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04/08/2006
-
08h55
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Filmes sobre a ditadura militar (1964-1984) estão para o cinema brasileiro assim como produções sobre a Guerra do Vietnã (1964-1975) estão para o norte-americano. Guardadas as proporções, são feitos aos baldes, mas dá para contar nos dedos os que valem a pena. Prova infeliz da equação é "Zuzu Angel" do diretor e co-roteirista Sérgio Rezende, que estréia nesta sexta-feira (4).
O título do filme se refere a Zuleika Angel Jones, a mais representativa estilista brasileira do século passado. Narrada nos anos 70, a história vai da morte do filho de Zuzu (Patrícia Pillar), Stuart Angel (Daniel de Oliveira), nos porões da repressão em 1971, à morte criminosa da personagem-tema, cinco anos mais tarde, por criticar abertamente a ditadura.
Experiente no gênero "anos de chumbo", Rezende ("Guerra de Canudos" e "Lamarca") aposta em um trilher dramático embalado por flash-backs. Não é um filme sobre a vida de Zuzu, notará o espectador, mas sobre a ditadura militar. A própria opressão que centraliza a trama é colocada para dar sobressaltos na platéia, não tanto para indignar.
Apesar do apelo para aventura, os clichês impedem o filme de arrebatar a platéia. Já é lugar-comum a cena do assalto a banco em que um militante é baleado e preso, por exemplo. Os "subversivos" falam de forma mais rígida e mecânica do que os próprios "milicos" --outro "hit" dos filmes sobre o período. Por fim, como não poderia faltar numa trilha óbvia: "Apesar de Você" de Chico Buarque.
A escolha dos atores traz curiosidades,como Paulo Betti revivendo o guerrilheiro Carlos Lamarca (papel interpretado em 1994), Luana Piovani de Elke Maravilha e Elke Maravilha de cantora de cabaré. Antes de ser jurada de Silvio Santos, Elke foi modelo e amiga de Zuzu.
Os looks, confeccionados pela figurinista Kika Lopes, contam a carreira da estilista em duas fases. No início suas peças são alegres com estamparia de pássaros e plantas brasileiras. Quando o filho é assassinado, sua arte se volta para tons escuros: o menino que hasteia uma pipa preta, o sol atrás das grades, o tanque de guerra. Patrícia Pillar chegou a usar acessórios (anéis, óculos, relógio) que pertenciam à própria Zuzu.
Caso queira descobrir mais sobre a vida da estilista, o espectador pode folhear o livro "Eu, Zuzu Angel, Procuro Meu Filho" de Virginia Valli, no qual Rezende se baseou. Não se propondo a dar conta da vida de Zuzu, a produção de R$ 5 milhões está mais para um breve desfile de referências desgastadas.
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da Folha Online
Filmes sobre a ditadura militar (1964-1984) estão para o cinema brasileiro assim como produções sobre a Guerra do Vietnã (1964-1975) estão para o norte-americano. Guardadas as proporções, são feitos aos baldes, mas dá para contar nos dedos os que valem a pena. Prova infeliz da equação é "Zuzu Angel" do diretor e co-roteirista Sérgio Rezende, que estréia nesta sexta-feira (4).
O título do filme se refere a Zuleika Angel Jones, a mais representativa estilista brasileira do século passado. Narrada nos anos 70, a história vai da morte do filho de Zuzu (Patrícia Pillar), Stuart Angel (Daniel de Oliveira), nos porões da repressão em 1971, à morte criminosa da personagem-tema, cinco anos mais tarde, por criticar abertamente a ditadura.
Divulgação |
Atrizes Luana Piovani (de branco) e Patrícia Pillar em desfile durante o filme "Zuzu Angel" |
Apesar do apelo para aventura, os clichês impedem o filme de arrebatar a platéia. Já é lugar-comum a cena do assalto a banco em que um militante é baleado e preso, por exemplo. Os "subversivos" falam de forma mais rígida e mecânica do que os próprios "milicos" --outro "hit" dos filmes sobre o período. Por fim, como não poderia faltar numa trilha óbvia: "Apesar de Você" de Chico Buarque.
A escolha dos atores traz curiosidades,como Paulo Betti revivendo o guerrilheiro Carlos Lamarca (papel interpretado em 1994), Luana Piovani de Elke Maravilha e Elke Maravilha de cantora de cabaré. Antes de ser jurada de Silvio Santos, Elke foi modelo e amiga de Zuzu.
Divulgação |
Daniel de Oliveira e Leandra Leal encarnam estereótipo do jovem militante de esquerda |
Os looks, confeccionados pela figurinista Kika Lopes, contam a carreira da estilista em duas fases. No início suas peças são alegres com estamparia de pássaros e plantas brasileiras. Quando o filho é assassinado, sua arte se volta para tons escuros: o menino que hasteia uma pipa preta, o sol atrás das grades, o tanque de guerra. Patrícia Pillar chegou a usar acessórios (anéis, óculos, relógio) que pertenciam à própria Zuzu.
Caso queira descobrir mais sobre a vida da estilista, o espectador pode folhear o livro "Eu, Zuzu Angel, Procuro Meu Filho" de Virginia Valli, no qual Rezende se baseou. Não se propondo a dar conta da vida de Zuzu, a produção de R$ 5 milhões está mais para um breve desfile de referências desgastadas.
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