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24/01/2006 - 14h20

Conheça os caminhos da fama da nova safra de atores

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BRUNO SEGADILHA
Colaboração para a Folha

Gabriel Wainer, 21, lembra exatamente do momento em que entrou no Departamento de Recursos Artísticos da Globo para fazer seu cadastro na emissora. "Fui tentando não criar expectativas, assim a decepção não seria tão grande."

Recém-formado na CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), no Rio de Janeiro, Wainer é representante da nova safra de atores que chega à TV e começa cedo a procurar o caminho da fama: ele esta na nova temporada de "Malhação", que entrou no ar neste mês.

Além dele, outros dez nomes desconhecidos pelo público farão parte do
elenco da novela, que se renova a cada temporada. Em 2005 a seleção
começou em junho e durou até dezembro, quando o diretor artístico da atração, Ricardo Waddington, bateu o martelo na escalação dos atores.

"Todo ano fazemos seleção. 'Malhação' se transformou numa espécie de celeiro de jovens atores. Este ano chegaram para mim cerca de 400 testes. Os candidatos foram sendo filtrados até chegarmos ao atores que queríamos. Na hora da escolha, levo em consideração se o ator tem o perfil do personagem, principalmente."

Além de "Malhação", o diretor é responsável também pela escolha do elenco de "Sinhá Moça", novela que deve ir ao ar em março deste ano e que ainda está em fase de testes. "Estou procurando uma atriz para fazer a Ana do Véu, papel que foi da Patrícia Pillar. Nesse caso, estão concorrendo 30 atrizes."

Rodrigo Pandolfo, 21, fez teste para a novela, mas não passou. Depois de
algumas tentativas, aprendeu a conviver com a frustração. "Cada não que a gente leva é uma morte. Nessa profissão, você tem que aprender a lidar com o ego, a lidar com as recusas. Depois de alguns testes, vi que muita gente boa não passava, que era assim mesmo."



Chuva de currículos

Por ano, Bandeirantes e SBT cadastram mais de 4.000 atores que querem fazer parte do elenco das principais produções. A assessoria de imprensa da Record e da Globo não souberam responder pelos seus departamentos de elenco.

De acordo com Ciça Castello, dona da Maciça Produções, empresa que seleciona atores para a novela "Floribella", o último teste envolveu cerca de 400 candidatos. Por mês, a produtora recebe cerca de cem currículos novos.

"Sempre respondemos a todos que chegam. Pedimos uma foto natural, que não precisa ser de book, para vermos como é a pessoa normalmente, no dia-a-dia."

No SBT chegam, por semana, cerca de 50 currículos. Fernando Rancoleta,
diretor de elenco da emissora, diz que a primeira providência na seleção é descartar os curiosos, o que é feito exigindo-se o registro profissional do ator, conhecido no jargão artístico como DRT (Delegacia Regional do Trabalho). "Se não tiver o DRT, nem atendo a pessoa."

Batalha dos testes

Sem medo de não ser atendido, Guilherme Trajano, 25, que é ator
profissional, resolveu arriscar e levar seu currículo ao SBT por conta
própria, sem o intermédio de um agente, pessoa que conhece os profissionais influentes no meio artístico e indica os atores para testes. "Quem não arrisca não petisca", lembra Trajano.

Deu certo. O ator foi chamado para testes e hoje é uma das apostas de
Rancoleta, junto com Débora Gomez, 24, e Milena Toscano, 21, colegas de
elenco em "Os Ricos Também Choram".

No ar em "Malhação", Caroline Abras, 18, diz que fez muitos testes antes de conseguir um papel. Sua primeira tentativa de entrar na novela não emplacou.

"A pior coisa de um teste é você ficar 'editada' (ser cotada para o papel) e não dar certo, é frustrante."

Nesse sentido, Paola Oliveira, 23, pode se considerar em uma posição
privilegiada: com pouco mais de um ano de estudo, a atriz conseguiu um papel de destaque na novela "Belíssima". Oliveira, que começou a carreira fazendo comerciais, não esperava dar certo tão cedo. "É um sonho começar a estudar e ser tão próspera, estar trabalhando com quem estou."

Ariela Massoti, 20, também não pode reclamar: foi aluna na mesma escola de atores e, pouco tempo depois, foi aprovada nos testes para a novela "Bang Bang". Mesmo sem muita experiência, diz contar com a ajuda e com a paciência dos mais antigos. Para Ariela, a TV era um desejo distante. "É a época mais feliz da minha vida, estou realizando um sonho de infância."



Como investir na carreira

Tornar-se um astro, entretanto, pode exigir mais do que sorte e talento.
Beto Silveira, responsável pela preparação de Ana Paula Arósio, destaca a
importância da preparação do ator antes de ser lançado. Para ele, a idéia do sucesso instantâneo é falsa: os atores que são "lançados" pelas emissoras já têm um trabalho sólido.

"As pessoas falam: 'Nossa, estão lançando essa menina!'. Mentira. Essa
menina já fez teatro, estudou, se preparou antes. A Ana Paula Arósio ficou um ano e meio se preparando antes de se arriscar no vídeo", contesta.

Sobre a falta de preparo de alguns atores, Nilton Travesso, ex-diretor de
teledramaturgia do SBT, diz que a carreira para aqueles que não têm estudo e que visam a TV como único objetivo é curta.

"Eu tenho medo dessas coisas. Esses atores querem a fama rápida. Conseguem, mas caem muito rápido também. Acho perigoso embarcar nessa ilusão", avalia Travesso.

Julianne Trevisol, 22, que, junto com Juliana Vas, 17, deve estrear na
segunda temporada de "Floribella", concorda que o ator não deve investir na carreira com essa única intenção.

"Sou a favor de começar no palco, com o pé no chão, fazendo aula, lendo, estudando. Às vezes sinto um pragmatismo por parte de alguns."

Em São Paulo e no Rio de Janeiro existem cerca de 65 cursos de formação de atores, entre os de nível superior e de nível técnico, de acordo com o Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos) dos dois Estados.

Para formar um ator, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) exige uma carga horária mínima de 800 horas para os cursos de nível técnico e 4.860 horas para os cursos de graduação.

Aprovado pelo curso, ou graduado na instituição de nível superior, o aluno recebe a documentação necessária para dar entrada no registro de ator no Sated do Estado a que pertence.

Algumas escolas são especializadas em interpretação para TV, como a Escola de Atores, do diretor Wolf Maia, e o Studio Escola de Atores, onde se formaram atores como Thiago Lacerda e Bruno Gagliasso.

Para Sonaira D'ávila, diretora do Studio Escola, grande parte das pessoas que entram no curso buscam um retorno financeiro rápido, além do sonho em fazer televisão.

"As pessoas que me procuram têm a necessidade de, em dois anos, comprar carro, casa e sustentar a família."

D'ávila diz ainda que é fácil ingressar na televisão, desde que se entendam as regras do mercado.

"O aluno pode encarar a carreira como um plano de negócio, mas tem que saber que é preciso seguir os passos certos, entender as regras do jogo. É um investimento caro, mas que dá resultados."

Bruno Segadilha participou do 40º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre "Malhação"
  • Leia o que já foi publicado sobre "Floribella"
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