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21/11/2005 - 10h12

Bruno Morais desponta em Seattle

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ADRIANA FERREIRA SILVA
Enviada da Folha de S.Paulo a Seattle

Quem passa em frente ao número 1.927 da Third Avenue, uma das quatro ruas principais do centro da fria Seattle --no oeste dos Estados Unidos--, não imagina que a fachada de uma simpática livraria, com porta estreita e livros empilhados na vitrine, esconde um espaço imenso, que abriga oito estúdios onde a produção é intensa o tempo todo.

A agitação lá dentro começa sempre ao meio-dia, quando os jovens participantes da 9ª edição do Red Bull Music Academy, evento patrocinado pela marca de energético, chegam para cumprir a vasta e intensa programação de palestras e gravações. Uma movimentação que só termina de madrugada, quando o resultado dessas atividades é mostrado em shows e discotecagens.

Do Brasil, dois novos talentos --o cantor Bruno Morais, 27, e o DJ Augusto Merli, 29-- foram selecionados para a primeira fase do projeto, que reuniu 30 pessoas.

A principal vantagem de ser escolhido para participar do evento é a possibilidade que esses jovens acabam tendo de trocar as mais diversas experiências. Bruno Morais foi sem dúvida um dos que mais aproveitou: já em seu primeiro dia de aulas dividiu o estúdio com o "professor" Leon Ware, produtor que trabalhou com Marvin Gaye e Quincy Jones, entre outros artistas.

"Ele [Ware] ficou excitado com o fato de eu cantar baixinho, em português, e me convidou para compormos uma música juntos", conta Morais. "Dá para acreditar que gravei com o parceiro do Marvin Gaye? Fiquei muito emocionado", diz ele.

É fácil entender por que Morais, que acabou de lançar no Brasil seu disco "Volume Zero", chamou a atenção do produtor. Durante seu pocket-show em um bar de Seattle na última quinta-feira, mesmo acompanhado por músicos que não conheciam seu trabalho, o brasileiro empolgou a platéia com um repertório autoral de música brasileira, sem apelar para qualquer clássico.

Na academia, Morais ainda engatou uma parceria com o músico Derick Brown, um dos instrutores do Red Bull, e outra com o DJ nova-iorquino Alexander Epton, também participante do evento. "Meu lance é pesquisar e consegui fazer muito mais do que isso. Sairei daqui com três músicas novas. São as primeiras idéias para meu próximo CD", adianta ele.

Uma das faixas de Bruno Morais vai animar a pista da festa semanal New Form Jazz Experiment, na Croácia, onde toca o produtor anglo-irlandês Sam Mahony, 28, participante da academia que fez um remix para a composição do brasileiro. Mahony mora em Split, cidade que fica a quatro horas da capital Zagreb. Ele conta que se tornou DJ por falta de lugares para ouvir "boa música". "Não há uma grande cena musical na Croácia", afirma. "A maior parte dos clubes tocam 50 Cent ou pop croata, que é a música tradicional do país, com batidas de dance."

As produções de Mahony têm fortes influências da black music norte-americana, principalmente jazz e soul, além de reggae e broken beats. Durante sua passagem pela escola da Red Bull, ele diz que encarnou o aluno estudioso e aplicado. "Eu me inspirei muito em outros participantes", afirma. "Estou levando discos e deixando os meus. É bom saber que minhas músicas serão tocadas em outros países."

Outra troca intercontinental ocorreu entre a cantora finlandesa Vilja Larjosto, 22, e o produtor e músico colombiano Carlo Hurtada, 22. "Ela [Vilja] está escrevendo uma canção, e eu tenho a harmonia e vou fazer a produção", descreve Hurtada, que toca em uma banda de reggae em Bogotá e tem um trabalho solo de trip hop, ambient e IDM.

A voz gelada da finlandesa, uma mistura de Björk com Bebel Gilberto sobre bases melancólicas, poderá ser ouvida no Brasil a partir do ano que vem, mas isso independe da experiência em Seattle: Larjosto adora música brasileira (até compõe em português) e está de mudança para Salvador.

É claro que essa fórmula de intercâmbio entre países, incentivada pelo evento, não funcionou para todos. O outro brasileiro, o tímido produtor Augusto Merli, não encontrou a sua turma: "Não rolou troca por dificuldade de comunicação [ele não fala inglês] e de afinidade musical", justifica.

Merli é um iniciante produtor e DJ de tecno que mantém em São Paulo um selo independente, o 340 MS. "Aqui [no Red Bull], o único cara de tecno é o [participante] de Portugal. Não consegui me encaixar em nenhum projeto. Usei os estúdios para treinar como DJ e aprender mais sobre softwares que não conhecia."

A próxima etapa da academia começa no dia 27 e segue até 9 de dezembro, com outros 30 selecionados. O evento pode ser acompanhado no endereço www.redbullmusicacademy.com, que hospeda a programação diária da rádio e do podcast, além de fotos e transcrição das palestras.

A jornalista Adriana Ferreira Silva viajou a convite da Red Bull do Brasil

Especial
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