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27/02/2005
-
23h38
RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
É possível fazer uma comparação entre os personagens centrais de "Ray" (Jamie Foxx) e "O Aviador" (Leo DiCaprio), porque a importância de Ray Charles na música contemporânea e na indústria fonográfica é semelhante à de Howard Hughes na aviação e no cinema.
Os dois ficaram ricos e foram pioneiros em suas áreas. Ambos encantavam o público. Ambos tiveram um grande revés na saúde: Hughes foi abatido pelo TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo); Ray foi derrubado pela cegueira.
Há mais semelhanças. Hughes foi perseguido durante anos pela Pan Am, que queria manter o então monopólio sobre vôos transatlânticos. Charles, por sua vez, foi perseguido por "amigos-parasitas" que queriam parte de seus ganhos.
O pioneirismo de Ray Charles Robinson não se resumiu à adaptação de temas gospel ao jazz, que explodiram nas paradas de sucesso da época. Ele também foi longe comercialmente: foi o primeiro músico contemporâneo a exigir da gravadora a propriedade das fitas "master" (leia-se ser dono da própria obra gravada).
Ray pode ter se inspirado em outro pianista deficiente, que tentava fazer o mesmo nas edições de suas partituras em 1795, em Viena: um alemão surdo chamado Ludwig van Beethoven. A atitude de Ray seria imitada décadas depois por outros artistas do mundo: do polêmico Prince à previsível Marisa Monte.
A qualidade do filme é ainda maior quando lembramos que ela não omite nenhuma faceta da vida do músico --inclusive seu mergulho na heroína e sua infidelidade matrimonial crônica. Mas nada disso seria possível sem a inacreditável atuação de Jamie "Ray" Fox, que carrega a obra nas costas, nos dedos e em cada gesto.
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Leia o que já foi publicado sobre os filmes "O Aviador" e "Ray"
Genial nas teclas e nas finanças, Ray Charles inovou na indústria fonográfica
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É possível fazer uma comparação entre os personagens centrais de "Ray" (Jamie Foxx) e "O Aviador" (Leo DiCaprio), porque a importância de Ray Charles na música contemporânea e na indústria fonográfica é semelhante à de Howard Hughes na aviação e no cinema.
Os dois ficaram ricos e foram pioneiros em suas áreas. Ambos encantavam o público. Ambos tiveram um grande revés na saúde: Hughes foi abatido pelo TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo); Ray foi derrubado pela cegueira.
Há mais semelhanças. Hughes foi perseguido durante anos pela Pan Am, que queria manter o então monopólio sobre vôos transatlânticos. Charles, por sua vez, foi perseguido por "amigos-parasitas" que queriam parte de seus ganhos.
O pioneirismo de Ray Charles Robinson não se resumiu à adaptação de temas gospel ao jazz, que explodiram nas paradas de sucesso da época. Ele também foi longe comercialmente: foi o primeiro músico contemporâneo a exigir da gravadora a propriedade das fitas "master" (leia-se ser dono da própria obra gravada).
Ray pode ter se inspirado em outro pianista deficiente, que tentava fazer o mesmo nas edições de suas partituras em 1795, em Viena: um alemão surdo chamado Ludwig van Beethoven. A atitude de Ray seria imitada décadas depois por outros artistas do mundo: do polêmico Prince à previsível Marisa Monte.
A qualidade do filme é ainda maior quando lembramos que ela não omite nenhuma faceta da vida do músico --inclusive seu mergulho na heroína e sua infidelidade matrimonial crônica. Mas nada disso seria possível sem a inacreditável atuação de Jamie "Ray" Fox, que carrega a obra nas costas, nos dedos e em cada gesto.
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