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11/11/2004 - 09h31

Quino e Mafalda comemoram aniversários em Paris

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MARÍA CARMONA
da France Presse, em Paris

"Há os que dizem que os desenhistas trabalham melhor sob a ditadura porque esta nos faz encontrar linguagens sutis, mas eu não acho, prefiro trabalhar em liberdade", disse Quino na festa organizada na noite de terça-feira (9), em Paris, para comemorar seus 50 anos de carreira e os 40 de sua personagem principal, Mafalda.

Quino falou de sua vocação e de sua carreira. "Desenho porque falo mal. Sempre tive dificuldades para me expressar com as palavras, assim escolhi o desenho".

"Aos três anos, desenhei o meu tio. Descobri que de alto tão simples quanto um lápis podiam sair pessoas, cavalos, trens, montanhas... Um lápis é algo maravilhoso", disse.

Ao falar da censura que sofreu na Argentina "não com Mafalda, mas com outros desenhos", reforçou: "Há aqueles que dizem que os desenhistas trabalham melhor sob a ditadura porque isto nos faz encontrar linguagens sutis, mas eu não penso assim, prefiro trabalhar em liberdade".

"Na Argentina tive que me auto-censurar, porque quando comecei a desenhar em Buenos Aires, me disseram claramente 'nada de militares, nada de religião, nada de sexo'. E então, eu falava de tudo isso de outra forma".

Quanto à sua personagem mais famosa, Mafalda, Quino disse ter dificuldade de imaginá-la com 40 anos, mas muitos de seus colegas o fizeram por ele.

O presente de aniversário que Quino recebeu na festa organizada pela editora Glénat, na noite de terça-feira, na Casa da América Latina, em Paris, foram 16 desenhos de Mafalda, criada por 16 diferentes cartunistas.

Os desenhos são tema de uma exposição na instituição, completada pelas primeiras edições dos desenhos de Quino.

Joaquin Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, nasceu em Mendoza (Argentina) em 1932, publicou seu primeiro desenho em 9 de novembro de 1954 na revista "Esto Es". Dez anos depois, em 1964, nascia Mafalda, que nunca envelheceu e cujo inconformismo continua tendo, 40 anos depois, uma incrível atualidade.

Mafalda nasceu quase por acaso. Em 1963, publicitários da empresa de eletrodomésticos Mansfield tiveram a idéia de promover seus produtos por meio dos quadrinhos e pediram que Quino criasse a personagem. Ela deveria ter um nome que começasse com a letra M para fixar a marca. Quino escolheu o nome de uma das personagens do romance "Dar la Cara", do compatriota David Viñas.

A campanha nunca deslanchou, mas o criador já tinha dado vida à criatura e os quadrinhos de Mafalda começaram a ser regularmente publicadas em 1964 no semanário "Primera Plana" e no jornal "El Mundo" de Buenos Aires. Em 1966 foi publicado o primeiro álbum.

Em 1973, Quino decidiu pôr um fim aos desenhos de Mafalda, que então tinha apenas 9 anos.

"Deixei de desenhar Mafalda porque sinto que me repetia", disse ele nesta terça-feira.

Porém, traduzidas em 20 idiomas e com milhões de exemplares vendidos, as aventuras de Mafalda e seus amigos continuam sendo lidas em todo o mundo e, até hoje, não perderam nem um pouco do humor e da pertinência que tinham desde a sua criação.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Quino
  • Leia o que já foi publicado sobre a personagem Mafalda
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