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20/10/2006
-
18h06
SÍLVIA YOSHIDA
da Folha Online
Ao contrário do que o título pode sugerir, "Punks São Legais" ("The Punks Are Alright", no título original) não é um libelo a favor de garotos com cabelos moicanos nem uma compilação de shows de bandas de punk rock. Trata-se de uma jornada através de três países --Canadá, Brasil e Indonésia-- mostrando como a música pode influenciar e mudar a vida de pessoas comuns.
A idéia inicial da produção, conta o diretor canadense Douglas Crawford, 36, era fazer apenas um curta-metragem sobre uma veterana banda punk, mas quatro anos após começar o projeto, o diretor viu em suas mãos um documentário mais sobre crítica social do que sobre música.
"O que mostro no filme é mais importante do que a música, é maior do que isso. Apresento lados desses países que as pessoas não conhecem. Eu, por exemplo, nunca ia imaginar que havia fãs de punk rock na Indonésia", diz Crawford.
A aventura começou em 2002, quando cansado de trabalhar como editor de filmes e querendo iniciar carreira como diretor, ele resolveu seguir pelo Canadá os Forgotten Rebels, um conhecido grupo punk na ativa desde 1977.
Durante as filmagens, o diretor colocou uma mensagem no site da banda recrutando fãs do mundo todo que quisessem aparecer no filme e dar sua opinião sobre os ídolos. Recebeu, então, um e-mail de uma banda brasileira que se dizia admiradora dos punks canadenses.
Crawford achou aquilo interessante e veio ao Brasil conversar com eles. Conheceu assim os Blind Pigs (agora Porcos Cegos), uma das mais conhecidas bandas do cenário punk paulista. "Passamos alguns dias juntos, falando de música, e descobri que o vocalista (Henrike) dava aulas de inglês para crianças pobres de uma favela. O filme então começou a ganhar outra dimensão, e abordar esse lado mais social", relembra.
No último dia de entrevista com o Blind Pigs, os integrantes comentaram, despretensiosamente, que tinham recebido um e-mail de um fã indonésio. A curiosidade de Crawford se aguçou na hora. "Eles me disseram isso no último instante, no fim de uma entrevista de 10 minutos. Fiquei louco, precisava voar para a Indonésia e ver aquilo com meus próprios olhos", diz.
No país, ele conheceu Dolly, um jovem de 22 anos que ganhava apenas US$ 3 por dia trabalhando numa fábrica. "Quando cheguei na Indonésia, fiquei chocado. É um país difícil, muito pobre. Dolly me contou que tinha uma vida complicada e desiludida e ouvir punk rock era sua única maneira de lutar contra o mundo corrupto no qual vive."
Com tantas histórias em mãos, Crawford transformou o curta-metragem em documentário e tirou a música do primeiro plano, dando destaque à crítica social e ao poder que as letras contundentes do punk rock podem ter.
"Acredito que o punk rock pode mudar o mundo. Não é só a música, é toda uma mentalidade. Se você acreditar e subverter as regras, pode criar sua própria realidade", afirma o diretor. "Se não conseguir fazer as pessoas pensarem nisso com meu filme, pelo menos consegui mostrar um novo mundo para elas. No Canadá, por exemplo, não se pensa sobre o Brasil ou a Indonésia. Agora isso pode ser diferente."
O filme do diretor canadense tem sessão na Mostra nesta sexta, à meia-noite, no Espaço Unibanco 3, e também será exibido neste sábado (21) e no próximo dia 31.
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da Folha Online
Ao contrário do que o título pode sugerir, "Punks São Legais" ("The Punks Are Alright", no título original) não é um libelo a favor de garotos com cabelos moicanos nem uma compilação de shows de bandas de punk rock. Trata-se de uma jornada através de três países --Canadá, Brasil e Indonésia-- mostrando como a música pode influenciar e mudar a vida de pessoas comuns.
A idéia inicial da produção, conta o diretor canadense Douglas Crawford, 36, era fazer apenas um curta-metragem sobre uma veterana banda punk, mas quatro anos após começar o projeto, o diretor viu em suas mãos um documentário mais sobre crítica social do que sobre música.
"O que mostro no filme é mais importante do que a música, é maior do que isso. Apresento lados desses países que as pessoas não conhecem. Eu, por exemplo, nunca ia imaginar que havia fãs de punk rock na Indonésia", diz Crawford.
Divulgação |
Idéia inicial do diretor canadense Douglas Crawford, 36, era produzir um curta-metragem |
Durante as filmagens, o diretor colocou uma mensagem no site da banda recrutando fãs do mundo todo que quisessem aparecer no filme e dar sua opinião sobre os ídolos. Recebeu, então, um e-mail de uma banda brasileira que se dizia admiradora dos punks canadenses.
Crawford achou aquilo interessante e veio ao Brasil conversar com eles. Conheceu assim os Blind Pigs (agora Porcos Cegos), uma das mais conhecidas bandas do cenário punk paulista. "Passamos alguns dias juntos, falando de música, e descobri que o vocalista (Henrike) dava aulas de inglês para crianças pobres de uma favela. O filme então começou a ganhar outra dimensão, e abordar esse lado mais social", relembra.
No último dia de entrevista com o Blind Pigs, os integrantes comentaram, despretensiosamente, que tinham recebido um e-mail de um fã indonésio. A curiosidade de Crawford se aguçou na hora. "Eles me disseram isso no último instante, no fim de uma entrevista de 10 minutos. Fiquei louco, precisava voar para a Indonésia e ver aquilo com meus próprios olhos", diz.
No país, ele conheceu Dolly, um jovem de 22 anos que ganhava apenas US$ 3 por dia trabalhando numa fábrica. "Quando cheguei na Indonésia, fiquei chocado. É um país difícil, muito pobre. Dolly me contou que tinha uma vida complicada e desiludida e ouvir punk rock era sua única maneira de lutar contra o mundo corrupto no qual vive."
Com tantas histórias em mãos, Crawford transformou o curta-metragem em documentário e tirou a música do primeiro plano, dando destaque à crítica social e ao poder que as letras contundentes do punk rock podem ter.
"Acredito que o punk rock pode mudar o mundo. Não é só a música, é toda uma mentalidade. Se você acreditar e subverter as regras, pode criar sua própria realidade", afirma o diretor. "Se não conseguir fazer as pessoas pensarem nisso com meu filme, pelo menos consegui mostrar um novo mundo para elas. No Canadá, por exemplo, não se pensa sobre o Brasil ou a Indonésia. Agora isso pode ser diferente."
O filme do diretor canadense tem sessão na Mostra nesta sexta, à meia-noite, no Espaço Unibanco 3, e também será exibido neste sábado (21) e no próximo dia 31.
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