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15/07/2005 - 07h35

Marília Pêra vai filmar com Gianecchini e quer viver mulher de JK

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KARINA KLINGER
da Folha Online

Nos últimos dois anos, a atriz, bailarina e cantora Marília Pêra, 62, sonha em tirar férias, mas o seu sucesso no teatro, no cinema e na TV não deixa. No mês passado, ela viveu a glória de ser aplaudida de pé pelo público em Paris, terra da estilista Gabrielle "Coco" Chanel (1883-1971), sua personagem na peça "Mademoiselle Chanel", que volta hoje ao palco do teatro da Faap, em São Paulo.

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
História da estilista francesa surpreendeu a atriz
História da estilista francesa surpreendeu a atriz
O merecido descanso da diva brasileira está longe de ser alcançado. Além de ser convidada para interpretar Sara Kubitschek na minissérie JK, da Rede Globo, Marília deverá rodar ainda neste ano um filme ao lado do galã Reynaldo Gianecchini. Ela pretende levar seu espetáculo a Portugal. Outro projeto é fazer um revival do musical em que vive Carmen Miranda.

A atriz coleciona trabalhos importantes no teatro ("Vítor ou Vitória", "Marília Pêra canta Ary Barroso"), na TV ("Brega & Chique", "Os Maias", "Beto Rockfeller") e no cinema ("Central do Brasil", "Pixote - A Lei do Mais Fraco"). Ela diz que gostaria de fazer um filme com o cineasta Roman Polanski e que gosta de curtir momentos de solidão.

Leia a seguir trechos da entrevista que a atriz concedeu à Folha Online.




Folha - O que a sra. aprendeu com Coco Chanel desde o lançamento da peça no ano passado?

Marília Pêra - Foi tomar conhecimento da vida dela, que foi uma mulher forte, perseverante, uma mulher que saiu do nada, que foi órfã, foi prostituta para sobreviver e acabou sendo uma das mulheres mais importantes do mundo, uma revolucionária. Uma mulher que passou por cima de tudo, da pobreza, virou mecenas da arte. A história dela me surpreendeu.

Folha - Na peça, a personagem cita frases fortes. Por exemplo, ela diz que detesta os finais de semana, porque fica sem trabalhar nesses dias. A senhora se identifica com ela nesse sentido?
Divulgação
Marília na pele de Vó Doidona, na novela "Começar de Novo"
Marília na pele de Vó Doidona, na novela "Começar de Novo"


Pêra - Não (risos). Fico louca para chegar aquele dia em que eu fique sozinha em casa, lendo, ouvindo música, escrevendo. Gosto muito da idéia de ficar um pouco sozinha.

Folha - O que a sra. gosta de ouvir e escrever?

Pêra - Estou sempre escrevendo alguma coisa ou para alguém. Ouço desde ópera a jazz e música instrumental. Também gosto de música popular brasileira, americana e francesa. Gosto muito de música, em geral, calma.

Folha - A sra. tem esse lado musical bem forte, que pode ser visto em outros espetáculos. A sr. não tem vontade de voltar a trabalhar nesta área?

Pêra - Agora me convidaram para fazer Carmen Miranda [1909-1945], em setembro, no João Caetano [teatro carioca]. É um projeto do governo que talvez não saía. Se isso acontecer, vou voltar a cantar.

Folha - A sra. já disse outras vezes que não gosta de se repetir na vida profissional. O que isso significa?

Pêra - Eu não persigo um estilo. Não penso "agora vou fazer uma personagem forte porque isso é melhor'. Fico sempre abrindo um leque de possibilidades. Não sei se isso é bom ou ruim, mas o meu estilo é não ter estilo nenhum. E mesmo quando faço teatro, se algo deu certo hoje, não fico perseguindo para que o mesmo dê certo amanhã.

Folha - Seu currículo inclui peças de renome, novelas e filmes. Existe algum projeto ainda não realizado que a sra. gostaria de colocar em prática?

Pêra - Tenho 62 anos. Como comecei com quatro anos, estaria na hora de eu não fazer mais nada (risos). A tendência é se repetir com os anos. Esse é o perigo. O meu desejo na minha profissão é que exista um texto muito bom, junto com um diretor bom e um elenco bacana. Que haja uma equipe técnica legal. E que o público vá e eu tenha saúde e entusiasmo para fazer com alegria.

Folha - Mas a sra. já pensou em dar um tempo na carreira e se dedicar a outra atividade?

Pêra - Acho que não. Tenho muita coisa para fazer em casa. Ontem mesmo eu estava mexendo em cartas, papéis e livros. Talvez eu gostaria de reduzir mais o ritmo. Sempre faço muita coisa ao mesmo tempo. Gostaria muito de tirar umas férias de seis meses. Faz muito tempo que eu não faço isso --nem me lembro. Estou há dois anos numa correria: fiz a novela com a peça. Um novela no Rio e uma peça em São Paulo. Morei um tempo no avião.

