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17/06/2005 - 09h53

Com seu sexto álbum, o Oasis volta a receber boas críticas

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THIAGO NEY
da Folha de S. Paulo

Bom ou ruim, é um disco do Oasis, então vamos comprar, lotar os shows e comprar todas as revistas nas quais eles foram capa. É mais ou menos esse o sentimento dos fãs dessa banda britânica que lança o esperado sexto disco, "Don't Believe the Truth".

Oasis é a banda que fez os ultraelogiados "Definitely Maybe" (94) e "(What's the Story) Morning Glory" (95). Depois, foi massacrada com "Be Here Now" (97), "Standing on the Shoulder of Giants" (2000) e "Heathen Chemistry" (02). Este novo álbum é tido como um "retorno à forma".

Liderado por Noel (guitarra) e Liam Gallagher (vocal), com Andy Bell no baixo e Gem Archer na guitarra, Oasis surgiu em Manchester em 1991 e é das poucas bandas que realmente definiram uma era no rock.

Entre 1994 e 1997, o mundo pop era deles. Noel e Liam falavam mal de todas as bandas do planeta, casavam e se separavam, Noel discutia com Liam, Liam brigava com todo o mundo... De qualquer jeito, o Oasis lotava estádios e monopolizava o noticiário.

Neste ano, preparam-se para uma tour pela Inglaterra em que tocarão em espaços gigantescos, e a polêmica ainda cerca o grupo: antes de o disco sair, Liam começou a falar mal de gente nova, como Franz Ferdinand, Bloc Party e Libertines, e de gente veterana, como U2; há alguns dias, num show na Itália, ele saiu do palco e não voltou mais, e Noel teve que assumir os vocais.

Mesmo sem grandes discos nas lojas, vê-se que o Oasis continua lotando estádios, monopolizando o noticiário.

Empurrado pela massa de fãs da banda, "Don't Believe the Truth" chegou ao topo da parada britânica, e o disco, ao contrário de todas as expectativas, recebeu críticas positivas até da imprensa norte-americana, que nunca engoliu muito a arrogância britânica dos Gallagher.

Ontem, por telefone, Noel Gallagher conversou com a Folha sobre o novo álbum, sobre como se sente em relação ao messianismo sociopolítico de Bono e de Chris Martin (Coldplay) e sobre os constantes problemas com o irmão Liam.

Folha - O disco vem recebendo críticas boas na Europa e nos EUA, diferentemente dos dois últimos discos. Para você foi uma surpresa?

Noel Gallagher
- Não, sabia que o disco era bom. O último recebeu críticas variadas, o outro é que foi destruído por todo mundo.

Folha - Dizem que é um retorno à forma. Você acha que a banda havia ido a algum lugar não muito agradável e tinha que voltar?

Gallagher
- Não falo sobre isso, não cabe a mim responder se voltamos à forma...

Folha - "Don't Believe the Truth" é bem variado, não há apenas Beatles como influência. Vocês pensavam nisso quando faziam o álbum?

Gallagher
- Não, essas são as melhores canções que gravamos. E aconteceu de serem canções diferentes entre si, mas não foi essa a intenção.

Folha - Em julho vocês vão tocar em vários estádios na Europa, além disso venderam todos os ingressos para um show do Madison Square Garden [em Nova York] em poucas horas. De onde vem essa fascinação pelo Oasis?

Gallagher
- Gosto de pensar que tem a ver apenas com as músicas. "Definitely Maybe" é apontado como um dos grandes discos de todos os tempos, e isso é incrível. Não quero soar blasé, mas realmente não sei de onde vem.

Folha - Às vezes comparam seus fãs com torcedores de futebol, eles teriam a mesma paixão e fidelidade. Você gosta dessa comparação?

Gallagher
- Sim. No futebol, os jogadores sempre mudam, mas o time continua ali. É como a nossa banda. Gosto dessa comparação.

Folha - Outras bandas grandes, como Coldplay e White Stripes, acabaram de lançar discos recentemente. Você ouviu o disco deles? Gostou?

Gallagher
- Não ouvi o disco do White Stripes, mas gosto deles. Ouvi o do Coldplay e não acho que chegue perto de "Parachutes" [primeiro álbum do Coldplay]. Mas tem boas canções, como "Square One", "X&Y", "What if". Chris Martin é um amigo meu, então...

Folha - Chris Martin vem ganhando bastante espaço na imprensa devido às posições políticas e sociais que ele tem, assim como Bono. O que você acha disso? Teria esse discurso também?

Gallagher
- Não, nunca. Não conheço o suficiente sobre política e sobre os problemas sociais do mundo para me envolver com isso. Deixo para os especialistas, como Bono e Chris Martin...

Folha - Mas você faria música política? Gosta disso?

Gallagher
- Não gosto que me falem como eu devo me sentir, não gosto que me digam que tudo o que acontece no mundo é culpa do Ocidente, não gosto disso. Acho que cada um deve fazer seu próprio julgamento. Só isso.

Folha - Você tocou no Brasil em 1998 e em 2001, esta última no Rock in Rio, com o Guns N" Roses. O que achou daquilo?

Gallagher
- Foi engraçado... O Rock in Rio foi muito grande, mas sinceramente não me lembro de muita coisa, não.

Folha - Antigamente, você dizia que Oasis era a maior banda do planeta. Com "Don't Believe the Truth" onde o Oasis se posiciona?

Gallagher
- Não sei, hoje isso não é mais uma competição para mim. Há alguns anos éramos a maior e a melhor banda do mundo. Hoje acho que é o U2.

Folha - Há alguns dias, durante um show na Itália, Liam deixou o palco de repente e você teve que seguir sem ele. O que aconteceu? Houve algum problema?

Gallagher
- Não houve um problema comigo, isso eu sei. Foi um problema dele...

Folha - E como isso afeta a banda? É muito ruim?

Gallagher
- Claro que é ruim para a banda. Numa escala de um a dez de ruindade, é dez. Gosto de pensar que tenho muito mais respeito para a banda e para o nosso público do que o Liam. Mas o que posso fazer?

Folha - Olhando para trás, na carreira da banda, você acha que a banda e Liam amadureceram? Vocês costumavam ter muitos problemas. Isso melhorou?

Gallagher
- Não, continua a mesma coisa. Qualquer um que deixa um show no meio sem nenhuma razão claramente é um problema.

Folha - Você discutiu com muita gente nesses anos todos. Há algo de que se arrependa?

Gallagher
- Me arrependo de não ter tirado um ano de folga depois de Knebworth [dois shows ocorridos em agosto de 1996, nos arredores de Londres, que reuniram 250 mil pessoas; depois, a banda entraria direto no estúdio para gravar "Be Here Now"]. Aquilo nos afetou muito. Mas fora isso, não me arrependo de nada. É história.

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