Publicidade
Publicidade
01/05/2004
-
08h59
ALEXANDRE MATIAS
free-lance para a Folha
Ao mesmo tempo em que "A Paixão de Cristo" ultrapassa o meio bilhão de dólares arrecadado em todo o mundo em menos de três meses após seu lançamento (já entre os 25 filmes mais rentáveis de todos os tempos), outro fenômeno pop começa a crescer ao redor de uma polêmica envolvendo Jesus Cristo.
Com 10 milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, "O Código Da Vinci" não completou um mês de lançamento no Brasil e já ultrapassa a casa dos 50 mil livros vendidos. Mas, se o filme de Mel Gibson se baseia em uma adaptação quase literal do Novo Testamento, o romance do autor norte-americano Dan Brown usa a ficção para lançar suspeita não apenas sobre a natureza sagrada do messias cristão, mas sobre toda a instituição católica.
Baseando-se na sociedade secreta do Priorado de Sião (que teve, entre seus integrantes, nomes como Isaac Newton, Leonardo da Vinci e Victor Hugo), Brown desconstrói vários segredos históricos usando ciências de pouco apelo popular, como a hagiografia, a história da arte e a criptografia, com um ritmo de texto preciso e o excesso de referências quase obrigatório nesta época de best-sellers pós-modernos.
O segredo do sucesso é parente direto de outras grifes da virada do milênio, como "Matrix", "Senhor dos Anéis" e "Harry Potter": reunir referências populares, históricas e míticas em um enredo dinâmico, cuja série de desdobramentos acompanhe o mesmo ritmo da ação dos personagens.
"O Código Da Vinci" começa com um assassinato no Museu do Louvre, em Paris, que ocorre ao mesmo tempo em que o professor Robert Langdon visita a cidade. Langdon é um acadêmico transformado em popstar das letras quando seus livros ("A Arte dos Iluminatti" e "A Simbologia das Seitas Secretas") provocam controvérsias envolvendo o Vaticano. Sua estada na capital francesa leva ao encontro da criptóloga Sophie Neveu, a neta do assassinado, que era curador do museu.
O assassinato é o ponto de partida para descobertas cujo fio da meada são obras de Leonardo da Vinci. Citar o mestre italiano é um dos trunfos do livro, já que as evidências da conspiração realmente existem nos quadros citados, que não são desconhecidos. Tanto a "Mona Lisa" quanto a "Santa Ceia" têm papel central no romance.
A agilidade do texto de Brown é proporcional à sua capacidade de citar referências eruditas sem a empáfia característica dos eruditos. E elas vêm em quantidade e velocidade. "O Código Da Vinci" é uma vertiginosa descida aos maiores segredos da história ocidental, que, tirando o fôlego do leitor, desvenda o que o autor se refere como "a maior conspiração dos últimos 2.000 anos" --que Jesus Cristo era um mero mortal e que sua santidade foi construída através dos tempos, para justificar o poder da Igreja Católica.
O livro posiciona Dan Brown entre autores de naturezas opostas como Umberto Eco e Robert Lundlum, escritores que equilibraram citações históricas, artísticas e religiosas, ritmo de romance policial e apelo popular sem se prender a um gênero literário específico. Não é todo dia que se tem vontade de reler um livro de quase 500 páginas pelo simples prazer da leitura.
"É uma espécie de 'Harry Potter' para adultos", resume o editor Marcos da Veiga Pereira, que lançou o livro no país. Na esteira do sucesso do livro, a editora Sextante planeja lançar em novembro o livro anterior de Brown, protagonizado pelo mesmo Robert Langdon, "Angels and Demons".
O CÓDIGO DA VINCI
Autor: Dan Brown
Editora: Sextante
Quanto: R$ 39 (480 págs.)
Romance conspiratório vira fenômeno pop
Publicidade
free-lance para a Folha
Ao mesmo tempo em que "A Paixão de Cristo" ultrapassa o meio bilhão de dólares arrecadado em todo o mundo em menos de três meses após seu lançamento (já entre os 25 filmes mais rentáveis de todos os tempos), outro fenômeno pop começa a crescer ao redor de uma polêmica envolvendo Jesus Cristo.
Com 10 milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, "O Código Da Vinci" não completou um mês de lançamento no Brasil e já ultrapassa a casa dos 50 mil livros vendidos. Mas, se o filme de Mel Gibson se baseia em uma adaptação quase literal do Novo Testamento, o romance do autor norte-americano Dan Brown usa a ficção para lançar suspeita não apenas sobre a natureza sagrada do messias cristão, mas sobre toda a instituição católica.
Baseando-se na sociedade secreta do Priorado de Sião (que teve, entre seus integrantes, nomes como Isaac Newton, Leonardo da Vinci e Victor Hugo), Brown desconstrói vários segredos históricos usando ciências de pouco apelo popular, como a hagiografia, a história da arte e a criptografia, com um ritmo de texto preciso e o excesso de referências quase obrigatório nesta época de best-sellers pós-modernos.
O segredo do sucesso é parente direto de outras grifes da virada do milênio, como "Matrix", "Senhor dos Anéis" e "Harry Potter": reunir referências populares, históricas e míticas em um enredo dinâmico, cuja série de desdobramentos acompanhe o mesmo ritmo da ação dos personagens.
"O Código Da Vinci" começa com um assassinato no Museu do Louvre, em Paris, que ocorre ao mesmo tempo em que o professor Robert Langdon visita a cidade. Langdon é um acadêmico transformado em popstar das letras quando seus livros ("A Arte dos Iluminatti" e "A Simbologia das Seitas Secretas") provocam controvérsias envolvendo o Vaticano. Sua estada na capital francesa leva ao encontro da criptóloga Sophie Neveu, a neta do assassinado, que era curador do museu.
O assassinato é o ponto de partida para descobertas cujo fio da meada são obras de Leonardo da Vinci. Citar o mestre italiano é um dos trunfos do livro, já que as evidências da conspiração realmente existem nos quadros citados, que não são desconhecidos. Tanto a "Mona Lisa" quanto a "Santa Ceia" têm papel central no romance.
A agilidade do texto de Brown é proporcional à sua capacidade de citar referências eruditas sem a empáfia característica dos eruditos. E elas vêm em quantidade e velocidade. "O Código Da Vinci" é uma vertiginosa descida aos maiores segredos da história ocidental, que, tirando o fôlego do leitor, desvenda o que o autor se refere como "a maior conspiração dos últimos 2.000 anos" --que Jesus Cristo era um mero mortal e que sua santidade foi construída através dos tempos, para justificar o poder da Igreja Católica.
O livro posiciona Dan Brown entre autores de naturezas opostas como Umberto Eco e Robert Lundlum, escritores que equilibraram citações históricas, artísticas e religiosas, ritmo de romance policial e apelo popular sem se prender a um gênero literário específico. Não é todo dia que se tem vontade de reler um livro de quase 500 páginas pelo simples prazer da leitura.
"É uma espécie de 'Harry Potter' para adultos", resume o editor Marcos da Veiga Pereira, que lançou o livro no país. Na esteira do sucesso do livro, a editora Sextante planeja lançar em novembro o livro anterior de Brown, protagonizado pelo mesmo Robert Langdon, "Angels and Demons".
O CÓDIGO DA VINCI
Autor: Dan Brown
Editora: Sextante
Quanto: R$ 39 (480 págs.)
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice