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06/10/2006 - 10h39

Daniel Filho faz mocinha da TV fumar maconha na telona

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

"O cinema é um grande divertimento." Na pré-estréia de "Muito Gelo e Dois Dedos D'Água", que chega às salas nesta sexta-feira, Daniel Filho ria para todos e de todos. Falava qualquer coisa a um monte de sites de fofoca que publicam qualquer coisa. Jogou o mesmo jogo com a Folha, quando a pergunta foi sobre sua expectativa de público: "Se fizer 20 mil, 30 mil espectadores, já está do cacete".

E riu, claro. Afinal, seu último longa-metragem, "Se Eu Fosse Você", foi visto por 3,6 milhões de pessoas e é até agora o único blockbuster do Brasil neste ano, concentrando 57% de toda a bilheteria nacional (números de agosto).

Com a estréia de "Muito Gelo e Dois Dedos D'Água", Daniel Filho deve brincar sozinho de colecionar recordes. O lançamento agora é mais modesto do que o de "Se Eu Fosse Você" (120 cópias contra 200 do anterior). Mas o novo longa-metragem tem também todos os ingredientes de sucesso.

O diretor novamente usa elenco "televisivo", apesar de estar mais distante da "estética da TV" (cuja "invasão" no cinema brasileiro foi criticada por Walter Salles no Festival do Rio) do que em "Se eu Fosse Você". A comédia lançada em janeiro, com Glória Pires e Tony Ramos (mocinhos da novela das oito na época), poderia perfeitamente ser transformada em especial de fim de ano da Globo. "Muito Gelo..." não.

Até porque uma de suas estrelas, Paloma Duarte, é mocinha de novela, sim, mas da Record ("Cidadão Brasileiro").

"Muito Gelo..." é cinema, e cinema com maconha, muita maconha (censura 14 anos). De heroína sem sal na novela "Cobras & Lagartos", Mariana Ximenez, no filme, bebe e fuma todas e diz coisas como "Eu é que não enfio meu dedo na xoxota da velha". O roteiro tem a ironia típica de Fernanda Young e Alexandre Machado, já assimilada pelo público (em TV e cinema) com "Os Normais".

A história é basicamente a seguinte: duas irmãs (Mariana Ximenez e Paloma Duarte) seqüestram a avó (Laura Cardoso) e a levam a um fim de semana na casa de praia para se vingar das "torturas" a que eram submetidas na infância.

Um advogado careta (Ângelo Paes Leme) pega carona com as malucas e acaba envolvido no plano. Paralelamente, o marido da personagem de Paloma (Thiago Lacerda) sai à caça das duas e termina se encrencando com um policial (Aílton Graça).

É claro que Laura Cardoso é o melhor do filme. Dopada pelas netas, faz cara de doidona, repete sem parar "Médici, um belo homem" e canta "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo".

Paloma, Ximenez e Paes Leme fazem a festa com drogas e bebida enquanto torturam a avó. Há maldades mais "leves", como deixá-la torrando ao sol com o bronzeador Rayto del Sol até mais pesadas: uma depilação de virilha com cera quente e um "exame de toque para testar a virgindade".

O humor negro deixa o riso correr solto, mas o casal de roteiristas é eficiente também no objetivo de cutucar feridas e trazer à tona fantasmas do passado. Quem não tem na família um algoz da infância que mereça ser cruelmente torturado?

O thriller perde um pouco o ritmo no final, especialmente quando Daniel Filho não nega seu sangue televisivo ao forçar um momento de amor sob o luar entre Ximenez e Paes Leme. A atriz, que se esforça honestamente para desencarnar das mocinhas, nessa hora umedece os olhos à la Bel, sua personagem na novela das sete.

Mas Daniel Filho merece perdão. Colocou na trilha do filme refrões inesquecíveis dos anos 80: "Pegar carona nessa cauda de cometa..." e "Como uma deusa, você me mantém..."

Especial
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