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28/07/2004 - 16h52

Cartunista argentino Quino completa 50 anos de carreira

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da France Presse, em Buenos Aires

Joaquín "Quino" Lavado, o mais universal dos chargistas argentinos, festeja com uma exposição-homenagem em Buenos Aires seus 50 anos de carreira, durante a qual presenteou o mundo com a popular personagem Mafalda, que foi traduzida em mais de 20 idiomas.

A exposição retrospectiva aberta ao público hoje no Palais de Glace inclui desde a primeira charge publicada na revista "Esto es", em 1954, até suas tiras mais recentes.

A fama de Quino não reconhece fronteiras geográficas ou culturais. De acordo com uma história não confirmada, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura, teria dito a seguinte frase: "Depois de ler Mafalda, entendi que o mais parecido com a felicidade é a quinoterapia".

Suas personagens, desde a estrela Mafalda, passando por seus companheiros Manolito, Felipe, Susanita e Libertad, entre outros, são lidas em mais de 20 línguas em histórias que versam sobre o amor, a guerra, a liberdade, a repressão, a psicanálise, o feminismo, a religião e o sexo.

Quino, que mora em Madri e está visitando Buenos Aires para inaugurar a mostra, ainda se surpreende com a repercussão de sua obra em países com culturas tão díspares.

"A temática de Mafalda está muito vinculada a certos temas argentinos e sempre me perguntei como era entendido em outras culturas", afirma.

"Pessoas de todas as partes me disseram que os problemas de Mafalda e sua família são iguais em seus países, mas devo admitir que, no caso da China, isso ainda me surpreende", explica.

O desenhista admite que foi difícil trabalhar durante 50 anos em épocas de censura num país tão instável institucionalmente como a Argentina e reconhece que em alguns casos a opção foi a autocensura.

"A censura é algo com o qual convivi desde que comecei a trabalhar. Nas primeiras redações em que entrei, me advertiram de cara que alguns temas, como sexo, os militares e a repressão, não podiam ser usados", diz.

"Porém, esta situação obriga você a se autocensurar e a encontrar maneiras de evitar o controle, como no caso da sopa da Mafalda, que para mim era uma metáfora do autoritarismo militar", afirma.

A exposição exibe um cartaz no qual Mafalda afirma que o cassetete de um policial é um objeto de apagar ideologias. Em 1975, um dos serviços de inteligência do Estado encheu Buenos Aires com um cartaz no qual Manolito aparecia ao lado de um policial e respondia: "Vê, Mafalda. Graças a este objeto podes ir tranqüila ao colégio".

Ao ser perguntado qual o desenho que lhe traz as melhores lembranças, Quino responde: "Há um no qual uma mulher aristocrática pede à sua empregada que arrume um quadro que é a reprodução do Guernica; a empregada arruma e tudo fica tão certinho que o quadro se transforma numa imagem pacífica".

Em meio século de existência, Mafalda passou pelas grandes mudanças do mundo e, desde as páginas amareladas das publicações do meio do século passado, chegou ao ciberespaço.

O site de buscas Google, por exemplo, registra 40.700 páginas da personagem, o que representa quase o dobro dos sites encontrados com o nome de seu criador.

Especial
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