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10/09/2006 - 10h20

Campeão de aeróbica da Islândia produz programa infantil

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Super-homem de onde?! É na longínqua e gelada Islândia, terra da famosa cantora pop Björk, que um campeão de aeróbica de 42 anos produz, dirige e protagoniza um dos mais caros e bem-sucedidos programas infantis da atualidade.

Sob o comando absoluto de Magnus Scheving, a série "Lazy Town" é atualmente transmitida a 103 países, com uma audiência potencial de meio milhão de domicílios. No Brasil, é veiculada pelo canal pago Discovery Kids.

As gravações são realizadas em um estúdio de 5.000 m2 em Gardabaer, próxima à capital da Islândia, um país com cerca de 300 mil habitantes (aproximadamente a população de Jundiaí, na Grande SP). A produção usa tecnologia digital de ponta e envolve investimento milionário e inimaginável no mercado brasileiro.

Cada episódio custa entre o equivalente a R$ 2,8 milhões e R$ 3,73 milhões. O orçamento de apenas dois deles já seria suficiente para produzir um longa-metragem infantil dos mais caros no Brasil --leia-se os que levam as grifes de Didi e Xuxa. Outra comparação: cada capítulo do "Cocoricó" (TV Cultura), uma das raras produções infantis atuais no país, custa R$ 45 mil --ou seja, um "Lazy Town" pagaria 83 "Cocoricós".

O sucesso de "Lazy Town" --mistura de animação, fantoches e atores-- tem duas explicações básicas: a alta qualidade técnica dos episódios e o conteúdo focado no combate à obesidade e ao sedentarismo infantis, problemas considerados graves inclusive no Brasil.

Sportacus, o herói interpretado por Scheving, é um atleta que corre, dá cambalhotas, piruetas e saltos acrobáticos. Seu segredo: alimentação saudável e prática de exercícios. Ele combate o vilão Robbin Rotten, que passa o dia em um sofá e incentiva as crianças a ser preguiçosas e a comer apenas doces e muita porcariada.

Celebridade

Scheving já era uma celebridade islandesa quando tudo começou. Bicampeão europeu de aeróbica e medalha de prata no Campeonato Mundial, ele atuava ainda como comediante, produtor e diretor de programas de saúde infantil. Passou a dar palestras em escolas e visitou mais de 50 países para discursar a pais, crianças e professores sobre a importância da alimentação e atividade física.

Escreveu livros que se tornaram best-sellers e batizou todo o projeto com o nome de Lazy Town. Há quatro anos, estreou a série de televisão, que em menos de um ano já havia sido vendida a mais de 80 países, inclusive os Estados Unidos.

Até hoje, foram produzidos apenas 35 episódios, já que a trabalhosa produção de cada um leva mais de dez semanas.

Os roteiros também passam pelo crivo de Scheving. "Nós queremos ação sem violência. Testamos mais de 150 escritores e ninguém pôde fazer esse trabalho. No fim, o problema é que a maioria dos escritores nunca praticou esportes", diagnosticou Scheving, em entrevista à Folha, por telefone.

Ele contou que está finalizando a segunda safra, com 18 novas histórias. No Brasil, entrarão no ar até o fim do próximo ano. Ele revelou ainda que iniciará uma turnê de espetáculos ao vivo e que o próximo desafio é iniciar o projeto de um longa-metragem.

Entre novembro e fevereiro próximos, virá ao Brasil (onde já esteve há sete anos para dar aulas de ginástica), mas não para shows, já que não fala português e teria dificuldades em se comunicar com as crianças. Diz que terá encontros com possíveis parceiros na área de música. "Os brasileiros gostam de música e de se movimentar, e "Lazy Town" realmente combina com essa cultura."

Pai de três filhos (sete, dez e 15 anos), Scheving diz que "Lazy Town" tem como objetivo suprir a demanda de pais que ele observou nos mais de 3.800 debates dos quais participou em diversos países. "O que todos querem é que seus filhos sejam educados, comam comidas saudáveis, não fiquem muito tempo em frente à TV e ao computador, aprendam a dividir suas coisas, não machucar outras crianças e não mentir."

Scheving, que já apresentou um popular "talk show" na TV islandesa, conta que já recebeu a visita de Björk nos estúdios de "Lazy Town". Ele ri quando a Folha pergunta qual dos dois é o islandês mais famoso no mundo: "Há mais pessoas que conhecem Sportacus do que Björk. Não me reconhecem quando estou sem o bigode do herói, então diria que ela é mais famosa do que eu. Mas é menos do que Sportacus", garante.

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