"ADORARIA FAZER SARA KUBITSCHEK NA MINISSÉRIE DA GLOBO"

João Sal/Folha Imagem
Atriz vai contracenar com o galã Reynaldo Gianecchini em filme
Atriz vai contracenar com o galã Gianecchini em filme
Folha- Já que é difícil parar, quais são seus novos projetos?

Pêra - Fui convidada pela Maria Adelaide Amaral [autora de "Mademoiselle Chanel"] a interpretar a Sara Kubitschek na minissérie da Globo sobre a vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek [1902-1976]. Mas ainda não está fechado, ninguém me fala nada há um mês. Mas adoraria fazer porque a Maria Adelaide é sempre uma garantia de sucesso; eu adoro o seu trabalho.

Folha - Esta certamente é mais uma personagem forte, já que JK sempre foi chamado de conquistador, um amante das mulheres?

Pêra - A Maria Adelaide já me contou algumas coisas e disse que tanto JK quanto a sua mulher eram extraordinários. Ela era forte, esteve sempre todo tempo ao seu lado. Ela pode até ter se sentido um pouco rejeitada, mas sempre esteve ali forte, muito forte.

Folha - A sra. já passou pela experiência do casamento e atualmente está casada de novo. Qual o lado bom desta instituição secular?

Pêra - Eu sou casadoira. Ontem mesmo comecei a ler cartas de pessoas que passaram pela minha vida, do amor com os homens maravilhosos que passaram pela minha vida e que ainda são meus amigos. Isso tudo é muito bom.

"HOMENS JÁ FICARAM ABALADOS COM MEU SUCESSO"
Divulgação
Marília no musical "Vítor ou Vitória", de 2001
Marília no musical "Vítor ou Vitória", de 2001

Folha - Sabe a velha história daquele homem que fica enciumado com o sucesso da mulher. A sra. já sentiu isso na pele?

Pêra - Já me relacionei com homens que ficavam abalados quando eu fazia algum tipo de sucesso. O Bruno [economista Bruno Faria], meu atual marido, já adora quando isso acontece. Ele comemora junto comigo. É algo natural que eu sinto que parte dele.

Folha - E para o cinema, há algum projeto?

Pêra - Eu paro Mademoiselle em outubro para fazer um filme do Marcelo Florião, que já estava escrito para mim há muito tempo e será dirigido por Allan Fitterman. O filme se chama "Embarque Imediato" e será gravado no Rio de Janeiro, apesar de o diretor morar nos Estados Unidos. Eu faço uma funcionária do aeroporto. Houve um tempo, na história, em que ela tentou ir aos EUA para tentar a vida, mas desistiu porque viu que é uma loucura, não conseguiria emprego. No emprego, ela tenta ensinar para os jovens que o importante é ter uma carreira no Brasil. E é um musical. Ela se acha a Rita Hayworth [1918-1987], canta e dança. O Gianecchini [ator Reynaldo Gianecchini] também está no elenco: ele é o rapaz que sonha em ir aos EUA e é aconselhado por essa mulher. Ele vai cantar no longa-metragem.

"SERIA BOM SE POLANSKI DISSESSE: QUERIA FILMAR COM ELA"

Folha - Como foi a estréia da peça na França?

Pêra - Foi um triunfo. Algo que eu realmente não esperava. Tinha medo de fazer uma francesa na França. E não era um espetáculo brasileiro, nada exótico do Brasil. Era um grupo de brasileiros contando a história de uma francesa que é importante por lá. Tinha legenda, e eu falava lentamente para que eles entendessem. Eles são muito interessados na vida dela. Vi muita gente comovida, chorando, inclusive.

Folha - A sra. gosta de moda? Como a maioria das mulheres, gasta o que não deve com roupas?

Pêra - Eu adoro moda, mas não tenho condições financeiras para gastar. Também já estou velha e não gosto de ficar experimentando. Mas quando estive em Paris, fui ao desfile de Karl Lagerfeld [estilista alemão]. É inacreditável o que ele faz: são 56 modelos, dentro de um cenário que ele mesmo desenhou, a coreografia também foi ele que elaborou, e as músicas foram escolhidas por ele. Ele é mais do que um estilista, é um grande diretor. É um espetáculo incrível que leva 15 minutos, e você fica de queixo caído.

Folha - A sra. já teve vontade de morar fora do país?

Pêra - Não. Nunca tive vontade. Eu estava, na semana passada, em um restaurante na França e vi o Roman Polanski [cineasta francês de origem polonesa]. Eu tenho vontade...seria bom se ele viesse ao espetáculo me ver e dissesse "eu preciso de uma mulher com esse tipo físico, queria fazer um filme com ela". Mas tenho a minha base aqui e gostaria apenas de fazer trabalhos esporádicos lá fora.

Serviço
Peça "Mademoiselle Chanel"
Onde: Teatro Faap (rua Alagoas, 903, Pacaembu)
Quando: quintas, sextas e sábados às 21h. Domingos às 18h
Preço: R$ 70 (5ª e 6ª) e R$ 90 (fim de semana). Estudante paga meia
Fone: 0/xx/11/3662-7233 ou 7234
Vendas: Ticketmaster (0/xx/11/6846-6000 ou www.ticketmaster.com.br)

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