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04/01/2004 - 08h51

Minissérie desvenda passado de São Paulo

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RODRIGO RAINHO SILVA
free-lance para a Folha

Parte da história do povoado de São Paulo de Piratininga, fundado pelos padres da Companhia de Jesus em 25 de janeiro de 1554 e que se transformou na maior metrópole industrial brasileira nos séculos seguintes, será narrada pela Globo a partir desta terça, às 21h55, com a estréia da minissérie "Um Só Coração". A autora, Maria Adelaide Amaral, diz que "não é uma saga sobre os imigrantes, mas uma história sobre a relação deles com as personalidades que fizeram a cultura a partir de 1922".

Dirigida por Carlos Araújo, a trama mistura personagens reais e fictícios entre 1922 e 1954. A protagonista é a personagem real Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), que com sua determinação, inteligência e beleza provocou escândalo na sociedade paulista da época: após descobrir a traição do marido, o personagem fictício Fernão (Herson Capri), decide pelo desquite num tempo em que muitas se resignavam.

O ator Erik Marmo interpreta o fictício Martim, grande paixão de Yolanda, um estudante anarquista de medicina. Mas o destino os separa, e ela encontra Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, dono do maior parque industrial de São Paulo e fundador do MAM (Museu de Arte Moderna), em 1948. Na minissérie, ambos mantêm uma relação de admiração e respeito mútuos, além do espírito empreendedor nas artes.

As aventuras amorosas de Ciccillo e o amor de Yolanda por Martim não afetam a amizade do casal, na visão da autora e de seu parceiro, Alcides Nogueira.

Os outros núcleos de "Um Só Coração" mostram perfis e histórias de outros personagens, históricos ou fictícios (a tal licença poética a que os autores se reservam).

A família fictícia Sousa Borba representa a decadência da sociedade paulista após o crack da Bolsa de Nova York, em 1929. Morador de um casarão no bairro de Campos Elíseos, coronel Totonho (Tarcísio Meira) é um dos donos de fazenda de café da época que perdem tudo e se decide por um trágico desfecho: o suicídio.

Dos seus cinco filhos, Rodolfo (Marcelo Anthony) é o mais velho e conta com mais liberdade e confiança do pai; Maria Luíza (Letícia Sabatella), apaixonada pelo pintor pobre Madiano (Ângelo Antônio), e Bernardo (Daniel de Oliveira), simpatizante do anarquismo, sofrem severa censura do patriarca. A bela Ana Schmidt (Maria Fernanda Cândido) é uma moça humilde que também é perseguida pelas críticas de conservadores por posar para pintores.

O casarão é um símbolo da transformação da cidade. Após a crise de 29, o palacete vira um bordel e, após a década de 30, uma pensão, que recebe os imigrantes judeus Lídia (Helena Ranaldi), Rachel (Débora Falabella) e Samuel (Sérgio Viotti). Ali também vivem outros imigrantes, como os japoneses da família Fujihara.

Entre os grandes momentos históricos resgatados, há capricho especial com a Semana de Arte Moderna de 1922, marco da cultura brasileira. A minissérie reproduz 30 obras da época, além de personagens-chave como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Assis Chateaubriand e outros.

"Um Só Coração" recebeu da Globo tratamento de superprodução. A cena que remonta a invasão de militares insatisfeitos com políticas do governo central, em 1924, conta com cerca de 350 figurantes que ocuparam o centro histórico de Santos, local escolhido para as gravações. É um dos destaques das tomadas de ação de "Um Só Coração", que agora tenta repetir o sucesso de "A Casa das Sete Mulheres", sob o pretexto de homenagear São Paulo, menina-dos-olhos do mercado publicitário da TV brasileira.

Para Milú Villela, presidente do MAM, "é um orgulho ter São Paulo, mais uma vez, como tema de minissérie". Ela organizou, em parceria com a Globo, a mostra "Um Só Coração, uma História de Amor com São Paulo", um acervo de 30 obras do museu, fotografias, figurinos, réplicas de jóias e vídeos, aberto ao público no MAM até 18 de janeiro.

UM SÓ CORAÇÃO - Minissérie de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira
Quando: terça, às 21h55, na Globo
 

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