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15/02/2005 - 09h00

Festival Amazonas de Ópera monta pela primeira vez Wagner

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JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S. Paulo

Algo de excepcionalmente importante e raro está para acontecer em maio próximo em Manaus. O 9º Festival Amazonas de Ópera encenará pela primeira vez no Brasil uma produção integral de "O Anel do Nibelungo", de Richard Wagner (1813-1883), quintessência do romantismo alemão e o mais ambicioso projeto na história do teatro lírico.

Cada uma das quatro óperas será encenada duas vezes, entre os dias 7 e 12 e entre os dias 14 e 19.

A "Tetralogia" ou "Ring", como o ciclo é familiarmente conhecido ("Der Ring des Nibelungen"), terá a Orquestra Amazonas Filarmônica sob a regência do paulistano Luiz Fernando Malheiro e a direção cênica do inglês Aidan Lang.

Com a exceção de alguns papéis --Brünnhilde (a americana Maria Russo), Siegfried (o canadense Alan Woodrow), Loge (o argentino Carlos Bengolea) ou Fasolt (o baixo americano Stephen Bronk)-- os intérpretes de 15 outros papéis serão basicamente brasileiros.

Em 2002 Malheiro regeu em Manaus "As Valquírias". No ano seguinte foi "Siegfried" e, no ano passado, "O Crepúsculo dos Deuses", os três episódios da "Tetralogia". Faltava apenas o prólogo, "O Ouro do Reno", produzido agora pela primeira vez.

Wagner construiu o prólogo e os três episódios com uma visão unitária. Os personagens são os mesmos. Nas quatro óperas a música contínua é tecida pelo mesmo conjunto de 86 "leitmotiv", os motivos musicais temáticos condutores.

"O Ouro do Reno" (1869) e "As Valquírias" (1870) estrearam em Munique. Os dois episódios seguintes foram pela primeira vez ouvidos em Bayreuth, em 1876.

É bem mais que entretenimento operístico. É também filosofia, religiosamente envolvente. Nas primeiras décadas de Bayreuth o misticismo inspirado pela "Tetralogia" funcionou como um meio de sacralização da cultura alemã. As quatro óperas, somadas a "Parsifal", a última que Wagner compôs, fundamentaram uma espécie de teologia estética com milhões de seguidores.

Mas por que a primeira "Tetralogia" brasileira logo em Manaus? Foi por uma convergência de fatores virtuosos: um maestro teimoso e insistente e uma Secretaria da Cultura estadual com um projeto completo e muito bem-feito no campo da música.

Em 1997, quando do primeiro festival de ópera na cidade, diz o secretário da Cultura, Robério Braga, entre 836 artistas e técnicos envolvidos só 36 eram amazonenses. Agora, dos quase mil envolvidos, só 36 vieram do exterior ou de fora do Estado.

Entre as duas datas foram criados os corpos estáveis do Teatro Amazonas e uma central técnica de produção que tem agora em seu acervo todo o necessário para produzir 12 óperas já encenadas.

Há também o patrocínio privado. Dos R$ 3,2 milhões que o "Ring" custará, o governo do Estado entra com a metade --a outra parte é custeada pela iniciativa privada.

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