Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/11/2003 - 09h01

"Linha Direta" recria morte de Zuzu Angel

Publicidade

CLÁUDIA CROITOR
free-lance para a Folha, do Rio

Em vez de anônimos que tiveram parentes assassinados por um conhecido que hoje é foragido da Justiça, desta vez é o ministro da Defesa, José Viegas, quem vai dar seu depoimento ao "Linha Direta", da Rede Globo.

O programa policial, que vai ao ar nas noites de quinta com audiências que giram em torno dos 25 pontos no Ibope, vai reconstituir o caso da estilista Zuzu Angel, morta em abril de 1976 em um suposto acidente de carro no Rio de Janeiro --as circunstâncias de sua morte, até hoje não totalmente esclarecidas, apontam para um assassinato planejado por membros do governo militar. Em seu depoimento, Viegas condena o fato e fala das mudanças que ocorreram nas Forças Armadas.

A história de Zuzu vai ao ar no próximo dia 27 na edição "Justiça", do "Linha Direta", que retrata crimes que ficaram famosos. O assassinato da milionária Dana de Teffé e da socialite Ângela Diniz já foram temas de programas anteriores.

Zuzu Angel era uma estilista conhecida internacionalmente que teve o filho, o ativista político Stuart Angel Jones, preso, torturado e morto pelo regime militar. Ele foi tido como desaparecido por vários anos, nos quais Zuzu iniciou uma campanha para denunciar torturas e assassinatos cometidos pelo governo da época.

"Quisemos dar um tom jornalístico à história. Procuramos não fazer um engrandecimento de qualquer um dos envolvidos nem amenizar a realidade", afirma Milton Abirached, diretor-geral do "Linha Direta".

Segundo ele, um dos cuidados do programa --cujo mote é exibir reconstituições dos crimes, com depoimentos de envolvidos, parentes das vítimas e testemunhas, além de incentivar denúncias sobre o paradeiro dos acusados foragidos-- foi não mostrar cenas que pudessem chocar o público.

Segundo depoimento do ex-preso político Alex Polari de Alverga, que teria presenciado a cena, o filho de Zuzu Angel morreu após ter sido arrastado pela Base Aérea do Galeão, no Rio, na traseira de um jipe, com o rosto colado no cano de escapamento.

"Para não ficar muito explícita, a cena é mostrada de uma janelinha, tal como foi vista por Alex. Não quero ficar repugnando o público, as histórias já são muito chocantes", diz Abirached. A cena do Galeão foi gravada no autódromo de Jacarepaguá.

Alverga, que já contou a história da morte de Stuart no documentário "Sonia Morta e Viva" (1985), de Sérgio Waisman, desta vez não quis dar seu depoimento ao programa. As gravações, que terminaram há uma semana, incluem depoimentos do escritor Zuenir Ventura, da jornalista Hildegard Angel, filha de Zuzu, do ex-líder estudantil Wladimir Palmeira e da cineasta Lúcia Murat, entre outros. Também participa uma das testemunhas da batida de carro que matou Zuzu, também reconstituída no programa.

Nenhum dos militares que na época estiveram envolvidos com o caso quis falar ao programa.

Na reconstituição, estarão representadas figuras como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, a quem a estilista pediu ajuda para dar visibilidade ao caso do filho e tentar saber de seu paradeiro.

O "Linha Direta", que normalmente usa atores desconhecidos nas reconstituições, desta vez colocou Zezé Polessa no papel de Zuzu Angel. "Achamos que ela merecia uma atriz de peso", diz o diretor do programa.

Leia mais
  • Erramos: "Linha Direta" recria morte de Zuzu Angel
  • Estilista denunciou torturas e mortes em quartéis
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página