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02/09/2003 - 05h35

Análise: Charles Bronson encarnou face vingativa do individualismo

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INÁCIO ARAUJO
crítico da Folha

Charles Bronson terá sido, no século 20, talvez a mais perfeita expressão de certo espírito pequeno-burguês: individualista, rancoroso, vingativo. Assim era Paul Kersey, o personagem de "Desejo de Matar" --alguém incapaz de observar o mundo a não ser de um prisma estritamente pessoal.

Tendo, neste primeiro filme, de 1974, sua mulher atacada e morta por uma gangue (sua filha foi violentada na mesma ocasião), Kersey só pensa em vingar o ocorrido. Até 1994, outras quatro vezes esse desejo de vingança incontido será suscitado, em mais quatro sequências.

Essa série, que muito impropriamente costuma-se comparar ao "Perseguidor Implacável" criado por Clint Eastwood num filme de Don Siegel, tem por centro real a mesquinhez do personagem de Bronson. E Bronson tinha o semblante perfeito, na verdade, para o papel: em cena, parecia incapaz de pensar; se pensava, soava falso.

Possivelmente isso não tem nada a ver com a vida pessoal desse filho de mineiros, nascido em 1920, com o sobrenome Buchinsky, que após a Segunda Guerra Mundial decidiu tornar-se artista e apenas em 1951 conseguiu seu primeiro papel.

Foram mais ou menos 20 anos como coadjuvante, fazendo em geral tipos vilanescos --índios, mestiços, eslavos--, por vezes em filmes notáveis, como "Sete Homens e um Destino" (1960), de John Sturges, ou em todo caso bem-sucedidos, como "Os Doze Condenados".

O certo é que Charles estava longe de ser um ator de destaque, e se cresceu no final dos anos 60, foi em grande parte graças a filmes europeus importantes que estrelou (ou quase isso), como "Era uma Vez no Oeste" (1968), de Sergio Leone, ou "Cidade Violenta" (1971), de Sergio Sollima.

Eles abriram caminho para o personagem de "Desejo de Matar", que matou, entre outros, a possibilidade de o ator desenvolver algum senso de humor (que, porém, insinua-se em seu rosto), mas garantiu-lhe o prolongado estrelato e a possibilidade que, enfim, nenhum ator pode recusar: um tipo que se ama ou detesta, mas que ninguém esquece.

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