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13/05/2006
-
10h03
EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo
Jesus não morreu crucificado e chegou a escrever, com as próprias mãos, sua defesa perante o Tribunal Romano. Esta nova teoria não parte de Dan Brown, mas de seu maior detrator, o historiador neozelandês radicado na Inglaterra Michael Baigent, co-autor de "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", e de um processo de plágio contra o autor de "O Código Da Vinci". Vencido por Brown.
Em "Os Manuscritos de Jesus", lançado no ano passado lá fora e que sai agora pela editora Nova Fronteira no Brasil, às vésperas da estréia da adaptação do best-seller de Brown para o cinema, Baigent levanta mais alternativas diferentes para a trajetória de Cristo.
Segundo o autor, como antes já havia cogitado em seu primeiro livro, Jesus teria se casado com Maria Madalena e legado ao mundo uma "linhagem sagrada", negada e escondida pela Igreja Católica.
Agora, suas hipóteses se baseiam num documento jurídico datado de 45 d.C. Nele, um certo Jesus ben Josef, imigrante da Galiléia, faz declarações sobre sua natureza divina.
" 'Não sou Deus, mas estou imbuído do espírito Dele', seria o que reivindicava Jesus. O texto é basicamente a afirmação da divindade potencial que existe em todo ser humano, de acordo com o cristianismo", diz Baigent em entrevista à Folha.
Baigent, cujo "O Santo Graal" foi lançado em 1982, empresta ainda conotações políticas às circunstâncias que levaram à morte de Cristo, aqui desmitificadas. Proprietário de terras, Segundo o autor, Jesus era um líder político ligado ao movimento zelote, partido judeu de oposição aos romanos. Queria o poder. E mais: Judas Iscariotes, retratado como o grande traidor entre os Apóstolos, teria sido membro de uma facção mais radical e violenta, do mesmo grupo de Jesus.
As tintas políticas não aparecem aí à toa. O próprio Baigent sustenta que a crescente interseção entre religião e política tem sido o motor do boom de títulos com narrativas do gênero.
"Os que não são fundamentalistas se perguntam: 'Esses extremistas falam por mim?'. Por isso os livros que levantam questões alternativas têm interessado tanto. As pessoas reconhecem que precisam fazer novas questões e que, se pararem de fazê-las, estão perdidas", diz o autor.
Novamente às voltas com idéias que põem em xeque os chamados "alicerces da fé cristã", Baigent já não se preocupa com as reações da Igreja Católica. Reconhece que suas hipóteses são radicais e diz estar acostumado a ser "ignorado, atacado intelectualmente ou ridicularizado" por ela.
Descontente com o veredicto do processo de plágio que moveu contra Dan Brown, Baigent reafirma que vai apelar. Diz que o juiz tomou a atitude errada, embora tenha reconhecido que todas as argumentações de "O Código Da Vinci", sobretudo a perspectiva do Graal como símbolo do sagrado feminino, vieram de seu livro.
E Brown teria ainda cometido outro pecado: o de afirmar, no começo de seu livro, que tudo era verdade. "Não se pode dizer isso. É ridículo. Nada daquilo pode ser confirmado. Os historiadores trabalham com o plausível", diz ele. "Mas eu não mudaria as hipóteses de 'O Santo Graal', 25 anos depois de tê-lo escrito, nem tampouco as de 'Os Manuscritos'."
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da Folha de S.Paulo
Jesus não morreu crucificado e chegou a escrever, com as próprias mãos, sua defesa perante o Tribunal Romano. Esta nova teoria não parte de Dan Brown, mas de seu maior detrator, o historiador neozelandês radicado na Inglaterra Michael Baigent, co-autor de "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada", e de um processo de plágio contra o autor de "O Código Da Vinci". Vencido por Brown.
Em "Os Manuscritos de Jesus", lançado no ano passado lá fora e que sai agora pela editora Nova Fronteira no Brasil, às vésperas da estréia da adaptação do best-seller de Brown para o cinema, Baigent levanta mais alternativas diferentes para a trajetória de Cristo.
Segundo o autor, como antes já havia cogitado em seu primeiro livro, Jesus teria se casado com Maria Madalena e legado ao mundo uma "linhagem sagrada", negada e escondida pela Igreja Católica.
Agora, suas hipóteses se baseiam num documento jurídico datado de 45 d.C. Nele, um certo Jesus ben Josef, imigrante da Galiléia, faz declarações sobre sua natureza divina.
" 'Não sou Deus, mas estou imbuído do espírito Dele', seria o que reivindicava Jesus. O texto é basicamente a afirmação da divindade potencial que existe em todo ser humano, de acordo com o cristianismo", diz Baigent em entrevista à Folha.
Baigent, cujo "O Santo Graal" foi lançado em 1982, empresta ainda conotações políticas às circunstâncias que levaram à morte de Cristo, aqui desmitificadas. Proprietário de terras, Segundo o autor, Jesus era um líder político ligado ao movimento zelote, partido judeu de oposição aos romanos. Queria o poder. E mais: Judas Iscariotes, retratado como o grande traidor entre os Apóstolos, teria sido membro de uma facção mais radical e violenta, do mesmo grupo de Jesus.
As tintas políticas não aparecem aí à toa. O próprio Baigent sustenta que a crescente interseção entre religião e política tem sido o motor do boom de títulos com narrativas do gênero.
"Os que não são fundamentalistas se perguntam: 'Esses extremistas falam por mim?'. Por isso os livros que levantam questões alternativas têm interessado tanto. As pessoas reconhecem que precisam fazer novas questões e que, se pararem de fazê-las, estão perdidas", diz o autor.
Novamente às voltas com idéias que põem em xeque os chamados "alicerces da fé cristã", Baigent já não se preocupa com as reações da Igreja Católica. Reconhece que suas hipóteses são radicais e diz estar acostumado a ser "ignorado, atacado intelectualmente ou ridicularizado" por ela.
Descontente com o veredicto do processo de plágio que moveu contra Dan Brown, Baigent reafirma que vai apelar. Diz que o juiz tomou a atitude errada, embora tenha reconhecido que todas as argumentações de "O Código Da Vinci", sobretudo a perspectiva do Graal como símbolo do sagrado feminino, vieram de seu livro.
E Brown teria ainda cometido outro pecado: o de afirmar, no começo de seu livro, que tudo era verdade. "Não se pode dizer isso. É ridículo. Nada daquilo pode ser confirmado. Os historiadores trabalham com o plausível", diz ele. "Mas eu não mudaria as hipóteses de 'O Santo Graal', 25 anos depois de tê-lo escrito, nem tampouco as de 'Os Manuscritos'."
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