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13/10/2003 - 19h09

Artistas cobram recursos para Cultura e Lula pede colaboração

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RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

A solenidade de lançamento do Programa Brasileiro de Cinema e Audiovisual, realizada hoje no Palácio do Planalto, foi marcada por cobranças do setor artístico ao governo, e por uma resposta rápida feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Durante a cerimônia, que contou com as presenças de cineastas, artistas e técnicos de cinema, Lula anunciou que dentro de 15 dias assinará decreto mudando o nome da Ancine para Ancinav (Agência Nacional de Cinema e Audiovisual), e que, em 30 dias enviará ao Congresso projeto de lei transformando o Conselho Superior de Cinema em Conselho Superior de Cinema e Audiovisual.

Lula Marques/Folha Imagem
O presidente Lula segura câmera durante o anúncio do programa para o cinema
A cobrança por mais recursos para o setor cultural foi feita pela atriz Maria Fernanda Cândido, que discursou logo no início da solenidade. "É um belo dia esse de comemoração e será mais belo ainda o dia em que estivermos aqui para celebrar um orçamento compatível com a importância da cultura brasileira", afirmou Maria Fernanda.

Lula respondeu ao encerrar, de improviso, um discurso escrito previamente. O presidente disse que representantes do setor cultural precisam lamentar menos e colaborar mais.

"O governo não conhece tudo e o governo não pode tudo. Para que a gente possa fazer melhor, é preciso que cada um de vocês assuma o compromisso e a responsabilidade. O governo é passageiro. O cinema, o audiovisual e a cultura são eternos. Portanto, ao invés de ficarem lamentando aquilo que o governo ainda não pôde fazer, por favor, imaginem-se governo e ajudem-nos a fazer o que falta fazer nesse país", declarou Lula.

Investimentos

No decorrer da cerimônia, o Ministério da Cultura divulgou um balanço das ações realizadas e ainda a realizar em 2003. Ao todo, segundo os números da Pasta, estão sendo investidos R$ 117 milhões em audiovisual, incluindo cinema.

Foram produzidos 26 documentários em 20 Estados para exibição em emissoras públicas de televisão, 10 filmes longa-metragem de diretores estreantes, 40 curta-metragem, 20 curtas dirigidos à crianças e jovens, finalizados 10 longas, 40 filmes digitais e municípios de até 20 mil habitantes e desenvolvidos 10 roteiros de longa-metragem, entre outras ações.

O setor de cinema e audiovisual contou ainda com R$ 27 milhões oriundos da renúncia fiscal por meio da Lei do Audiovisual e da Lei Rouanet, R$ 50 milhões em parceria com empresas privadas e R$ 63 milhões de empresas estatais.

Disputa

Os dias que antecederam a cerimônia de hoje foram marcados por uma disputa pela Ancine, futura Ancinav. A agência reguladora estava funcionando no âmbito da Casa Civil, mas também era pleiteada pelo Ministério do Desenvolvimento. Acabou ficando com a Cultura.

Antes da fala de Lula, o ministro José Dirceu (Casa Civil) discursou e admitiu que foi tentado a manter a Ancine na sua pasta.

"Quero confessar que fui tentado muitas vezes durante esses meses a manter a Ancine na Casa Civil. Não porque não estivesse seguro se ela deveria estar, como estará, no Ministério da Cultura, mais ainda com Gilberto Gil como ministro. Acredito que qualquer um de nós teria esse mesmo sentimento que eu tive", afirmou Dirceu.

Ele revelou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o aconselhou a concordar com a transferência da Ancine para o Ministério da Cultura.

Gil afirmou que não houve disputa em torno da Ancine, mas elogiou a postura de Dirceu. "Não houve disputa. A declaração do ministro Dirceu foi prova do reconhecimento que ele tem da importância da cultura, não só da instituição cultural, como da instituição pública de governo que é o ministério. Para nós é uma prova de prestígio", disse o ministro da Cultura.

Lula também comentou as dificuldades para tomar a decisão sobre o lugar ideal para a agência. "Não pensem que é fácil fazer a transferência de um órgão importante de um ministério para outro ministério. Tem sempre a idéia de que esse ou aquele ministério é o lugar ideal para determinada atividade. Em se tratando de cinema e audiovisual eu acho que nós temos que fazer a experiência que estamos fazendo que é vincular a Ancine ao Ministério da Cultura", disse.

Lula cineasta

No final da solenidade, Lula visitou um set de filmagem e manejou uma câmera Reflex 35mm digital de cinema. Ele pegou o equipamento e gravou imagens dos convidados. A câmera pertence ao cineasta Walter Carvalho. Ministros e demais convidados posaram para o presidente.

Lula se empolgou e rodou o Salão Nobre inteiro com a câmera no ombro direito, justamente o afetado pela bursite, doença que incomoda o presidente desde a campanha eleitoral. Carvalho revelou que a "filmagem" de Lula não estava no programa.

"A minha idéia é pedir para o presidente colocar a câmera no ombro quando ele vier visitar o set de filmagem. Eu tenho bursite no ombro também", disse o cineasta.

Depois, o presidente colocou na cabeça um boné preto da ABD (Associação Brasileiro dos Documentaristas) para ser filmado pelas emissoras de TV.

Cacá Diegues, Luiz Carlos Barreto, Zelito Viana, Tizuka Yamazaki, Carla Camurati, Antônio Pitanga e Patrícia Pillar participaram da cerimônia.

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