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20/10/2005 - 10h13

Galeria de SP explora releituras de Amilcar de Castro

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MARIO GIOIA
da Folha de S.Paulo

As releituras dominam a exposição "Amilcar de Castro", que a galeria Millan Antonio abre nesta quinta-feira para o público.

Formada quase inteiramente por obras das últimas duas décadas, a mostra é aberta com uma versão maior de "Estrela", de 1,20 m. A anterior, exibida na 2ª Bienal de São Paulo, em 1953, tinha cerca de 50 cm e era uma espécie de cartão de visitas do percurso artístico que um dos maiores escultores do Brasil trilharia. Rodrigo de Castro, artista plástico e filho de Amilcar (1920-2002), é o curador.

Influenciado pela obra de Max Bill (1908-1994), assim como muitos de seus pares concretistas, o grupo mudaria a história das artes plásticas brasileiras.

A versão ampliada de "Estrela" dialoga com a produção de acrílicas sobre tela em preto-e-branco que Amilcar produziu nas últimas décadas. Uma dessas telas ladeia a escultura, criando um espaço plástico privilegiado.

A grande sala seguinte abriga algumas das preciosidades da exposição. A série de "telas de linha", de 1996, acrílicas sobre tela nas quais Amilcar risca com delicadeza e precisão o plano, exploram formas geométricas em preto-e-branco.

"As linhas riscam o espaço e trazem o vazio às telas, lidando com o externo e o interno", avalia o curador. E não deixam de reler a produção plástica que explode no final dos anos 50. Os finos "vazios" guardam algo dos "buracos" de Lucio Fontana (1899-1969), os desdobramentos dos planos remetem aos "casulos" de Lygia Clark (1920-1988) e, recentemente vista no MAM paulista e na Dan Galeria, dialogam com a linha de Lothar Charoux (1912-1987).

Jardim de esculturas

No jardim da Millan Antonio, Rodrigo mostra as extensões tridimensionais das telas de linha. Utilizando aço sac 41, nos anos 90, Amilcar produziu esculturas de pequeno porte que fazem da linha elemento essencial das obras, criando um jogo exterior/interior que as enriquece.

"O aço sac 41 tem a vantagem de oxidar apenas uma vez. Essa primeira película de ferrugem, de certa forma, protege a obra de novas transformações. O material ganha depois uma textura mais lisa", explica o curador sobre tal tipo de aço, correntemente utilizado em navios.

Na maior sala, além das telas de linha, a escultura de maior proporção da mostra catalisa o espaço. Com cerca de duas toneladas e formato circular, o trabalho com corte e dobra se impõe sobre as outras esculturas, fazendo com que haja apenas outros volumes retos no local. Entre eles, alguns "portais", como o curador frisa.

No andar superior, surge a única escultura mais vertical, datada de 1994, com altura de 101 cm. Há outros exemplares de corte e dobra, além de telas com força mais gestual, nos quais os traços são mais largos.

Ano Amilcar

Para sorte de público e crítica, 2005 tem sido um ano no qual a obra de Amilcar ganha muitos tributos. Um dos principais nomes homenageados no Ano do Brasil na França, centro da 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, o "dobrar o vazio" de sua arte --como Tunga fala da obra de Amilcar no catálogo da mostra-- permanece como atitude essencial.

Amilcar de Castro. Galeria Millan Antonio (r. Fradique Coutinho, 1.360, SP, tel: 0/xx/11/3031-6007). De seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 12/11. Ing.: entrada gratuita (obras custam entre R$ 42 mil e R$ 650 mil).

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