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20/09/2006 - 15h37

"Urubus" evita sertão caricato, afirma ator

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SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

"Cinema, Aspirinas e Urubus" deu visibilidade ao talento do ator baiano João Miguel, 36, que vive o sertanejo Ranulpho. Na Mostra BR do ano passado, ele ganhou o prêmio de melhor ator, escolhido pelo júri internacional.

Antes do filme, Miguel passou quatro anos e meio protagonizando o espetáculo "Bispo" sobre o artista Arthur Bispo do Rosário. O cineasta Marcelo Gomes viu a atuação do ator na peça e o convidou para um teste.

Divulgação
João Miguel vive Ranulpho, síntese do humor sertanejo
João Miguel vive Ranulpho, síntese do humor sertanejo
Foram sete semanas de filmagens de "Urubus". Miguel, que hoje mora em São Paulo, fez também a série "Carandiru-Outras Histórias", dirigido por Hector Babenco e exibido pela Rede Globo. Ele também trabalhou em "Rifa-me", um curta dirigido por Karim Aïnouz ("Madame Satã").

Seu atual projeto é o filme "Deserto Feliz", do cineasta paraibano Paulo Caldas ("Baile Perfumado" e "O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas"), cujo roteiro tem a participação do diretor de "Urubus".

Leia trechos da entrevista que o ator concedeu à Folha Online.

Folha Online - Alguns críticos consideram esgotada essa estética de abordar a miséria do Nordeste, temas áridos. O que você acha disso?

João Miguel-Acho que existem maneiras e maneiras de se fazer. Isto é bom: ter a diversidade, ter maneiras de contar a história --cada um vai contar a sua. Tenho orgulho de fazer um filme que não traz um sertão caricato, que não traz um sertão cartão-postal. É vivido no sertão, mas conta a história de encontro de dois homens.

Folha- O que significou para sua carreira receber o prêmio de melhor ator da Mostra BR?

João Miguel- É um estímulo maravilhoso o reconhecimento do filme. Foi um trabalho de equipe danado. Isso deixa a gente com o pé no chão. É muito bom tudo isso, me estimula a continuar fazendo bons projetos. No contexto atual do cinema brasileiro, surgem cineastas autorais que se arriscam, querem contar histórias a partir da ótica deles, e o ator é co-autor nesse projeto. É muito interessante, você não está só, isolado.

Folha- Já recebeu algum convite para trabalhar na TV

João Miguel- Por enquanto, vou brincar de aprender a fazer cinema. Não tenho o pensamento de "só faço isso e não faço aquilo". O importante é ter bons projetos. Mas não recebi nada objetivo para TV.

Folha- O que você acha dessa geração de atores que migram do cinema para a TV? Antes, o caminho era inverso: o artista fazia sucesso na TV e depois fazia um filme.

João Miguel- A TV é um veículo muito importante. Recentemente fiz "Carandiru-Outras Histórias" com o Babenco dirigindo. Foi muito legal.

Folha- Você se inspirou em alguém para compor o Ranulpho?

João Miguel- Alguns amigos que já passaram. Tenho muitos amigos paraibanos. Sou urbano, nasci e fui criado na beira da praia de Salvador, mas eu já havia ido ao sertão, entendo essa lógica.

Folha- Qual sua seqüência preferida no filme?

João Miguel- Adoro a cena da bebedeira dos dois [Ranulpho e o alemão Johann], em que eles brincam de guerra. Foi a mais difícil para mim. Também gosto muito do resultado da cena dos três no caminhão, logo no início, com a personagem Jovelina, vivida pela atriz maravilhosa Hermila Guedes. Gosto daquela dança de rostos.

Folha- O filme recebeu um prêmio em Cannes. Agora, ganhou a Mostra BR, e você levou o prêmio de melhor ator. Esperava essa repercussão toda?

João Miguel- Não. Nem existia esse prêmio de melhor ator. Parece que inventaram em uma mostra passada, quando o Lázaro (ator Lázaro Ramos, protagonista de "Madame Satã") ganhou. Sem dúvida, é uma resposta ao nosso trabalho que dá muita força.

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