Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/07/2003 - 08h52

Rankings dos que mais arrecadam abrigam "falsos desconhecidos"

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

No bonde dos maiores arrecadadores atuais de dinheiro com música no Brasil, há gente que você pensa que não conhece, mas na verdade conhece, sim.

O mais conhecido dos "desconhecidos" da lista atual é o carioca Jorge Vercilo, 33. Ele frequenta as rádios com baladas como "Que Nem Maré" ("nada vai me fazer desistir do amor..."), que muitos pensam ser cantada, pelo timbre da voz e pelo estilo, por seu colega de ranking Djavan.

Vercilo é o que pode se chamar de artista que se fez sozinho. Gravou entre 94 e 96 pela Continental, que nunca viu nele potencial de sucesso de massa. Descontente, rescindiu o contrato e foi lançar de modo independente o CD "Leve" (2000), com participação especial do ídolo Djavan.

Na época, Vercilo vendia seus CDs de loja em loja, e também ia em pessoa às rádios divulgar seu trabalho. Foi aos poucos emplacando sucessos em emissoras do Nordeste (que ele muito frequentou) e, afinal, no eixo Rio-SP.

Embora sejam frequentes histórias de artistas desconhecidos que oferecem dinheiro do próprio bolso às rádios para que toquem suas músicas, ele costuma afirmar que o "estouro" progressivo o livrou de tais esquemas.

As explicações para o artista estar na lista dos que mais arrecadam vêm, além disso, do fato de que ele passou a ser gravado por cantores de um arco que vai do ultrapopular (Angélica, Netinho, Só pra Contrariar, Cheiro de Amor) à MPB (Caetano Veloso, Pedro Mariano).

Atualmente ele grava seu segundo álbum pela multinacional EMI, que também adquiriu os direitos para comercializar "Leve".

Outro líder de arrecadação é o paulista César Augusto (está em nono no ranking), 49, um "anônimo" que todo brasileiro conhece sem conhecer porque é o autor de 700 músicas gravadas por Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, Roberta Miranda, Gian & Giovanni, Bruno & Marrone etc. etc.

São de sua autoria hits persistentes de rádios Brasil afora, como "Pare" (Zezé & Luciano), "Um Sonhador" e "Festa de Rodeio" (Leandro & Leonardo).

"Nos últimos dez anos, nunca saí das primeiras posições do Ecad. Recebo uma média de R$ 13 mil a R$ 15 mil por mês em direitos autorais. Acho que é muito, muito, muito abaixo do que deveria ser", afirma César.

O ranking continua, com o eterno Peninha (sucesso nos anos 70 com "Sonhos" e "Que Pena" e no final dos 90 com "Sozinho", um estouro na voz brega-chique de Caetano Veloso) e a novata Kelly Key, essa bem mais conhecida por "Baba, Baby" e "Adoleta", em 17º.

Os sertanejos galgam mais posições. Em 14º está Rick, da dupla Rick & Renner. Em 16º vem Piska, que, além de compositor sertanejo, faz boa parte dos sucessos do trio bregapop adolescente KLB. Elias Muniz, o 20º, é autor do hit "Dormi na Praça", da dupla Bruno & Marrone.

Carlos Colla arrecada por dois flancos: é autor habitual de sucessos de Roberto Carlos desde os anos 70 e se integrou, mais recentemente, ao circuito romântico-sertanejo-pagodeiro. Outro veterano, Jorge Aragão é da primeira dentição do pagode, o "de fundo de quintal" --só explodiu como artista solo nos 90.

Na lista dos maiores arrecadadores em shows, outro fenômeno acontece. Surgem dois nomes "de ponta" da axé music, que não aparecem na lista de rádio: Durval Lelys, do Asa de Águia, em primeiríssimo lugar, e Bell Marques, do Chiclete com Banana, na sétima colocação.

O fenômeno se explica: o axé tomou chá de sumiço da indústria fonográfica, mas mantém o fogo arrecadador pela persistência do gênero no circuito nordestino de shows -Bahia à frente. Nomes como Lelys e Marques compõem não só para seus grupos, mas para nove entre dez estrelas de axé.

É o que explica também o segundo lugar de Carlinhos Brown no ranking de shows --ele é autor central da Timbalada.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página