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25/05/2006 - 09h23

Em entrevista à Folha, Sofia Coppola defende "Maria Antonieta"

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SILVANA ARANTES
Enviada especial da Folha de S.Paulo a Cannes

Terminou nesta quarta sob vaias a sessão para a imprensa do longa "Maria Antonieta" (no orginal "Marie-Antoinette"), concorrente apresentado pela diretora Sofia Coppola à Palma de Ouro no 59º Festival de Cannes. Ao saber que seu filme foi vaiado, Sofia lamentou: "Oh, isso é decepcionante!". A atriz Kirsten Dunst, que faz o papel da rainha Maria Antonieta (1755-1793), saiu em seu socorro. "Eu gosto do filme, Sofia. E tenho orgulho de tê-lo feito", afirmou a protagonista, cujos figurinos exuberantes formam um dos pontos altos do filme.

O francês Michel Ciment, moderador da entrevista coletiva da diretora e do elenco de "Marie-Antoinette", foi mais longe na defesa de Sofia: "Houve aplausos também. Os que vaiaram são pequeno-burgueses. Eles reagem assim quando uma diretora americana talentosa faz um filme sobre nós".

Tal ênfase na defesa de Coppola talvez se explique pelo ar de fragilidade e timidez com que ela enfrentava a situação. Embora sua silhueta não denuncie, Sofia está grávida de seu primeiro filho com Thomas Mars, da banda Phoenix.

Mas a fragilidade de Sofia é apenas aparente. Execrada pela crítica por sua atuação como atriz num filme de seu pai, Francis Ford Coppola ("O Poderoso Chefão 3", 1990), ela saiu de novo à arena --e como diretora, de "Virgens Suicidas" (1999) apresentado em Cannes, naquele ano sob elogios.

Com seu longa seguinte, "Encontros e Desencontros" (2003), Sofia, 35, confirmou seu prestígio junto à crítica e passou a ser apontada como um dos expoentes de sua geração.

O exemplo que aprendeu de seu pai, disse ela, é o de ter "coragem e entusiasmo para fazer filmes únicos e pessoais".

"Maria Antonieta" pode não ser um filme único, mas certamente é uma visão pessoal e generosa sobre a rainha que os franceses odiaram a ponto de decapitar em sua revolução.

A reabilitação desse personagem por Sofia foi o que incomodou os franceses. Nem todos. Jean-Michel Frodon, crítico da "Cahiers du Cinéma", a bíblia francesa do cinema, escreveu: "Continuo não gostando da Maria Antonieta que teve sua cabeça cortada fora, mas eu gosto da Maria Antonieta de Sofia Coppola".

Rainha adolescente

De origem austríaca, Maria Antonieta chegou à corte de Versalhes quando tinha 14 anos, para se casar com o herdeiro do trono francês, Luís 16.

Sofia filma a rainha como uma adolescente vivaz, porém despreparada para um casamento marcado pela falta de apetite sexual do marido e uma entourage xenófoba.

A opinião de Sofia sobre a Revolução Francesa foi a primeira coisa que os jornalistas quiseram saber, pela manhã. "Não vou fazer comentários sobre política", afirmou.

O argumento da diretora é que ela "não estava fazendo um filme político, mas sim um retrato de um personagem". Mais tarde, à Folha, Sofia explicou sua decisão: "Minhas opiniões políticas estão expressas no meu filme. Não me cabe fazer declarações políticas. Sou uma cineasta".

De perto e submetida a menos pressão, a Folha encontrou uma diretora segura e firme. Ela comentou o desapontamento da manhã, quando soube das vaias ao filme.

"Realmente fiquei surpresa e desapontada. Claro que, quando você faz alguma coisa, não espera ter uma reação ruim, mas isso não indica que essa será a reação de todo mundo."

A diretora disse saber que, ao mostrar o filme em Cannes, caminha num "terreno pantanoso", porque a França "é muito apegada à sua história".

Dunst lembrou, em tom de autocrítica que, "nos EUA, a França é um pequeno parágrafo nos livros de história". Mas a declaração não parece capaz de ganhar a simpatia dos franceses para "Maria Antonieta".

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