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16/02/2006 - 09h39

"Poderoso Chefão" volta em livro que venceu concurso

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EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

A tentativa de Michael Corleone de tirar sua família da ilegalidade, o aborto de sua mulher, Kay, e a sexualidade de seu irmão, Fredo, são algumas das pontas soltas deixadas para trás em "O Poderoso Chefão", e pelos três filmes inspirados na obra de Mario Puzo (1920-1999). Elas ajudaram o escritor americano Mark Winegardner a amarrar suas idéias para "A Volta do Poderoso Chefão", continuação feita por encomenda, que chega agora ao Brasil.

Durante anos o editor Jonathan Karp, da Random House, tentou convencer Puzo a escrever um novo capítulo da saga dos Corleone. O autor se recusou, mas deu carta branca para a família e a editora o fazerem, após sua morte.

Há três anos, Karp, Tony Puzo, filho mais velho do autor, e o agente Neil Olson entraram em contato com alguns escritores, solicitando propostas. Winegardner, que venceu o concurso, conta que chegou a recusar, achando que seria "cínico" demais ganhar dinheiro às custas de "O Poderoso Chefão". "Depois me ocorreu que poderia ser um bom livro, e não apenas uma tentativa de faturar", diz o escritor à Folha.

Pacino ou Corleone

Professor de literatura na Florida State University, autor de nove livros, três deles romances, Winegardner conta que os filmes de Francis Ford Coppola tornaram os personagens de Puzo tão reais no imaginário das pessoas que tocar uma continuação seria como retomar fatos históricos. Com suas devidas limitações.

"Um dos meus medos era ter em mente não Michael Corleone, mas Al Pacino. E que sua imagem iria afetar a minha visão. Mas isso não aconteceu. Porque quando você vê um filme, está enxergando os personagens de fora. E ao escrever um romance é como se você fosse o ator e estivesse dentro do personagem."

Situando o livro entre a segunda e terceira partes da trilogia no cinema, Winegardner conta que havia escolhas que não achava convincentes. Mas sabia que o leitor estaria familiarizado com elas e teria de respeitar isso. Como a decisão de Kay (Diane Keaton), de fazer aborto.

"Não acho que nos anos 50 a esposa católica de um mafioso poderia fazer um aborto. Então defendo que era mentira. Kay perdeu o filho e tinha medo de não poder sair do casamento, que não suportava mais, porque Michael jamais lhe daria o divórcio. Então ela mente, ele bate nela, fica chocado com a própria reação e acaba aceitando a separação."

O escritor deu também um novo sopro de vida a Johnny Fontane, vozeirão ítalo-americano protegido por Don Corleone, um personagem que acabou tendo sua importância diminuída, sob pressão, por conta das comparações a Frank Sinatra.

Questão aberta

Winegardner se aprofunda ainda nas águas turvas da sexualidade de Fredo, irmão de Michael. No original, conta o autor, há menção de que Fredo é um "filhinho da mamãe", que vai para Las Vegas, torna-se promíscuo e engravida dançarinas.

"Há um momento em que o "consigliere" Tom Hagen fala de Fredo, e Don Corleone, pela primeira vez em todo o livro, xinga. Puzo diz apenas que é um palavrão em dialeto siciliano. Hagen percebe que o Don sabe algo de Fredo, mas não revela. Puzo termina o livro sem resolver isso. Quando reli, fiquei pensando no que seria o segredo que Vito leva para o túmulo. O que levou Fredo a ser promíscuo? O que ele tinha de provar? Este cara é provavelmente um gay enrustido."

Por fim, para Winegardner, que já está tocando "A Vingança do Poderoso Chefão", a mais importante questão emocional de toda a saga ainda estava em aberto: o desejo de Michael de que a família fosse legítima.

"É o que move o personagem. O livro e os três filmes não a resolvem. No fim do segundo filme ele está mais distante ainda de seu sonho; no início do terceiro, 20 anos depois, vemos que ele conseguiu parcialmente, mas não há explicação de como isso aconteceu. Quando percebi isso, fiquei extremamente animado com a idéia de escrever a seqüência."

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