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15/04/2004 - 09h00

Renato Borghi passa em revista 45 anos de palco

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Em criança, seis, sete anos, ouviu o chamado artístico pela voz de Dalva de Oliveira (1917-72). Hoje, aos 67, corpo miúdo de sempre, Renato Borghi interpreta a canção como personagem de si mesmo na abertura do espetáculo "Borghi em Revista".

O ator, e não o cantor que sempre sonhara ser, completa 45 anos de teatro com o projeto autobiográfico que estréia hoje em São Paulo, para convidados, no Centro Cultural Banco do Brasil.

Ele já escreveu uma peça em homenagem à sua musa, o musical "A Estrela Dalva" (1987), com Marília Pêra. Também rasgou boleros da cantora no solo "Senhora do Camarim" (1995).

As reminiscências do carioca Borghi (claro, ele não deixou de lado a descoberta do teatro de revista) passam pela quase-gravação de um disco, em 1958, quando um empresário o contratou para temporada na boate Cave, casa cativa de Elizeth Cardoso.

Mas o destino lhe pregou uma: estudava canto com dona Alice Pinker, mãe da atriz Nydia Lícia, mulher do lendário Sérgio Cardoso na companhia do casal que montaria no Rio "Chá e Simpatia", de Robert Anderson.

Depois de informá-lo sobre a abertura de testes para o protagonista, dona Pinker lhe perguntou: "Renato, por que você não faz?". E Borghi foi para o Rio ser artista de teatro na vida.

Naquele mesmo ano, retomou em São Paulo as aulas na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Nas "arcadas", conheceu José Celso Martinez Corrêa, Amir Haddad e outros.

Eles fundaram o grupo amador Oficina. Consegue os direitos da peça "A Engrenagem", de Jean-Paul Sartre, encenada por Boal em 1960. Em seguida, Zé Celso escreve "A Incubadeira", na qual Borghi atua sob direção de Haddad, hoje diretor do grupo carioca Tá na Rua.

A estréia profissional do Oficina se dá em agosto em 1961, já na rua Jaceguai, 520, no Bexiga, com "A Vida Impressa em Dólar", de Clifford Odets, a estréia de Zé Celso na direção.

Antropofagia

A contracenação com o grupo vai até 1972, quando atua em "Gracías, Señor", criação coletiva, e "As Três Irmãs", de Tchecov. "O Zé descobriu a força do coro antropofágico, começou a ficar maravilhado com essa experiência, enquanto eu caminhei mais para a representação, para o ator, e menos para um ator-comunicador que usa técnicas de interação", afirma Borghi.

Sucedem-se os ciclos dos grupos Teatro Vivo e Resistência, ao lado da ex-mulher, a também atriz Esther Góes. Montam autores ligados ao momento de resistência, como Bertolt Brecht, Gianfrancesco Guarnieri e Consuelo de Castro.

Nos anos 90, reata o espírito de grupo com o Teatro Promíscuo, que culmina com a realização da Mostra de Dramaturgia Contemporânea em 2002.

O roteiro de "Borghi em Revista" tende à cronologia dos anos 40 ao presente, na ponte Rio-SP, mas não se quer didático. Elcio Nogueira Seixas, que também assina a direção, dá margem ao improviso e carisma do ator.

Borghi não está sozinho. O filho Ariel Borghi ora o entrevista informalmente, ora se integra à cena como personagem. Projeção de imagens pinçadas de arquivos institucionais e pessoais (Cacilda Becker, cenas de "O Rei da Vela" etc) reafirmam ainda um painel da história do teatro no país.

BORGHI EM REVISTA
Onde:
Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo - teatro (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: estréia hoje, para convidados; temporada a partir de amanhã; de qui. a sáb., às 20h; dom., às 19h; até 6/6
Quanto: R$ 15
Patrocinador: CCBB-SP

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