Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/08/2003 - 10h42

Mostra na Oca traz obras vitais da reconstrução da arte inglesa

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

A rampa temporária e aparentemente precária que conduz ao segundo andar da Oca, no parque Ibirapuera, não dá pistas da sofisticada produção britânica prestes a ser vista. A rampa serve, no entanto, como metáfora dos anos 50 na Inglaterra, período de reconstrução de um país arrasado pela Segunda Guerra Mundial.

Foi desse período de reconstrução, impulsionado pela nova lei da gratuidade nas escolas de arte inglesas, segundo o crítico inglês Simon Casimir Wilson, que surgiu uma vigorosa produção nos 40 anos seguintes, cujo resultado pode ser visto a partir de hoje em "Art Revolution: A Bigger Splash - Arte Britânica da Tate de 1963 a 2003", na Oca, mostra promovida pela associação BrasilConnects a partir do acervo do museu inglês.

Após subir a nova rampa ao segundo andar, parte da cenografia da exposição, de Daniela Thomas e Felipe Tassara, não há obra, e são 109, que não tenha sido parte importante da construção da história da arte inglesa. É o caso das quatro do pintor Francis Bacon, prova de que a seleção das peças pelas curadoras inglesas Catherine Kinley e Joanne Bernstein, da Tate Gallery, não economizou em obras-primas. "Esse é o creme de nosso acervo", diz Kinley.

Além de Bacon, um dos mais importantes pintores do século 20, estão, no segundo andar, obras de mestres do pincel como David Hockney, autor da tela "A Bigger Splash", que dá título à mostra, e Lucian Freud. Richard Hamilton, precursor da arte pop, comparece com gravuras e colagens. A exposição, montada em ordem cronológica, tem início assim nos anos 60.

Um dos desafios é manter a afluência de público após o sucesso da mostra dos guerreiros chineses --com mais de 800 mil visitantes-- para um tema com menos apelo, a arte contemporânea. "Vamos nos esforçar para que o público perceba a importância da exposição e, por isso, nosso trabalho na arte-educação será fundamental. Queremos criar um novo olhar", diz Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects.

Para as curadoras inglesas, a capital paulista já tem familiaridade com o tema. "É a primeira vez que a Tate expõe na América Latina, e escolhemos a cidade por já contar com um público sofisticado graças à Bienal de São Paulo", afirma Bernstein.

Para evitar o "isso meu filho sabe fazer", a organização afixou textos ao lado de obras como "An Oak Tree", de Michael Craig-Martin, composta por um copo com água sobre um aparato de banheiro. O artista faz parte do movimento de arte conceitual, interessado em criar metáforas e alusões. Também participa do módulo a dupla Gilbert & George. Assim, o primeiro andar é o local dos anos 70, representado ainda pela escultura britânica com nomes como Anthony Caro, Anish Kapoor, Tony Cragg e Antony Gormley, atuantes até hoje e influentes na geração dos anos 80.

É no térreo que se encontra a nova pintura inglesa e a fotografia, outro dos destaques da produção britânica dos 80. Entretanto, ao lado dessa geração, já estão os nomes da Young British Art (Jovem Arte Britânica), que, nos anos 90, tornou Londres a meca da arte contemporânea, novamente graças às escolas britânicas, especialmente o Goldsmiths College, além do mecenato do colecionador Charles Saatchi.

No primeiro andar e no subsolo, estão os expoentes da "Sensation", mostra da coleção de Saatchi, que projetou os jovens ingleses no cenário internacional, como Richard Billingham, na fotografia, Sarah Lucas, com escultura, Michael Raedecker, em pintura, e Damien Hirst, o mais badalado de todos, que comparece com "The Last Supper", na qual se apropria do visual de caixas de remédio e escreve nomes de itens da alimentação inglesa como as "sausages" (linguiças).

Enquanto a exposição na Oca trata com comedimento da ousadia da Young British Art, é no Instituto Tomie Ohtake --que apresenta a produção em vídeo do grupo, além de figuras marginais ao movimento-- que está o impacto dos jovens ingleses.

"O vídeo é importante na arte contemporânea inglesa", diz Bernstein. Sete são os artistas que apresentam obras no primeiro andar do instituto. Há desde "So Much I Want to Say" (1983), da libanesa Mona Hatoum, sobre a expressão das minorias políticas, até "Why I Never Became a Dancer" (1996), de Tracey Emin, participante da "Sensation".
"Com a exposição, esperamos mostrar que não temos apenas a Young British Art, mas há um contínuo da produção, desde os anos 60", defende Kinley. A partir de quarta, cabe ao público julgar.

ART REVOLUTION: A BIGGER SPLASH - ARTE BRITÂNICA DA TATE DE 1963 A 2003
Curadoria: Catherine Kinley e Joanne Bernstein.
Onde: Pavilhão da Oca (parque Ibirapuera - av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, São Paulo).
Quando: abertura, hoje, às 20h (para convidados); a partir de quarta para o público; de ter. a sex., das 9h às 21h; sáb. e dom., das 10h às 21h. Até 26/10.
Quanto: R$ 6. Patrocinadores: Accenture, British Council, HSBC Bank, Sodexho.

Onde: InstitutoTomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, entrada pela r. Coropés, SP, tel.: 0/xx/11/6844-1900)
Quando: abertura amanhã, às 20h (para convidados); de ter. a dom., das 11h às 20h; Até 21/9
Quanto: entrada franca
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página