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08/05/2005 - 09h50

Sandy joga pelo certo em sua estréia no jazz

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RONALDO EVANGELISTA
Colaboração para a Folha de S. Paulo

Se você precisa perguntar, nunca vai saber. Foi a notória resposta de Louis Armstrong à pergunta "o que é jazz?". Sandy sabe o que é jazz. Há pelo menos três anos a garota tem ouvido o estilo de John Coltrane e Sarah Vaughan em casa, nos momentos de lazer. Agora, aproveitou o convite do evento Credicard Vozes --que se propõe a colocar cantores famosos interpretando canções que fogem ao seu repertório tradicional-- para mostrar que, além de ouvir, pode cantar jazz.

Começando pelo começo: sim, ela sabe cantar. Afinadíssimo. Sua voz é perfeita. Tão perfeita, na verdade, que, ouvindo-a cantar canções como "Body and Soul" e "Cry Me a River", quase dá pra acreditar que foi um bom show. Impossível dizer, também, que foi um show ruim. Assim é Sandy: nem bom nem ruim nem demais nem de menos, bonitinha, afinadinha, simpática, asséptica, assexuada. O oposto do jazz, enfim.

As mais de 400 pessoas que superlotaram a casa de shows Bourbon Street nos dois dias de apresentação da irmã de Junior pareceram gostar.
Formada por um público genérico, sem nem tantos fãs de Sandy nem fãs tradicionalistas de jazz, a platéia não exigiu muito. O fato de Sandy estar ali, sozinha, cantando aquelas músicas, já era interessante o suficiente. Não faltaram as fotos com Noely (a mãe), Lucas Lima (o namorado), a tocaia na porta do camarim...

Sempre caxias, Sandy se esforçou. Acompanhou cada solo com olhares interessados, reafirmou o quanto gostava de jazz e de Tom Jobim (de quem cantou quatro músicas), reverenciou os músicos, fez tudo o que se esperava que ela fizesse. Tudo parecia dizer: estou pronta para minha carreira "adulta", mesmo que ela negasse que essa sua estréia solo pudesse apontar uma separação da dupla com seu irmão.

A banda que a acompanhava, formada por músicos conhecidos das noites de jazz de São Paulo, manteve a alta qualidade musical da noite. Nos curtos espaços dedicados a solos de guitarra, baixo, bateria e piano, os instrumentistas literalmente quebravam tudo, para usar um termo tipicamente clichê do jazz. Nos momentos que exigiam maior técnica ou intimidade com o repertório, olhavam para Sandy com aprovação, claramente orgulhosos. Com razão. A jovem cantora não demonstrou grandes inseguranças nem se atrapalhou com todos os desafios vocais naturais ao jazz, mesmo ainda sendo virgem no estilo.

Sem a emoção crua de uma Billie Holiday, sem o sex appeal de uma Julie London, sem a técnica de uma Ella Fitzgerald, Sandy não teve muitas opções, a não ser jogar pelo certo. Faltou, deve-se dizer, a languidez necessária para esquentar canções como "The Look of Love", tão românticas quanto sensuais. Sandy nem corou, em compensação, quando cantou o trecho "and this torment won't be through until you let me spend my life making love to you" ("e esse tormento não vai terminar até você me deixar passar a vida fazendo amor com você"), de "Night and Day", de Cole Porter.

Na saída do show, a estudante e produtora Gabriela Ferreira, de 22 anos --mesma idade de Sandy-- resumiu bem a sensação da noite: "É jazz, mas é a Sandy cantando jazz, né? Se fosse outra pessoa, talvez achássemos a voz dela aguda demais, mas, como é a Sandy, a gente perdoa".

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