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01/09/2006
-
10h03
RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
Nos dias seguintes aos atentados de 11 de Setembro de 2001, muitos cinéfilos se perguntavam: quanto tempo vai demorar para Hollywood comercializar essa tragédia e levá-la às telas?
No calor do ataque, os argumentos contra a glamourização cinematográfica do terror pareciam ser óbvio bom senso: Imagine, impossível, eles não terão coragem! Os norte-americanos nunca aceitarão! É uma ferida ainda aberta e recente! Quem se arriscar a filmar isso vai ser apedrejado!
Pois bem, a resposta é "cinco anos". Cinco anos foi o período de quarentena que Hollywood deu à memória das quase 3.000 vítimas dos ataques e de seus familiares. Lançado em abril nos EUA, e em maio no Reino Unido, chega nesta sexta-feira ao Brasil "Vôo 93" (United 93), do diretor Paul Greengrass. No final de setembro será a vez de "As Torres Gêmeas", de Oliver Stone.
"Vôo 93" conta a história do único dos aviões tomados por terroristas em 2001 que não atingiu seu objetivo --se espatifar contra a Casa Branca ou outro prédio federal em Washington. Devido a um prosaico atraso de 40 minutos na decolagem, os passageiros da United ficaram sabendo durante a viagem que o país estava sob ataque na manhã daquele ensolarado dia de setembro.
Por meio de celulares e telefones instalados nas próprias poltronas, sob a mira de facas e diante de um suposto homem-bomba, cidadãos comuns enfrentaram o medo da morte, avançaram contra os terroristas e se transformaram em mártires no melhor e único sentido dessa palavra, tão desgastada hoje pelo fundamentalismo.
Cinema em tempo real
O grande apelo de "Vôo 93" é o fato de usar o tempo real dos atentados de 11/9. O espectador tem assim a chance de acompanhar minuto a minuto tudo o que ocorreu no fatídico dia: o momento em que ocorre o primeiro seqüestro de avião, o primeiro impacto contra o WTC, o segundo, o pânico que se espalha pelo departamento de controle aéreo dos EUA, a paralisação dos militares --que só tinham a CNN como fonte de informação--, e finalmente a arriscadíssima decisão de pousar milhares de aviões pelos EUA, quando ficou comprovado que se tratava, sim, de uma onda de terror. Está tudo ali, como se fosse um documentário.
Outro fato relevante é que a maioria dos atores de "Vôo 93" é desconhecida do grande público. Ótima estratégia, que faz com que a atenção não se fixe em nenhum personagem. Como se todos fossem principais. Como se não existissem coadjuvantes.
Deveria ser um filme sem surpresas, porque todos sabem o final da história. Também poderia ser uma obra piegas, dado o exagerado temperamento patriótico que permeia o cinema norte-americano.
Mas não é. O diretor e roteirista Greengrass passa ao largo não só da pieguice, mas da ausência de surpresas ou de informações factuais. Afinal, ninguém sabe de fato o que ocorreu naquela cabine, ninguém sobreviveu para contar a história e os registros da caixa-preta pouco podem acrescentar. O quebra-cabeça acaba sendo montado pelos parentes das vítimas que receberam ligações emocionadas daqueles que estavam no vôo, e cientes da morte iminente.
E assim temos um filme surpreendente, inteligente, muitíssimo bem-feito e que mantém o público em suspense até a última e previsível cena. E que cena fantástica.
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"Vôo 93" conta tragédia de 11/9 como um quase documentário
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Editor-chefe da Folha Online
Nos dias seguintes aos atentados de 11 de Setembro de 2001, muitos cinéfilos se perguntavam: quanto tempo vai demorar para Hollywood comercializar essa tragédia e levá-la às telas?
Divulgação |
"Vôo 93" é a primeira produção de Hollywood sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 |
Pois bem, a resposta é "cinco anos". Cinco anos foi o período de quarentena que Hollywood deu à memória das quase 3.000 vítimas dos ataques e de seus familiares. Lançado em abril nos EUA, e em maio no Reino Unido, chega nesta sexta-feira ao Brasil "Vôo 93" (United 93), do diretor Paul Greengrass. No final de setembro será a vez de "As Torres Gêmeas", de Oliver Stone.
"Vôo 93" conta a história do único dos aviões tomados por terroristas em 2001 que não atingiu seu objetivo --se espatifar contra a Casa Branca ou outro prédio federal em Washington. Devido a um prosaico atraso de 40 minutos na decolagem, os passageiros da United ficaram sabendo durante a viagem que o país estava sob ataque na manhã daquele ensolarado dia de setembro.
Divulgação |
Passageiros da United ficaram sabendo durante a viagem que o país estava sob ataque |
Cinema em tempo real
O grande apelo de "Vôo 93" é o fato de usar o tempo real dos atentados de 11/9. O espectador tem assim a chance de acompanhar minuto a minuto tudo o que ocorreu no fatídico dia: o momento em que ocorre o primeiro seqüestro de avião, o primeiro impacto contra o WTC, o segundo, o pânico que se espalha pelo departamento de controle aéreo dos EUA, a paralisação dos militares --que só tinham a CNN como fonte de informação--, e finalmente a arriscadíssima decisão de pousar milhares de aviões pelos EUA, quando ficou comprovado que se tratava, sim, de uma onda de terror. Está tudo ali, como se fosse um documentário.
Divulgação |
grande apelo de "Vôo 93" é o fato de usar o tempo real dos atentados de 11/9 |
Deveria ser um filme sem surpresas, porque todos sabem o final da história. Também poderia ser uma obra piegas, dado o exagerado temperamento patriótico que permeia o cinema norte-americano.
Mas não é. O diretor e roteirista Greengrass passa ao largo não só da pieguice, mas da ausência de surpresas ou de informações factuais. Afinal, ninguém sabe de fato o que ocorreu naquela cabine, ninguém sobreviveu para contar a história e os registros da caixa-preta pouco podem acrescentar. O quebra-cabeça acaba sendo montado pelos parentes das vítimas que receberam ligações emocionadas daqueles que estavam no vôo, e cientes da morte iminente.
E assim temos um filme surpreendente, inteligente, muitíssimo bem-feito e que mantém o público em suspense até a última e previsível cena. E que cena fantástica.
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