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17/05/2005 - 15h20

Confusa e sem sal, "América" patina e corre risco de ser encurtada

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da Folha Online

A salvação para a novela "América" está longe de se tornar realidade. Prova disso é que há pouco mais de dois meses de sua estréia --a trama de Glória Perez teve início no dia 14 de março-- a Globo já começou a investir em sua substituta, um sinal de que poderá encurtar a trama para estancar a sangria na audiência.

"Belíssima" é o nome da trama de Silvio de Abreu, que começa a ser filmada em julho em São Paulo, e irá abordar o mundo da moda. As gravações serão feitas no São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio.

Até uma linha de lingerie a Rede Globo pretende lançar junto com a novela, já que a protagonista da história é Julia, uma executiva que será interpretada por Glória Pires. Na obra, ela trabalha em uma confecção do gênero. Dizem que o objetivo do lançamento de um produto com a marca da novela, antes mesmo dela começar a ser filmada, é uma forma de recuperar o caixa que a TV Globo não conseguiu fazer com "América".

Mesmo após a saída do diretor Jayme Monjardim, a trama não alavancou, continua patinando nos 40 pontos de média. Cada ponto eqüivale a cerca de 49,5 mil domicílios na Grande São Paulo. As novas estratégias da autora ainda não surtiram efeito na audiência. Nas últimas semanas, Deborah Secco passou a usar menos roupas. Até Junior, o homossexual da trama, teve de assumir uma gravidez. Fora os clichês tradicionais, como a personagem de Mariana Ximenez, que poderá se apaixonar pelo próprio pai, antigo namorado de sua mãe que reaparece na história.

Apelo para ninfeta

Uma das poucas apostas que parece ter dado certo em determinado momento, mas que está perdendo força devido à morosidade do desenrolar dos fatos é o romance da ninfeta, vivida pela estreante Cléo Pires, com o poderoso empresário interpretado por Edson Celulari.

Parece que esse romance é uma das últimas cartadas da autora que está cozinhando os fatos para que o telespectador continue acompanhando a trama. Haja paciência?

Já se sabe que a Globo escalou uma escritora de apoio para ajudar Glória Perez, que ainda não aceitou colaborações. Por enquanto, essa pessoa assiste aos capítulos, lê os roteiros e recebe pesquisa sobre a novela, ou seja, está preparada para entrar em ação assim que for necessário. O mesmo aconteceu em 2002 com o autor Benedito Ruy Barbosa, quando ele escrevia "Esperança". Na época, Walcyr Carrasco foi o escolhido.

Núcleos sem elo

Para um escritor conhecido, que preferiu não se identificar, "América" poderia ser rebatizada como "Perdidos no Espaço". Os núcleos da trama estão tão desencontrados que antes de entrar no ar aparece sempre uma tarja anunciando a localidade. A iluminação também peca. Miami, Rio e o interior de São Paulo parecem ter a mesma luz. E tem: a luz dos estúdios do Projac.

Para a professora Maria de Lourdes Motter, do Núcleo de Pesquisa de Telenovela, da ECA (Escola de Comunicação e Artes), da Universidade de São Paulo, outro ponto negativo de "América" é que os bons atores da trama não estão tendo expressão como personagem. Para exemplificar, ela cita Paulo Goulart, Francisco Cuoco e Jandiri Martini.

"Eles falham na elaboração. O irmão do Tião, por exemplo, aparece de vez em quando na trama do nada", argumenta.

Sem contar que, na opinião da professora, o texto carece de vínculos com o cotidiano. Ela lembra a cena em que a irmã de Sol --a mocinha da história-- entra no carro de Alex, o vilão, depois de um tiroteio.

"Esse tiroteio aconteceu do nada. Fora isso, não é comum entrar no carro de um desconhecido em momentos como esse. A história poderia ser elaborada de outra maneira", diz.

Atentado terrorista

Se "América" não der a volta por cima, dizem nos bastidores da Rede Globo que ela poderá ser encurtada. Será que terá o mesmo fim de "Anastácia, a Mulher sem Destino", de 67, que pelos custos inviáveis e excesso de personagens, teve de ser reduzida?

A heroína da época foi Janete Clair, que foi contratada para resolver os problemas do dramalhão que se passava no deserto do Saara e contava a história da filha de um czar russo. A história recomeçou com um salto de 20 anos. Será que a Sol quarentona faria mais sucesso?

Para reduzir o número de personagens, Janete também criou um furacão que eliminou metade do elenco e dos cenários da trama. Mas dificilmente a politicamente correta Glória Perez apelaria para um atentado terrorista cenográfico para salvar sua obra.

Outro lado

Segundo a Central Globo de Comunicação, "América" não será encurtada, a média de audiência chega a superar a de novelas anteriores, e as vendas de produtos com sua marca licenciada, como as botas da Azaléia, são "boas".

Em geral, uma novela fica no ar por seis a oito meses, mas o desempenho da audiência não é o principal critério para definir a sua duração, e sim o desenrolar da história, segundo a Central Globo de Comunicação.

A emissora não divulga os números de merchandising da novela para comprovar o desempenho comercial positivo de "América". Sobre o ibope, a Globo informa que a média da novela em 56 capítulos, até a última terça-feira, chega a 44%, acima dos 42% de "Celebridade", dos 40% de "Mulheres Apaixonadas" e 42% de "O Clone".

Quanto às mudanças no perfil dos personagens e no desenvolvimento das tramas de "América", a Central Globo de Comunicação informa que as alterações estavam previstas desde o início da novela e não constituem uma reação da emissora aos números do ibope. Para a emissora, a imprensa está alimentando um mito falso de que "América" é um fiasco, contrariando os números e o desempenho apurados pela emissora.

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