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27/01/2006 - 10h10

DJs brasileiros conquistam espaço no exterior

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

O Brasil nunca assistiu em seus clubes, festas e festivais a número tão grande de artistas estrangeiros como em 2005 --e o calendário de 2006 deve ser tão disputado quanto. Mas o trânsito inverso, dentro do universo da eletrônica, não está menos congestionado.

É uma movimentação que ganhou força há dois anos e continua a crescer, com DJs sendo chamados para tocar no exterior e produtores lançando discos por gravadoras internacionais. Isso passa longe do estereótipo dos anos 80/90, de gente que ia à Europa e aos EUA tocar "para brasileiros" ou em lugares às moscas --são pessoas que se apresentam em clubes e eventos respeitados e que têm gravações bancadas por selos renomados.

Um exemplo é o desconhecido --no Brasil-- paulistano Gui Boratto. Ele lançou, em outubro, o single "Arquipélago" pela alemã Kompakt, que abriga álbuns de pesos pesados do tecno minimal, como Michael Mayer e Superpitcher. A música foi tocada por DJs como Sven Väth e Hernan Cattaneo. Boratto tem engatilhadas outras duas produções para o selo.

Hoje com 32 anos, Boratto passou anos trabalhando em estúdio, produzindo músicas mais comerciais. "Mas sempre fazia coisas mais autorais. Um dia fui assistir ao Richie Hawtin numa festa em São Paulo e vi que tinha tudo a ver com o que eu estava produzindo, que era um tecno mais minimalista. Então resolvi mandar a faixa para o Michael Mayer [sócio da Kompakt], e ele me ligou dizendo que tinha adorado."

O sucesso no exterior abriu espaço para Boratto no Brasil. Em 3 de fevereiro, ele estréia seu live PA (apresentação ao vivo, em que mostra suas músicas) no Lov.e. "E depois vou à Alemanha", avisa.

A Alemanha, ainda a maior referência quando o assunto é eletrônica, é destino para muitos dos brasileiros. Como a dupla Pet Duo, que passará a maior parte de 2006 na terra da Copa do Mundo (em 4 de fevereiro, no clube Lov.e, devem fazer a última apresentação do ano no Brasil). O Pet Duo, duo de tecno pesado formado pelo casal Ana e David, lançou em 2005 o CD "Palazzo vol. 5", primeira compilação de tecno feita em quatro toca-discos. E, só no ano passado, participaram de festivais como o Monegros (Espanha) e o Awakenings (Holanda).

Grandes eventos europeus são locais onde pode-se ouvir o habilidoso Murphy, que no último Réveillon tocou na Bélgica e em Portugal; em abril, está escalado para o alemão Time Warp; depois, para o belga Nature One.

"Pessoas como Renato Cohen e Pet Duo abriram caminhos para nós. Hoje respeita-se muito a música eletrônica do Brasil", conta a carioca K-Milla, 25, residente de um clube em Montevidéu e já com passagens por França, Suécia e Malta, onde tocou com o top italiano Mauro Picotto. Como K-Milla, o Rio guarda outros DJs e produtores requisitados, como Nitrosound, Marcelinho CIC (que com um remix de "I Feel for You", de Chaka Khan, ganhou o case de Carl Cox) e o projeto Iron Nipples (de Mauricio Lopes e Schild, tocados por Green Velvet).

Os exemplos se sucedem. O paulista Elton D. já colocou músicas em selos como Definition Records e Primal Force, enquanto o gaúcho Philip Braunstein tem mais de 15 discos que podem ser encontrados no exterior.

E isso falando apenas de tecno e de nomes novos. O quarteto Digitaria, de Belo Horizonte, terá seu álbum de estréia lançado pela International Deejay Gigolo, referência do electro. O Wrecked Machines, projeto de trance psicodélico do paulista Gabriel Serrasqueiro, excursiona por países como África do Sul, Japão e Austrália. O trance psicodélico, hoje o mais popular braço da eletrônica no país, é também representado lá fora por DJs como Rica Amaral e Feio. O trio houseiro Jamanta Crew tem tentáculos nos EUA.

E há os "veteranos". Renato Cohen prepara álbum de estúdio e vai à Ásia; Anderson Noise, a Ibiza; Mau Mau, à França; Marky estará em abril na tour Four Tops, com Zinc, Roni Size e Andy C. Já Patife lança em março o primeiro disco, "Na Estrada", feito com banda e sem samples. Depois, vai ao Japão e aos festivais europeus.

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