21/02/2006 - 13h03

Uísque e famosos fazem a linha em camarote no U2

MARY PERSIA
da Folha Online

A credencial conseguida de última hora causou uma boa sensação. Oba, vou cobrir o show do U2 de um camarote. Nada de pista, empurra-empurra, fila para o banheiro. E não vou morrer de fome, com preguiça de enfrentar a massa para ter um sanduíche seco como prêmio.

Passa um pouco das 20h quando chego. Franz Ferdinand já está na terceira música. No camarote da Claro, ainda apenas semifamosos. A Virna do vôlei, me diz alguém, está por ali. O cabeleireiro Marco Antônio di Biaggio também. Chega Serginho Groisman, com uma moça bonita.

Theodoro Cochrane, filho de Marília Gabriela (ela, na área vip do Pão Emotion, com Zezé di Camargo, Luciano Huck, Wanessa Camargo e outros), conversa com Lucas Babin. Alicinha Cavalcanti, promotora da lista de vips, fala da polêmica entre as facilidades dos famosos e as dificuldades dos fãs para ver o show.

"No Rio, 1,5 milhão foi assistir aos Stones sem pagar nada, graças aos patrocinadores, que fizeram uma área vip para seus convidados. É uma troca justa. Aqui, quem está privilegiado é o público, que está mais perto do palco. Apesar de ter comida, bebida e transfer, as celebridades estão longe." De fato, do camarote só se viam as formiguinhas do U2.

Lá pela quinta música chega Glória Maria, devidamente acompanhada por um moço forte, alto e bonito. Simpática, cumprimenta as pessoas. Ao lado, uma mulher (deve ser semifamosa, mas não tenho idéia de seu nome) reclama: "Ai, as pessoas não param de passar. Elas não ficam quietas". Saísse do corredor de passagem.

Volto a assistir ao show. Distraída pelas luzes, por Bono e pelo uísque (com água de coco ou "mix com frutas" --no caso, só uva), não percebo Cláudia Abreu atrás de mim. Atribuições do ofício, pergunto se já havia assistido ao show da turnê "Vertigo". Antes, durante e depois da resposta (um lacônico "não"), ela faz cara de "retaguarda" em itálico (cabecinha inclinada, sorrisinho com os lábios cerrados, num jeitinho pouco simpático de mostrar que não quer papo).

Tudo bem, eu também não quero, Laura. Ainda mais depois de saber que Fábio Assunção ronda por ali. Camiseta do camarote customizada (virou uma regata), cabelo máquina três, braço de fora, colo nele. Obrigada pela profissão de repórter --fiz um juramento na faculdade, tenho de cumpri-lo--, encosto em seu braço, me apresento. A pergunta é a mesma que fiz a Cláudia Abreu. Mas a resposta não.

"Vi o show no Madison Square Garden, em Nova York. O cenário era um pouco diferente, havia um letreiro em cima, o telão era menor. Mas também muito bom." "Diferente como mesmo, Fábio?" "Ah, tinha umas luzes..." Bem, a resposta fica perdida em algum lugar da memória, provavelmente entre os olhos claros e a boca carnuda. Valha-me. Voltando à realidade, ele diz ainda que só retorna à TV em 2007, em uma novela de Gilberto Braga. Antes disso, talvez participe de dois filmes e uma peça.

Ganho até um cigarro de Fábio, e fico com vontade de pegar a bituca que ele larga no chão, a 20 centímetros dos meus pés. Complementaria minha renda do mês se eu a leiloasse pela internet. Mas me contenho.

Como não há bem que sempre dure, Fábio sobe as escadas. Vai conversar com Cláudia Abreu, ex-namorada e amiga. Deixa o camarote em seguida.

Desolada, e alguns uísques e petiscos depois, vou ao bar do camarote buscar uma cerveja. Na volta, descendo os degraus, tropeço e caio em cima de alguém. Susana Vieira. Que olha para trás sorrindo e perdoa minha falta de equilíbrio. Alegre, em forma, com boné e uma calça jeans stretch que adianta o que mostrará como rainha de bateria no Carnaval do Rio, curte o show como uma adolescente. Esse é o espírito da coisa.

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