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30/11/2005 - 10h39

Tintim e suas aventuras voltam ao Brasil

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MARCO AURÉLIO CANÔNICO
da Folha de S.Paulo

Em janeiro de 1929, um repórter começou a se destacar nas páginas do "Le Petit Vingtième", o suplemento infantil do jornal belga "Le Vingtième Siècle" (o século 20). Curiosamente, ele não era autor de textos, mas personagem.

Hoje, 76 anos depois, o (ainda) jovem Tintim, criação de Georges Rémi, vulgo Hergé, já tem fama universal e uma legião de fãs de várias gerações, conquistada graças à série de 24 aventuras traduzidas em mais de 45 línguas --além de uma infinidade de produtos associados, como desenhos animados para a TV e para o cinema, séries de rádio etc.

O relançamento, pela Companhia das Letras, das aventuras do personagem de Hergé --acompanhado de seu fiel e inseparável cão, Milu-- é a chance de uma nova geração de leitores brasileiros conhecerem, agora em todas as 24 aventuras, este clássico que ficou sem edição em português do Brasil por décadas --foi lançado na década de 1970 pela Record, que publicou apenas nove livros, e, mais recentemente, importado de Portugal pela editora Verbo.

Prometido pela editora para o ano passado, quando o personagem completou 75 anos, o primeiro bloco de aventuras foi lançado só neste mês, trazendo quatro livros -- "Os Charutos do Faraó", "O Lótus Azul", "O Ídolo Roubado" e "A Ilha Negra"-- com preço unitário de R$ 33. As próximas aventuras, segundo a editora, serão lançadas a partir de junho de 2006, duas edições por mês.

O formato (22 cm x 29,5 cm) é um pouco maior do que o da edição da Record, e a nova tradução, a cargo de Eduardo Brandão, moderniza o texto, deixando-o mais acessível ao leitor de hoje, mas retirando um pouco do charme que a formalidade das traduções anteriores conferia à série.

Histórico

Hergé criou Tintim baseado em seu personagem Totor, um escoteiro, cujas aventuras foram publicadas entre 1926 e 1929. A primeira história do jovem repórter, "Tintim no País dos Soviéticos", trazia as características que marcariam boa parte da série: as visitas aventureiras a países estrangeiros, o testemunho de fatos históricos e a série de estereótipos usadas para caracterizar os personagens "exóticos", como russos, sul-americanos e africanos.

Os desenhos limpos, mas expressivos, de Hergé são um dos destaques da série, assim como a série de personagens carismáticos --o cãozinho Milu, o capitão bom de copo Haddock, os detetives Dupont e Dupond etc.

As tramas mirabolantes são bem-humoradas e alternam histórias policiais, de ficção e de aventura, além de referências culturais e históricas, disfarçadas em países fictícios. Ao longo dos 24 álbuns da série, Tintim passa pela segunda Guerra Sino-Japonesa, pela Guerra do Chaco, pela Revolução Russa, pela América de Al Capone e até antecipa a primeira viagem do homem à Lua.

Principalmente nas primeiras aventuras do personagem, é nítido o racismo e teor imperialista que derivam da visão etnocentrista de Hergé --figura controversa, acusada de simpatia pelo fascismo e pelo nazismo por sua colaboração com o "Le Vingtième Siècle", jornal anticomunista editado por um admirador de Mussolini, e com o "Le Soir", uma das poucas publicações da Bélgica que não foram fechadas durante a ocupação alemã, na Segunda Guerra Mundial.

Essa visão estereotipada sofre uma mudança considerável a partir da aventura chinesa de "O Lótus Azul", publicada entre 1934 e 1935. O autor começaria aí a fazer pesquisas extensivas antes de retratar culturas estrangeiras. Muitos dos álbuns originais --como "A Ilha Negra"-- seriam alterados por Hergé em novas edições, a pedido dos editores.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Tintim e Hergé
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