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06/04/2006 - 18h54

"Evangelho Segundo Judas" é apresentado ao público

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da France Presse, em Washington

Após ter ficado desaparecida por 1.700 anos, a única cópia conhecida do "Evangelho Segundo Judas", autenticada e apresentada pela primeira vez ao público nesta quinta-feira, lança uma nova luz sobre o apóstolo que supostamente traiu Jesus vendendo-o aos romanos.

O manuscrito de 26 páginas em papiro, escrito em dialeto copta, foi apresentado pela revista americana "National Geographic" em sua sede, na capital americana. O documento, cópia de uma versão mais antiga redigida em grego, foi autenticado como sendo do século 3 ou 4.

Ao contrário da versão dos quatro Evangelhos oficiais, o texto em questão indica que Judas era um iniciado que traiu Jesus a pedido dele próprio, e para a redenção da Humanidade.

A principal passagem do documento é atribuída a Jesus, que diz a Judas: "Tu superarás todos eles. Tu sacrificarás o homem que me cobriu." Segundo exegetas, a frase significa que Judas ajudará a libertar o espírito de Jesus de seu invólucro carnal.

"Essa descoberta espetacular de um texto antigo, não-bíblico, é considerada por especialistas uma das mais importantes atualizações dos últimos 60 anos no que se refere ao nosso conhecimento sobre a História e a diferentes opiniões teológicas sobre o começo da era cristã", indicou Terry Garcia, vice-presidente-executivo da revista americana.

A existência desse Evangelho foi comprovada por Santo Irineu, primeiro bispo de Lyon, que o denunciou em um texto contra as heresias em meados do século 2.

"A descoberta surpreendente do Evangelho de Judas afeta a nossa compreensão sobre o início do cristianismo", disse Elaine Pagels, professora de religião da Universidade de Princeton e uma das grandes especialistas mundiais em Evangelhos. "Essa descoberta derruba o mito de uma religião monolítica, e mostra o quão diverso e fascinante era o movimento cristão em seu começo", assinalou.

Acredita-se que o manuscrito, encadernado em couro, tenha sido copiado por volta do ano 300 d.C.. Ele foi descoberto na década de 1970, no deserto egípcio de El Minya. Circulou entre vendedores de antigüidades, até chegar à Europa e, depois, aos Estados Unidos, onde permaneceu no cofre de um banco de Long Island por 16 anos, até ser novamente comprado no ano 2000, pelo antiquário suíço Frieda Nussberger-Tchacos.

Preocupado com sua possível deterioração, o antiquário entregou o manuscrito à fundação suíça Maecenas Foundation for Ancient Art em fevereiro de 2001, a fim de preservá-lo e traduzi-lo.

Após a restauração do documento, o trabalho de análise e tradução foi confiado a uma equipe dirigida pelo professor Rudolf Kasser, aposentado pela Universidade de Genebra. O documento será mantido agora em um museu do Cairo.

Em sua edição de maio, a National Geographic dedica um longo artigo à descoberta. Amanhã, a revista irá inaugurar uma exposição em sua sede, onde o público poderá apreciar algumas páginas do manuscrito. Em colaboração com a fundação Maecenas, a revista também apresentará nos Estados Unidos um documentário de duas horas de duração sobre o assunto, em seu canal de TV a cabo. O documento foi traduzido para o inglês, alemão e francês.

Especial
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