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02/10/2006 - 09h02

Estudantes de Minas "atacam" o domínio do inglês na música

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LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

Na acepção histórica, os bárbaros são os povos iletrados em latim que contribuíram para a queda do Império Romano, séculos atrás. Pois quatro universitários querem "atualizar" esse conceito: para Hidson Guimarães, 22, Thiago Vetromille, 21, Tiago Dias, 22, e Igor Oliveira, 25, os visigodos, hunos e lombardos da vez são os cantores e bandas de latitudes como a América Latina, o Leste Europeu e o Oriente Médio, numa cruzada contra o domínio do inglês nas rádios, TVs e iPods do mundo.

Idealizadores desse "chamado às armas", os estudantes da UFMG atualmente batalham em duas frentes, dividindo-se entre um programa de rádio (que pode ser ouvido de seg. a sex., às 15h15 e à 0h30, no site www.ufmg.br/online/radio) e um quadro em uma agenda cultural eletrônica local. Outra trincheira será aberta nos próximos dias, com o lançamento do blog Invasões Bárbaras (www.invasoresbarbaros.blogspot.com). O próximo alvo são casas noturnas: o quarteto prepara "playlists" para pôr em rotação os pick-ups dos itinerantes DJs Bárbaros.

O projeto de garimpagem de sonoridades em língua que não a inglesa começou com a idéia de Vetromille de fazer um programa radiofônico sobre a música japonesa. Na mesma época (início de 2005), Guimarães e Dias esboçavam uma atração com molde parecido. O trio se juntou, convocou Oliveira e transformou a varredura musical do globo em projeto de conclusão do curso de comunicação social. "O suporte teórico é o estudo de cultura e representação, a discussão de conceitos como mundialização cultural", explica Oliveira.

No rádio e na TV, músicas e clipes são precedidos por pílulas que pincelam os ambientes social, político e econômico do país de origem das composições. Cada nação tem sua variedade rítmica exibida na vitrine musical por uma semana (cinco programas).

Arsenal múltiplo

Para garantir que o panorama traçado seja fiel ao que se ouve na localidade escolhida, o "arsenal" do quarteto é diversificado. "Acionamos intercambistas brasileiros no exterior e acessamos salas de bate-papo para buscar a opinião dos nativos", lista Dias. "Outro recurso é entrar em sites de rádios online que têm 'pop charts' (listas de músicas mais pedidas)", completa Vetromille.

Contribui para o trabalho o fato de Guimarães moderar uma comunidade virtual de discussão de idiomas, o que abre canais em vários países. Mas o tiro às vezes sai pela culatra. "Quando pesquisei a música da Polônia, falei do discopolo, e eles [interlocutores poloneses] ficaram ofendidos. É um ritmo brega", lembra.

Na etapa de "prospecção", o mapa-múndi é assim dividido: Guimarães cava preciosidades européias e Vetromille monitora a Ásia, enquanto Oliveira e Dias se dedicam à América Latina. Sobrevôos pela África estão liberados a todos. O encarregado do país da semana apresenta ao grupo um "top 20", mais tarde reduzido à metade.

A caravana fez escalas em Lituânia, Uzbequistão, África do Sul, Coréia do Sul e Índia, entre outros. "Achamos a Barbra Streisand israelense, Sarit Haddad; e o Cansei de Ser Sexy mexicano, Daniella y su Sonido Lasser", diz Oliveira.

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