Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/07/2006 - 13h25

Ex-secretário de imprensa de Lula lança autobiografia

Publicidade

da Folha de S. Paulo

"Uma declaração de amor à profissão, ao jornalismo e, principalmente, à reportagem." Assim o premiado jornalista Ricardo Kotscho, 58, define a mensagem que pretende passar com a publicação de seu novo livro, "Do Golpe ao Planalto - Uma Vida de Repórter", pela Companhia das Letras.

O livro será lançado nesta segunda-feira, em São Paulo. Em pouco mais de 350 páginas, são percorridos 40 anos da carreira de Kotscho. Desde o tempo de "foca" no "Estado de S.Paulo" e onde era chamado de Ricardinho pelo então chefe, Clóvis Rossi (hoje colunista da Folha), até sua despedida, no Palácio do Planalto, do cargo de secretário de imprensa da Presidência, no final de 2004.

Em entrevista à Folha, Kotscho diz acreditar, "sinceramente", que o jornalismo seja a "melhor profissão do mundo".

Principalmente se o trabalho de repórter tiver conseqüências. Do início dos anos 80, Kotscho relembra o caso de dezenas de pessoas que apareceram para ajudar um casal no ABC paulista depois que uma de suas reportagens, publicada na Folha, mostrou a agonia causada pelo desemprego.

Três dias atrás, na quarta-feira, Kotscho recebeu a notícia de que outra reportagem sua, recém-publicada em São Paulo e no Rio, desencadeou uma ação que levou à prisão de 22 pessoas suspeitas de envolvimento com tráfico de drogas e assassinatos em Minas.

Tendo o pano de fundo dos últimos 40 anos da história do Brasil, o livro é um emaranhado de memórias, viagens, amigos e empregos do jornalista.
"Escrever livro de memórias é fogo. Você passa a vida inteira juntando histórias. Quando chega a hora de escrever, a memória já não ajuda. E, quando você é jovem e tem a memória boa, não tem histórias para contar", diz Kotscho.

Embora já tenha outros 15 livros publicados, o jornalista afirma que "Do Golpe ao Planalto" é o primeiro escrito "profissionalmente". "No final, aprendi que escrever um livro é basicamente reescrever e cortar palavras."

Posfácio e mensalão

Kotscho levou um ano para terminar o livro, de dezembro de 2004 a dezembro do ano passado. Depois de pronto, se viu obrigado a escrever um posfácio para comentar a crise política causada pelas denúncias de corrupção que abalaram o governo de seu amigo de mais de 30 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Kotscho e Lula se conheceram quando o petista era sindicalista no ABC paulista. Na campanha eleitoral de 2002, Kotscho voltou a trabalhar na área de imprensa com o então candidato. Após a vitória, sua ida para a Secretaria de Imprensa do Planalto aconteceu quase que por "osmose".

Sobre a crise do mensalão, que eclodiu pouco meses depois de deixar o Planalto, Kotscho hoje afirma: "Convivi dois anos dentro do governo e nunca ouvi falar de mensalão. Fiquei chocado quando isso começou a sair no noticiário. Eu não conseguia nem entender".

Pessoalmente, acredita que houve o mensalão? "Acho que houve essa coisa de dinheiro de partido, que tem a ver com a campanha de 2004. Mas não acredito que saíram distribuindo dinheiro, um monte de gente recebendo, com sacolas circulando. Não estou dizendo que não houve, mas não consigo entender."

Para o jornalista, "é difícil avaliar" a responsabilidade do presidente Lula na crise. "Ainda vai levar um bom tempo para uma avaliação fria. A minha nunca será fria, pois participei do governo e sou amigo e muito próximo de Lula. É uma amizade de mais de 30 anos", diz.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Ricardo Kotscho
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página