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27/10/2006 - 11h31

Arnaldo Jabor exibe hoje sua versão definitiva de "Tudo Bem"

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EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

Arnaldo Jabor avisa: pode jogar fora sua cópia de "Tudo Bem", longa que o diretor lançou em 1978. Nos últimos dois meses Jabor trabalhou na remasterização do filme, que passa hoje à noite na Mostra Internacional de São Paulo, com a presença do cineasta.

"O filme foi rodado em seis semanas, há exatamente 30 anos, por isso a Mostra, que também tem 30 anos, colocou na programação. Foi o melhor roteiro que escrevi, com o Leopoldo Serran. Mas eu não tinha um tostão na época, e o resultado não ficou à altura do roteiro e do elenco maravilhoso", conta Jabor.

"Sempre tive bronca do filme, apesar de ele ter sido bem recebido pela crítica. Agora pude mexer no som, na imagem e até na mise-en-scène, fazendo novos enquadramentos. Pude partir de planos gerais e aproximar, fazer travelings etc. Passei 30 anos puto da vida, mas agora estou feliz."

Retrato do Brasil

Vencedor dos troféus Candango de melhor filme e melhor ator coadjuvante (Paulo César Peréio) no Festival de Brasília de 1978, "Tudo Bem" acompanha as reviravoltas na vida de uma família da classe média carioca, que resolve reformar seu apartamento em Copacabana e fica "cercada de Brasil por todos os lados", como definiu o próprio Jabor.

No apartamento em reforma convivem o casal (Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo), seus filhos (Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães), as empregadas (Zezé Mota e Maria Sílvia), além dos pedreiros vividos por Stênio Garcia e José Dumont, entre outros.

O filme é considerado pela crítica tributário tanto do cinema novo, por conta da crítica social e política, quanto da obra de Nelson Rodrigues, que Jabor já havia adaptado em dois filmes, pela sátira moral.

""Tudo Bem" é quase uma paródia do que seria um filme político sobre o Brasil, numa mistura de realidade e alucinação. Foi uma tentativa de fazer uma síntese do país dentro de um apartamento de Copacabana, em que convivem uma família de classe média, um mendigo, operários, um rico etc." Sobre o filme, Glauber Rocha disse que "a Senzala invade a Casa Grande sob os olhos agitados da Varanda" e que se tratava de um filme "revolucionário na sua crueldade e justiça". Cacá Diegues escreveu que desde "Terra em Transe" não via "no cinema brasileiro um resumo tão completo do que somos.

Quem sabe até de para onde vamos". Jabor parece concordar com Diegues: "Há várias coisas que prefiguram o nacionalismo de hoje em dia, como o personagem do Gracindo, cheio de ideais; ou a globalização, através do americano vivido por Peréio, que vai vender satélites no Brasil. E a loucura da classe média diante de país que não entende, que se conflagra com chegada dos miseráveis à casa."

Relançamento

A nova cópia de "Tudo Bem" vai ser lançada em DVD em novembro, pela Versátil, numa caixa com os outros oito longas de Jabor, inclusive "Amor à Primeira Vista", que ele rodou na Europa, e que nunca foi exibido comercialmente no Brasil. Jabor avalia também relançar "Tudo Bem" no cinema.

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