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22/09/2006 - 08h51

Preto velho comanda "Cafundó", estréia de Paulo Betti na direção

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MARY PERSIA
da Folha Online

As primeiras imagens de "Cafundó" não deixam dúvidas. Neste filme que marca a estréia de Paulo Betti e Clovis Bueno na direção cinematográfica, impera a cabeça de João de Camargo, descendente de escravos de Sorocaba (interior de SP) hoje evocado como preto velho. Sob a ótica dele boa parte da história é contada, em momentos de subjetividade delirante.

Divulgação
Flávio Bauraqui (esq.) interpreta Exu; Lázaro Ramos (dir.) vive o religioso João de Camargo
Flávio Bauraqui (esq.) interpreta Exu; Lázaro Ramos (dir.) vive o religioso João de Camargo
"Cafundó" foca a vida e o legado de Camargo para abordar o sincretismo religioso característico do Brasil. A interpretação do papel principal coube a Lázaro Ramos, sempre brilhante (atualmente viajando pela comédia na novela das sete da Globo, "Cobras & Lagartos"). O trabalho lhe rendeu o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado do ano passado, que deu ainda ao filme os prêmios de melhor direção de arte (Vera Hamburger) e fotografia (José Roberto Eliezer), merecidamente, além do prêmio especial do júri.

Projeto pessoal de Betti, que levou 12 anos para realizá-lo, o longa-metragem mostra como um homem fundou sozinho uma igreja da qual foi "sacerdote e papa", segundo o diretor. Como legado, deixou uma religião que mescla "espiritismo, da religião ancestral africana e do catolicismo".

Divulgação
Leona Cavalli vive mulher com quem João de Camargo foi casado antes de fundar igreja
Leona Cavalli vive mulher com quem João de Camargo foi casado antes de fundar igreja
"Ele virou uma estátua de barro, dessas que você encontra em lojas de umbanda", citou Betti, na ocasião da primeira exibição oficial do longa (em julho do ano passado, no 7º Festival Internacional de Cinema de Brasília). O personagem também ganhou um livro, "João de Camargo de Sorocaba - O Nascimento de uma Religião", de Carlos Campos e Adolfo Frioli (ed. Senac).

Lázaro, "baiano" de religião (candomblé e algo mais, segundo ele), abraçou o projeto seis anos atrás, menos pela identificação com o personagem do que para que essa não fosse mais uma história brasileira a ser esquecida. "O sincretismo não é exatamente algo que admiro. Foi uma arma que nós negros usamos no passado para cultuar nossos verdadeiros deuses. Mas o lado positivo foi o desejo dele de aceitar tudo, do valor da diversidade, do aceitar a fé do outro", disse o ator em entrevista à Folha Online.

Ainda que derrape no roteiro, "Cafundó" cumpre a missão de contar essa história de aceitação --até mesmo do desconhecido. E, ao contar uma história de "submundo", chega, de alguma forma, a se aproximar de "Madame Satã", de Karim Ainouz, outra atuação que rendeu prêmios a Lázaro.

No elenco, estão também Leandro Firmino, Flávio Bauraqui, Leona Cavalli, Francisco Cuoco e Luis Mello.

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