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23/08/2004 - 09h53

Imagem real inspirou "O Grito", revelou Edvard Munch

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JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo

Edvard Munch foi o primeiro artista escandinavo a obter reconhecimento internacional e também o dono de uma prolífica produção que inclui cerca de mil telas e centenas de gravuras. Sua obra foi uma das sínteses da aversão de uma geração de artistas que revoltou-se no final do século 19 contra a ditadura do figurativismo na tradição acadêmica.

Divulgação
Quadro "O Grito"


Apontado como o primeiro grande nome do expressionismo alemão --viveu em Berlim entre 1892 e 1895--, Munch é também um caso exemplar de personagem martirizado pela visão escatológica da vida, pelo pessimismo e pela melancolia.

"O Grito", em suas três versões semelhantes, retrata um personagem esquálido, com as duas mãos tapando os ouvidos, a boca aberta em forma oval e, ao fundo, um céu formado por faixas espessas com predominância de vermelho e amarelo.

Em seu diário, Munch disse ter se inspirado em cena que presenciou durante uma caminhada nas imediações de Cristiania, nome pelo qual em 1893 era conhecida a cidade de Oslo.

As cores, freqüentes no horizonte dos crepúsculos de outono nos países nórdicos, foram em 2003 atribuídas, por astrônomos americanos, aos efeitos de uma explosão vulcânica ocorrida na Indonésia.

Mas em termos estéticos o detalhe é idiota e irrelevante. O que vale é a forma econômica com que Munch trabalha com seus traços espessos, de modo a "reconstruir" uma cena em que os acadêmicos registrariam uma infinidade de detalhes.

Essa "simplificação" da percepção da paisagem e do personagem que a ocupa também está presente em telas de Gauguin e Toulouse-Lautrec.

A biografia do pintor apresenta traços também bastante fortes. A tuberculose que matou a mãe e uma das irmãs, a demência de uma outra irmã, o niilismo sexual dos pintores com quem conviveu na Alemanha e o alcoolismo que o levou à internação na Dinamarca.

A partir de 1910, fixado novamente na Noruega, falou-se bem menos dele e de seu trabalho, que prosseguiu de forma incessante até sua morte em 1944, aos 80 anos, sem ligar para o fato de, em 1937, o nazismo tê-lo enquadrado na chamada "arte degenerada".

Teve tempo de legar a produção mantida em seu estúdio à Prefeitura de Oslo. Ela foi a base do acervo para a abertura, em 1963, do Museu Munch, onde ontem uma versão de "O Grito" foi roubada.

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