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02/08/2004 - 06h12

Natureza-morta sai da pintura por mãos contemporâneas em "Still Life"

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Um dos mais tradicionais gêneros da pintura, a natureza-morta, ganha uma retrospectiva a partir de trabalhos contemporâneos, em sua maioria obras criadas sem o uso de pincéis.

De certo modo, a exposição segue a discussão iniciada, recentemente, no Paço das Artes, em "Pintura Reencarnada" (com curadoria de Angélica de Moraes), sem, no entanto, assumir que a pintura morreu --afinal só reencarna o que já morreu. E melhor, ao contrário da mostra no Paço, a exposição no Sesi traz bons destaques da pintura contemporânea, como o inglês Nigel Cooke e a brasileira Beatriz Milhazes.

Em "Still Life/Natureza-Morta", as curadoras Ann Gallagher e Katia Canton apresentam trabalhos que mantêm a temática típica da natureza-morta, como flores, alimentos e objetos, mesmo que muitos de seus autores não tenham realizado suas obras como uma referência direta a esse gênero da pintura.

"Provavelmente, a maioria dos artistas aqui representados não criaram seus trabalhos pensando nesse gênero da pintura, mas não há dúvida de que, pela forma de organização, o que vemos é uma natureza-morta", conta Gallagher. Há dois anos, a curadora já havia apresentado uma mostra no mesmo estilo, só que a partir do tema paisagem, no Museu de Arte de São Paulo, o Masp.

Reunião

"Still Life/Natureza-Morta" apresenta 50 artistas, 33 brasileiros e 17 britânicos, a partir de pesquisas isoladas das curadoras. "Tanto eu como a Ann já estávamos desenvolvendo uma investigação parecida. Eu já havia trabalhado com o gênero do auto-retrato e ela com o da paisagem. Coincidentemente, ambas estávamos organizando exposições sobre natureza-morta. Assim, reunimos nossas duas pesquisas nesta mostra", diz Canton, curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, uma das instituições a organizar a exposição. A outra é o British Council, de Londres, onde Gallagher é curadora. Sua parte da mostra está em itinerância pela América Latina.

Entretanto, apesar de terem partido de seleções de forma autônoma --Canton com brasileiros e Gallagher com britânicos--, as curadoras optaram por misturarem os artistas nos cinco módulos da mostra.

Origem

Foi no século 17 que a palavra holandesa "stilleven" surgiu e deu origem ao termo inglês "still life", para designar um tipo de pintura que retratava objetos inanimados do cotidiano. Em seguida, o termo francês "nature morte" apareceu para representar a mesma forma de definição, dando origem ao termo português natureza-morta. Mesmo entre as vanguardas do início do século 20, como o cubismo, a representação de objetos banais, como instrumentos musicais e garrafas, foi constante.

"O estilo natureza-morta foi revolucionário, pois foi a primeira vez que se usou objetos do cotidiano na história da arte", afirma Gallagher, também curadora responsável pela exposição de Rachel Whiteread, no Museu de Arte Moderna, que esteve em cartaz no início deste ano.

Para a exposição no Sesi, as curadoras buscaram selecionar obras que transcendam as meras representações realistas da natureza-morta.

"Partimos de princípios de oposição, em como um objeto pode ser banal e, ao mesmo tempo, possuir representações mais profundas", diz Canton.

Um exemplo é o trabalho do inglês Simon Starling que, em cinco fotos, retrata plantas denominadas rododendros, originárias da Espanha. Durante o século 18, essa espécie foi introduzida na Inglaterra, e o artista, de carro, faz o caminho de volta e documenta esse percurso.

Outra das preocupações da curadoria é tornar a mostra compreensível para o grande público, especialmente crianças. Além de dois catálogos, um com brasileiros e outro com ingleses, também está sendo lançado o livro infantil "Mesa de Artista" (Cosac&Naify, 48 págs.).

"Não se trata de uma exposição apenas para quem conhece arte, mas para todo mundo que passa na rua", afirma Canton.

STILL LIFE/NATUREZA-MORTA. Mostra com 50 artistas, brasileiros e britânicos, que se utilizam de um dos mais tradicionais gêneros da pintura. Curadoria: Ann Gallagher e Katia Canton. Quando: abertura, hoje (para convidados); de ter. a sáb., das 10h às 20h, dom., das 10h às 19h. Até 7/11. Onde: Galeria de Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7405). Quanto: entrada franca.

Especial
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