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31/10/2003
-
08h02
THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo
A essa altura do campeonato, após tudo o que já foi falado e festejado e analisado sobre eles, depois que as músicas de seu segundo disco invadiram a internet semanas antes de o álbum chegar às lojas, melhor cortar a enrolação e ir direto: "Room on Fire" é --sem brincadeira-- melhor do que "Is This It".
Para colocar as coisas em perspectiva: "Is This It", o CD de estréia dos Strokes, (e dá para falar isso tranquilamente hoje, dois anos depois) causou estrago no mundo pop que não se testemunhava desde que o Nirvana lançou "Nevermind" em 1991.
O disco era musicalmente ótimo, mas seu encanto vinha principalmente desse arrebate: da surpresa de ouvir cinco caras tocando garage rock ao mesmo tempo tão cheio de referências e tão atual; a originalidade que chegava quase exclusivamente da eletrônica ganhava complemento com as guitarras nada ostentatórias e cheias de sutilezas do grupo nova-iorquino. O básico (não confundir com simplório ou reacionário) dava as cartas novamente.
Agora, sem o fator novidade jogando a favor, aparece este "Room on Fire". Vem na mesma linha de "Is This It", mas ganha porque segue adiante.
Inicia com Julian Casablancas num quase lamento, "Eu quero ser esquecido/ E não quero ser lembrado", os versos de "What Ever Happened?". No meio de sequências espertas e minimalistas de guitarra e bateria, continua: "Isso é mesmo verdadeiro?/ Eles nos ofenderam e querem que isso soe como algo novo?".
"Reptilia", a segunda, é, talvez, a "menos Strokes" que a banda já fez. Segue reta, sem as variações suingadas das outras canções do grupo; lembra Sonic Youth.
Esse "lembra alguma coisa", longe de pejorativo, só reforça a importância dos Strokes para o rock atual. Porque o Sonic Youth nunca faria "Reptilia" soar do jeito que é, pelo menos não em 2003; o Police daria um Sting para qualquer um em troca de uma música como "Automatic Stop"; "Under Control" é a pérola soul da qual Beck está à procura há anos.
E não pára aí. Desesperadas e turbulentas, "You Talk Way Too Much", "The End Has No End", "The Way It Is" são punk, new wave, Smiths, tudo junto; "12:51" gruda na cabeça; a paradinha no meio de "Meet Me in the Bathroom" é de tirar o fôlego; "I Can't Win", que encerra o álbum, é das canções mais dançantes e satisfatórias do rock recente.
"Room on Fire" dura por apenas 33 minutos, e é exatamente isso o que o Strokes é: uma banda concisa, sólida, que não desperdiça tempo com excessos e cujas músicas são do jeito que são porque simplesmente não há como melhorá-las.
Avaliação:
Room on Fire
Artista: The Strokes
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 33, em média
Crítica: Sutil, Strokes não perde tempo com excessos
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da Folha de S.Paulo
A essa altura do campeonato, após tudo o que já foi falado e festejado e analisado sobre eles, depois que as músicas de seu segundo disco invadiram a internet semanas antes de o álbum chegar às lojas, melhor cortar a enrolação e ir direto: "Room on Fire" é --sem brincadeira-- melhor do que "Is This It".
Para colocar as coisas em perspectiva: "Is This It", o CD de estréia dos Strokes, (e dá para falar isso tranquilamente hoje, dois anos depois) causou estrago no mundo pop que não se testemunhava desde que o Nirvana lançou "Nevermind" em 1991.
O disco era musicalmente ótimo, mas seu encanto vinha principalmente desse arrebate: da surpresa de ouvir cinco caras tocando garage rock ao mesmo tempo tão cheio de referências e tão atual; a originalidade que chegava quase exclusivamente da eletrônica ganhava complemento com as guitarras nada ostentatórias e cheias de sutilezas do grupo nova-iorquino. O básico (não confundir com simplório ou reacionário) dava as cartas novamente.
Agora, sem o fator novidade jogando a favor, aparece este "Room on Fire". Vem na mesma linha de "Is This It", mas ganha porque segue adiante.
Inicia com Julian Casablancas num quase lamento, "Eu quero ser esquecido/ E não quero ser lembrado", os versos de "What Ever Happened?". No meio de sequências espertas e minimalistas de guitarra e bateria, continua: "Isso é mesmo verdadeiro?/ Eles nos ofenderam e querem que isso soe como algo novo?".
"Reptilia", a segunda, é, talvez, a "menos Strokes" que a banda já fez. Segue reta, sem as variações suingadas das outras canções do grupo; lembra Sonic Youth.
Esse "lembra alguma coisa", longe de pejorativo, só reforça a importância dos Strokes para o rock atual. Porque o Sonic Youth nunca faria "Reptilia" soar do jeito que é, pelo menos não em 2003; o Police daria um Sting para qualquer um em troca de uma música como "Automatic Stop"; "Under Control" é a pérola soul da qual Beck está à procura há anos.
E não pára aí. Desesperadas e turbulentas, "You Talk Way Too Much", "The End Has No End", "The Way It Is" são punk, new wave, Smiths, tudo junto; "12:51" gruda na cabeça; a paradinha no meio de "Meet Me in the Bathroom" é de tirar o fôlego; "I Can't Win", que encerra o álbum, é das canções mais dançantes e satisfatórias do rock recente.
"Room on Fire" dura por apenas 33 minutos, e é exatamente isso o que o Strokes é: uma banda concisa, sólida, que não desperdiça tempo com excessos e cujas músicas são do jeito que são porque simplesmente não há como melhorá-las.
Avaliação:
Room on Fire
Artista: The Strokes
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 33, em média
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