08/2000
-
04h29
MARILENE FELINTO, da Folha de S.Paulo
Mais conhecida como a mulher que marcou a vida dos filósofos Friedrich Nietzsche e Paul Rée -e a do poeta Rainer Maria Rilke- do que por sua própria obra de escritora e psicanalista, Lou Andreas-Salomé ganha uma "biografia" brasileira, "Humana, Demasiado Humana", da professora Luzilá Gonçalves.
Também amiga de Freud e Wagner, Lou -apelido de Louise- nasceu na verdade Ljolia von Salomé, no dia 12 de fevereiro de 1861, em São Petersburgo (Rússia). Mulher de espírito independente e idéias próprias, tinha aversão ao casamento comum e era considerada avançada demais para seu tempo. Viveu em diversos países da Europa.
Casou-se com Carl Andreas em 1887. Antes disso, teve relacionamentos platônicos (ao menos do seu ponto de vista) com Nietzsche e Paul Rée, com quem chegou a morar. Segundo consta, Nietzsche -cujo centenário de morte é celebrado este ano- virou misantropo depois da expectativa frustrada de se casar com Lou.
Talvez seja demais chamar de biografia este livro da professora Luzilá -cujo título remete ao famoso texto de Nietzsche "Humano, Demasiado Humano", de 1878, em que o filósofo faz os primeiros ataques à moral cristã. A narrativa de Luzilá, ligeiramente romanceada, baseia-se na correspondência trocada entre Lou e seus amigos, e na obra desta, tanto a de ficção quanto a ensaística.
Não há pesquisa de campo nem qualquer rigor documental. Exemplo disso é um trecho referente a um "manuscrito" de Lou Andreas sem qualquer indicação mais precisa de sua origem.
"Durante sua estada em Stibbe e provavelmente também em Tautenburgo, Lou redigiu uma série de aforismos, alguns deles retomados por Rée, outros comentados por Nietzsche, dos quais ela se servirá, mais tarde, em seu romance "Uma Luta por Deus". Esses aforismos estão reunidos sob o título de "Livro de Stibbe", e seu manuscrito contém, entre as páginas, lembranças muito pessoais, como bilhetes e folhas de árvores secas", na pág. 95.
Faltam não só indicações de fontes de pesquisa como também referências bibliográficas de edições brasileiras sobre Lou Andreas-Salomé.
Exemplo: "Minha Vida" (autobiografia de Lou Andreas-Salomé), ed.
Brasiliense, 1985. Este último é chamado, no texto da professora Luzilá, de "Revendo Minha Vida", do original -"Lou Andreas-Salomé - Lebensrückblick", publicada em alemão em 1951-, sem nenhuma referência à publicação brasileira.
Não se distingue, no livro de Luzilá, o que é fato novo ou aprofundado, resultado de pesquisa, do que é interpretação superficial da vida de Lou Andreas-Salomé, defeito típico de 90% das biografias feitas no Brasil.
Humana, Demasiado Humana
Autora: Luzilá Ferreira Gonçalves
Editora: Rocco
Quanto: R$ 25 (240 págs.)
Clique aqui para ler mais de Ilustrada na Folha Online
Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online - uol.folha.ilustrada
Vida de Lou Andreas-Salomé é romanceada por brasileira
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Mais conhecida como a mulher que marcou a vida dos filósofos Friedrich Nietzsche e Paul Rée -e a do poeta Rainer Maria Rilke- do que por sua própria obra de escritora e psicanalista, Lou Andreas-Salomé ganha uma "biografia" brasileira, "Humana, Demasiado Humana", da professora Luzilá Gonçalves.
Também amiga de Freud e Wagner, Lou -apelido de Louise- nasceu na verdade Ljolia von Salomé, no dia 12 de fevereiro de 1861, em São Petersburgo (Rússia). Mulher de espírito independente e idéias próprias, tinha aversão ao casamento comum e era considerada avançada demais para seu tempo. Viveu em diversos países da Europa.
Casou-se com Carl Andreas em 1887. Antes disso, teve relacionamentos platônicos (ao menos do seu ponto de vista) com Nietzsche e Paul Rée, com quem chegou a morar. Segundo consta, Nietzsche -cujo centenário de morte é celebrado este ano- virou misantropo depois da expectativa frustrada de se casar com Lou.
Talvez seja demais chamar de biografia este livro da professora Luzilá -cujo título remete ao famoso texto de Nietzsche "Humano, Demasiado Humano", de 1878, em que o filósofo faz os primeiros ataques à moral cristã. A narrativa de Luzilá, ligeiramente romanceada, baseia-se na correspondência trocada entre Lou e seus amigos, e na obra desta, tanto a de ficção quanto a ensaística.
Não há pesquisa de campo nem qualquer rigor documental. Exemplo disso é um trecho referente a um "manuscrito" de Lou Andreas sem qualquer indicação mais precisa de sua origem.
"Durante sua estada em Stibbe e provavelmente também em Tautenburgo, Lou redigiu uma série de aforismos, alguns deles retomados por Rée, outros comentados por Nietzsche, dos quais ela se servirá, mais tarde, em seu romance "Uma Luta por Deus". Esses aforismos estão reunidos sob o título de "Livro de Stibbe", e seu manuscrito contém, entre as páginas, lembranças muito pessoais, como bilhetes e folhas de árvores secas", na pág. 95.
Faltam não só indicações de fontes de pesquisa como também referências bibliográficas de edições brasileiras sobre Lou Andreas-Salomé.
Exemplo: "Minha Vida" (autobiografia de Lou Andreas-Salomé), ed.
Brasiliense, 1985. Este último é chamado, no texto da professora Luzilá, de "Revendo Minha Vida", do original -"Lou Andreas-Salomé - Lebensrückblick", publicada em alemão em 1951-, sem nenhuma referência à publicação brasileira.
Não se distingue, no livro de Luzilá, o que é fato novo ou aprofundado, resultado de pesquisa, do que é interpretação superficial da vida de Lou Andreas-Salomé, defeito típico de 90% das biografias feitas no Brasil.
Humana, Demasiado Humana
Autora: Luzilá Ferreira Gonçalves
Editora: Rocco
Quanto: R$ 25 (240 págs.)
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