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05/04/2006 - 17h33

Crítica: Palmirinha é a "Sue Johanson das caçarolas"

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SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Ela é a Sue Johanson das caçarolas --seja pelo jeito "vovó" de meter a colher nos assuntos, seja por soltar no ar abobrinhas, fugindo dos roteiros, beirando o trash, para deleite de alguns telespectadores. Aos 74 anos, Palmirinha Onofre é um motivo para ver a TV Gazeta, canal paulista. Ela comanda o "TV Culinária", que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h15 às 14h. Não precisa gostar de cozinhar para ver o programa. Palmirinha é a atração.

Primeiro, ela sabe do que está falando. Isso é raro em TV. Reza a lenda que aprendeu a cozinhar na infância e adolescência com uma francesa (Madame Georgette) e depois passou a organizar banquetes para políticos e personalidades. Às vezes, sua capacidade de improvisar rende boas gargalhadas. Se você não tem açafrão para preparar o prato, ora bolas, põe colorau. E nada de desistir da receita porque faltou shiitake. Sapeca champignon e seja feliz.

Ana Ottoni/Folha Imagem
Palmirinha improvisa receita e conversa com ponto eletrônico
Palmirinha improvisa receita e conversa com ponto eletrônico
Em alguns casos, a receita ditada por Palmirinha se descaracteriza a um ponto que ganha uma versão quase totalmente diferente da inicial. Outro detalhe charmoso de seu estilo de apresentar: ela se confunde com o ponto eletrônico na orelha e fica falando com a diretora. Enquanto isso, o telespectador morre de curiosidade para saber o que foi soprado no ouvido de Palmirinha. Em geral, uma ordem para acelerar a receita.

Há quem deteste o programa, mas não passa um dia sem acompanhá-lo --só para ter o que falar mal. "Eu amo a Palmirinha, mas ela enrola muito, repete várias vezes a mesma coisa. Quando vê, já está na hora de terminar o programa. Aí não dá tempo para finalizar o prato direito, faz correndo", cita um espectador em um fã-clube na internet.

Como Sue Johanson, a impagável vovó canadense do "Falando de Sexo" (GNT, 23h45), Palmirinha virou "cult" só recentemente. Antes, ela era apenas culinarista convidada de programas femininos estrelados por apresentadoras como Ana Maria Braga (hoje na Globo) e Cátia Fonseca na TV Record. Depois, sua participação era apenas um quadro do "Pra Você" (11h10), programa de Ione Borges na Gazeta. Só no ano passado que o "TV Culinária" ganhou vida própria, e Palmerinha passou a brilhar sozinha.

Divulgação
Palmirinha nasceu em Bauru, interior de SP
Palmirinha nasceu em Bauru, interior de SP
Ao lado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, um rolo de massa e um cesto porta-ovos na forma de galinha, Palmirinha foi um dos destaques da coluna de Mônica Bergamo na edição impressa de hoje da Folha, em uma fotografia com dimensões semelhantes a da top model "Alessandra Ambrósio", capa da revista "Glamour" americana e da "Elle" inglesa neste mês.

A sucessora de Ofélia Anunciato (1925-1998), primeira mulher a ter um programa de culinária na TV brasileira, também enfrenta concorrência --inclusive masculina. Em um país onde o governo já disse que o principal problema alimentar é a obesidade, e não a fome, haja atrações ensinando o telespectador a mexer com os temperos. Vai de Ronnie Von, no programa "Todo Seu" (22h, também na Gazeta) a Olivier Anquier, o padeiro e marido da atriz Débora Bloch, com incursões na cozinha da Record e GNT.

O problema é a pitada de merchandising --irritante em alguns casos-- no meio de uma colherada e outra. Às vezes, o programa de Palmirinha se perde com essa obrigação comercial. O tempo da TV corre, e a receita desanda. O engraçado é que ela não se desespera com o desastre à espreita em sua cozinha cenográfica. A apresentadora fica próxima da vida real. Vira gente da família. Prepara receitas viáveis, práticas, possíveis na mesa do telespectador médio --e não pratos pretensiosos e sofisticados, que funcionam mais como bandeiras de status social.

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