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21/10/2000
-
04h44
FLÁVIA CESARINO COSTA, da Folha de S.Paulo
A retrospectiva Louis Feuillade trazida pela Mostra de Cinema de SP é um tesouro que se arrisca a passar injustamente despercebido na avalanche de filmes que inundará a cidade nas próximas semanas.
São três seriados realizados entre 1913 e 1916, parte do que sobreviveu ao desaparecimento de 70% das obras do diretor francês: "Fantômas" (cinco episódios), "Les Vampires" (dez episódios) e "Judex" (12 episódios). Os filmes foram restaurados recentemente graças aos esforços do neto de Feuillade, Jacques Champreux, com o apoio da Gaumont e da Cinemateca Francesa.
Os seriados têm origem nas diversões populares do início do século, tais como o teatro de melodrama e as ficções baratas vendidas em capítulos.
Os filmes falam de submundos habitados por malignas gangues e vilões
misteriosos, que agem em meio a maquinações ocultas, passagens secretas, explosões, perseguições e resgates de última hora. A popularidade dos seriados na França começou com o policial Nick Carter, produzido pela Éclair em 1908. Mesmo condenados como grosseiros e simplistas, faziam muito sucesso e suas histórias eram frequentemente publicadas na mesma semana em que se exibia os filmes, para atrair os espectadores, numa estratégia do tipo "leia o livro e veja o filme".
Louis Feuillade (1873-1925) entrou para a Gaumont em 1905 como roteirista e assistente de Alice Guy e, em 1907, já era diretor de produção, escrevendo e dirigindo todos os gêneros de filme. Em 1910 dirigia Bébé, seu primeiro seriado, e, no ano seguinte, revelava, nos episódios de "A Vida Como Ela É", talento para combinar personagens improváveis e situações cotidianas comuns.
Vale conferir, nos três seriados da mostra, a habilidade do diretor em incorporar os temas fantásticos e até simplistas das histórias policiais às suas composições visuais elaboradas. Feuillade é considerado um mestre da encenação. Como E. Bauer, V. Sjöström e outros diretores europeus da década de 1910, ele buscava dirigir a atenção dos espectadores para os elementos dramaticamente importantes, dentro da composição do plano, evitando lançar mão da montagem. Usava táticas sofisticadas nessas "encenações em profundidade", compondo sutis coreografias com economia de gestos, nas quais uns atores escondem outros, trocam de posições, mas a harmonia visual do conjunto sempre se mantêm.
Flávia Cesarino Costa é historiadora de cinema e autora de "O Primeiro Cinema" (ed. Scritta, 1995)
Judex
Produção: França, 1916
Com: Yvette Andréyor, Bout-de-Zan
Quando: dias 23, às 12h; 25, às 12h; 27, às 15h05; 29, às 15h05; 30, às 16h50; 31, às 14h10; 1º/ 11, às 12h; e 2/11, às 14h20
Fantômas
Produção: França, 1913
Com: René Navarre, Edmond Bréon
Quando: 23, às 13h40; 26, às 13h20; 28, às 15h30; e 31, às 12h e 20h
Les Vampires
Produção: França, 1915
Com: Jean Ayme, Edouard Mathé
Quando: 23, às 16h; 27, às 12h; 28, às 12h e 14h10; 29, às 12h; 30, às 12h e 13h40; 1º/11, às 17h45 e 23h20; e 2/11, às 17h30 (todas as sessões na Sala UOL)
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Ciclo francês traz tesouro popular do início do século
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A retrospectiva Louis Feuillade trazida pela Mostra de Cinema de SP é um tesouro que se arrisca a passar injustamente despercebido na avalanche de filmes que inundará a cidade nas próximas semanas.
São três seriados realizados entre 1913 e 1916, parte do que sobreviveu ao desaparecimento de 70% das obras do diretor francês: "Fantômas" (cinco episódios), "Les Vampires" (dez episódios) e "Judex" (12 episódios). Os filmes foram restaurados recentemente graças aos esforços do neto de Feuillade, Jacques Champreux, com o apoio da Gaumont e da Cinemateca Francesa.
Os seriados têm origem nas diversões populares do início do século, tais como o teatro de melodrama e as ficções baratas vendidas em capítulos.
Os filmes falam de submundos habitados por malignas gangues e vilões
misteriosos, que agem em meio a maquinações ocultas, passagens secretas, explosões, perseguições e resgates de última hora. A popularidade dos seriados na França começou com o policial Nick Carter, produzido pela Éclair em 1908. Mesmo condenados como grosseiros e simplistas, faziam muito sucesso e suas histórias eram frequentemente publicadas na mesma semana em que se exibia os filmes, para atrair os espectadores, numa estratégia do tipo "leia o livro e veja o filme".
Louis Feuillade (1873-1925) entrou para a Gaumont em 1905 como roteirista e assistente de Alice Guy e, em 1907, já era diretor de produção, escrevendo e dirigindo todos os gêneros de filme. Em 1910 dirigia Bébé, seu primeiro seriado, e, no ano seguinte, revelava, nos episódios de "A Vida Como Ela É", talento para combinar personagens improváveis e situações cotidianas comuns.
Vale conferir, nos três seriados da mostra, a habilidade do diretor em incorporar os temas fantásticos e até simplistas das histórias policiais às suas composições visuais elaboradas. Feuillade é considerado um mestre da encenação. Como E. Bauer, V. Sjöström e outros diretores europeus da década de 1910, ele buscava dirigir a atenção dos espectadores para os elementos dramaticamente importantes, dentro da composição do plano, evitando lançar mão da montagem. Usava táticas sofisticadas nessas "encenações em profundidade", compondo sutis coreografias com economia de gestos, nas quais uns atores escondem outros, trocam de posições, mas a harmonia visual do conjunto sempre se mantêm.
Flávia Cesarino Costa é historiadora de cinema e autora de "O Primeiro Cinema" (ed. Scritta, 1995)
Judex
Produção: França, 1916
Com: Yvette Andréyor, Bout-de-Zan
Quando: dias 23, às 12h; 25, às 12h; 27, às 15h05; 29, às 15h05; 30, às 16h50; 31, às 14h10; 1º/ 11, às 12h; e 2/11, às 14h20
Fantômas
Produção: França, 1913
Com: René Navarre, Edmond Bréon
Quando: 23, às 13h40; 26, às 13h20; 28, às 15h30; e 31, às 12h e 20h
Les Vampires
Produção: França, 1915
Com: Jean Ayme, Edouard Mathé
Quando: 23, às 16h; 27, às 12h; 28, às 12h e 14h10; 29, às 12h; 30, às 12h e 13h40; 1º/11, às 17h45 e 23h20; e 2/11, às 17h30 (todas as sessões na Sala UOL)
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